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Um mundo rentável mas não produtivo
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Um mundo rentável mas não produtivo
A enorme volatilidade dos mercados tem posto em evidência a inconsistência da aparente melhoria económica com que os governantes dos países que preparam eleições pretendiam dar por encerrada a crise.
Parecia que as rentabilidades acumuladas durante os primeiros meses do ano eram um sintoma de que as coisas estavam a melhorar. Mas a miragem evaporou-se à mesma velocidade com que o dinheiro que alavancava esse sentimento decidiu reorientar o seu destino.
À volta do mundo, nos diferentes mercados financeiros, flutua uma quantidade de dinheiro equivalente a mais de doze vezes o PIB de Portugal. Só os cofres dos países emergentes atesouram uma liquidez equivalente a quarenta vezes o PIB de Portugal. Esse dinheiro é utilizado principalmente para comprar empresas no estrangeiro ou investir em ativos financeiros em vez de ser aplicado no desenvolvimento dos seus países.
Mas o excesso de liquidez não é um problema geograficamente localizado. As cinquenta maiores empresas americanas dispõem de uma tesouraria equivalente a oito vezes o PIB de Portugal, que utilizam fundamentalmente para pagar dividendos, recomprar ações ou comprar outras empresas.
Para este capital, o mundo é rentável, mas não produtivo. O mundo está rico em dinheiro mas pobre em investimento.
O principal factor económico que subjaz nas descidas generalizadas dos mercados mundiais de ações é, na minha opinião, a sobrecapacidade das fábricas, sobretudo asiáticas, de produtos que o mundo está progressivamente a deixar de procurar. Perante a incerteza própria da mudança não só do ciclo económico, mas do modelo económico, fiscal e social, as apostas industriais em novas tecnologias e produtos vêem-se limitadas pelos sistemas de gestão das empresas e incentivos dos seus gestores, mais orientados à extrapolação do passado e ao curto prazo que à inovação e assunção de novos riscos.
Na maioria dos países, o nosso incluído, a produtividade do sistema económico não está realmente a melhorar. Não fizemos reformas efetivas para recriar um sistema económico que permita passar da rentabilidade do capital individual à produtividade de um modelo que permita aspirar a conter o crescimento da desigualdade.
A rentabilidade tem a ver com o passado, com o monopólio e com a propriedade individual. A produtividade tem a ver com o futuro, com a inovação e com a alocação eficaz dos recursos, públicos e privados. A produtividade está ligada ao desenvolvimento institucional dos países e a rentabilidade, frequentemente, à falta dele.
00:05 h
Xavier Rodríguez Martín
Económico
Parecia que as rentabilidades acumuladas durante os primeiros meses do ano eram um sintoma de que as coisas estavam a melhorar. Mas a miragem evaporou-se à mesma velocidade com que o dinheiro que alavancava esse sentimento decidiu reorientar o seu destino.
À volta do mundo, nos diferentes mercados financeiros, flutua uma quantidade de dinheiro equivalente a mais de doze vezes o PIB de Portugal. Só os cofres dos países emergentes atesouram uma liquidez equivalente a quarenta vezes o PIB de Portugal. Esse dinheiro é utilizado principalmente para comprar empresas no estrangeiro ou investir em ativos financeiros em vez de ser aplicado no desenvolvimento dos seus países.
Mas o excesso de liquidez não é um problema geograficamente localizado. As cinquenta maiores empresas americanas dispõem de uma tesouraria equivalente a oito vezes o PIB de Portugal, que utilizam fundamentalmente para pagar dividendos, recomprar ações ou comprar outras empresas.
Para este capital, o mundo é rentável, mas não produtivo. O mundo está rico em dinheiro mas pobre em investimento.
O principal factor económico que subjaz nas descidas generalizadas dos mercados mundiais de ações é, na minha opinião, a sobrecapacidade das fábricas, sobretudo asiáticas, de produtos que o mundo está progressivamente a deixar de procurar. Perante a incerteza própria da mudança não só do ciclo económico, mas do modelo económico, fiscal e social, as apostas industriais em novas tecnologias e produtos vêem-se limitadas pelos sistemas de gestão das empresas e incentivos dos seus gestores, mais orientados à extrapolação do passado e ao curto prazo que à inovação e assunção de novos riscos.
Na maioria dos países, o nosso incluído, a produtividade do sistema económico não está realmente a melhorar. Não fizemos reformas efetivas para recriar um sistema económico que permita passar da rentabilidade do capital individual à produtividade de um modelo que permita aspirar a conter o crescimento da desigualdade.
A rentabilidade tem a ver com o passado, com o monopólio e com a propriedade individual. A produtividade tem a ver com o futuro, com a inovação e com a alocação eficaz dos recursos, públicos e privados. A produtividade está ligada ao desenvolvimento institucional dos países e a rentabilidade, frequentemente, à falta dele.
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Xavier Rodríguez Martín
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