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Migrantes: “raiva” de uns, apreensão de outros e… oportunidade?
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Migrantes: “raiva” de uns, apreensão de outros e… oportunidade?
Os migrantes precisam de uma oportunidade para uma vida melhor
A imagem chocante da criança síria morta, de seu nome Aylan, cujo corpo deu à costa numa praia turca, provocou no decurso das últimas semanas, um pouco por todo o lado, inúmeras reações, artigos de opinião na imprensa escrita e milhões de comentários no facebook e redes sociais em geral, e marcou a agenda do debate político e mediático, no quadro europeu internacional, perante o drama de milhares de refugiados.
Li e ouvi muita “raiva” que, apesar de estarmos perante uma catástrofe humana, denuncia uma manifesta falta de solidariedade por parte de alguns países e povos europeus. Apesar de este ser, também, um problema europeu, os seus responsáveis políticos ainda não encontraram uma solução europeia. E registei os medos, as apreensões e temores de outros, como que a franzirem o sobrolho perante o acolhimento, temendo invasões incontroláveis, daqueles que fogem das guerras e devem merecem o nosso respeito.
Respeitando as diferentes visões, uso este espaço, para, sem preconceitos e falsos tabus, dar a minha opinião sobre esta matéria.
Todos sabemos que Portugal vive há mais de 4 anos uma situação difícil, onde o desemprego insiste em permanecer e a riqueza nacional “teima” em não crescer. Ainda há dias, numa conversa de café, foi-me feita a seguinte pergunta: Para quê “receber” novos problemas, quando em Portugal não conseguimos apoiar social e condignamente os mais desfavorecidos? Porquê receber mais gente quando o emprego para portugueses “teima” em não aparecer?
Pertinentes perguntas! A resposta pode, à primeira vista, ser difícil, mas lembrei que Portugal é, historicamente, um País com grande tradição de emigração e conhecido pela sua capacidade de acolher. Ao longo das últimas décadas milhares de “migrantes” de portugueses “fugiram” da austeridade e encontraram acolhimento noutras paragens. Dada a nossa vocação global, recordei que ao longo da nossa rica histórica, espalhamo-nos pelo mundo e, hoje, a nossa diáspora regista perto de cinco milhões de portugueses espalhados em todos os recantos do globo. Recordei que, na década de 70, cerca de meio milhão de “refugiados” portugueses tiveram de abandonar ex-colónias e, mesmo sob a suspeita, o medo e a crítica de muitas pessoas, foram acolhidos em Portugal.
Por outro lado, olhando para a nossa realidade próxima, frisei que cá na Madeira algumas das infra-estruturas rodoviárias e equipamentos públicos edificados na Nossa Terra nas últimas décadas tiveram a “mão” de muitas pessoas de países de leste que também tiveram de abandonar os seus países em busca de uma vida mais segura e melhor, aceitando, à época, e sejamos claros, trabalhos que muitos madeirenses se recusavam a realizar. Essas pessoas, embora não tivessem a nossa língua, professassem credos e religiões distintas das nossas e tivessem hábitos e tradições culturais próprios, foram capazes de se adaptar à nossa realidade e hoje são cidadãos ativos e perfeitamente integrados na nossa sociedade.
Por mais dificuldades e privações que passemos no dia-a-dia, temos responsabilidades morais e constitucionais (art.º 33 da CRP “Expulsão, extradição e direito de asilo”) que não podemos relegar. Não podemos ficar indiferentes aos riscos que os migrantes enfrentam, abraçando e protegendo os seus filhos da guerra, do frio e das marés, à procura de uma vida melhor.
Sejamos francos, não obstante respeitar as opiniões divergentes da minha e de compreender que, entre nós, a incerteza face ao futuro possa despertar nas pessoas sentimentos de medo e receio, não acredito, sinceramente, que se Portugal acolher 2000 ou 2500 refugiados, isso possa colocar em causa a estabilidade do País e a vida dos Portugueses. Pelo contrário. Se considerarmos que o país e a Europa estão a envelhecer progressiva e rapidamente, acolher os migrantes pode ser uma oportunidade. Para eles e para nós. Dada a tendência demográfica de envelhecimento da população europeia, haverá cada vez maior pressão sobre as reformas dos pensionistas e sobre a segurança social. Acolher gente nova nos nossos países, gente disposta a trabalhar, pode ser uma oportunidade para a Europa não só rejuvenescer a sua população mas também se reinventar.
Os migrantes precisam de uma oportunidade para uma vida melhor e para, muitos deles, escapar à morte. A Europa precisa de gente, Portugal precisa de gente. Ignorar o problema dos migrantes e deixá-los morrer à porta da Europa é hediondo e desumano.
Pedro Coelho Presidente da Câmara Municipal de Câmara Lobos
Diário de Notícias da Madeira
Domingo, 13 de Setembro de 2015
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