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Não quero a troika de novo
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Não quero a troika de novo
Já se fizeram todas as análises ao derby da semana passada. Quem marcou mais golos, quem jogou em contra-ataque, quem atacou em bloco. Foram já horas de análises, páginas de opiniões e jantares bem animados sobre o tema.
Os debates políticos fazem parte do sistema democrático. São parte integrante, como o são as campanhas, as sondagens e os comentários.
O debate foi o que foi e soube a pouco. Muito passado, pouco conteúdo, muitos palavrões técnicos e noções, que deixam o comum dos portugueses perdido entre números e passa culpas.
Muito Sócrates e muita troika. Os espectros habituais. Estão naturalmente associados. Pouco futuro e poucas ideias. Que país queremos daqui em diante? O que quer cada um dos dois candidatos a Primeiro-Ministro nos próximos quatro anos?
A ambição é um ingrediente essencial para o sucesso. Não a desmedida, não a ambição cega, mas a ambição doseada e bem planeada.
Uma coisa, porém, não podemos negar. Estes quatro anos foram duros, muito exigentes. Por isso ficamos a precisar de um outro debate. É que neste, que mais de três milhões e meio de pessoas assistiram, arrumou-se a questão do passado e das culpas. E aí por mais narrativa que exista, foi Sócrates, ou melhor, foi Teixeira dos Santos, que, por sua iniciativa, face à obstinação alheada da realidade, do então Primeiro-Ministro, chamou a troika. Podem colocar as fotos de Catroga, os leites com chocolate do PEC IV, mas a troika chegou a Portugal porque o país estava colocado na berlinda dos mercados da dívida pública, os compradores de dívida portuguesa tinham saído para parte incerta, sem vontade de regressar. E todos então sentimos e percebemos que o país tinha ido abaixo.
Isto é um facto indesmentível. Sem qualquer outra questão por detrás.
Mas e agora? Agora o que devemos pedir é ambição, mudança mas incremental, sem pseudo-revoluções ou experimentalismos. Não podemos cair no erro de passados quatro anos de sacrifícios, voltar aos desvios colossais nas contas públicas. Não é o caminho, como demonstra a travessia difícil, que todos nós fizemos nos últimos anos.
Os números e as estatísticas são o que são e não são perfeitos. Podemos destacar três factos muito importantes. O desemprego está agora na casa dos 12%. É alto? Claro que é. Cada um dos portugueses que está sem trabalho sofre e quer soluções. O desemprego já foi de 18%, a sua trajectória actual é descendente e tem de ser reforçada, todavia se uns prometem ou se comprometem, há quem já esteja a resolver os problemas.
Depois temos o crescimento económico. Leu bem. Crescimento. Parecia palavra esquecida para o debate político, mas é hoje realidade. É forte? Claro que não. Ainda não vamos nos níveis que deveríamos ter, como seriam os 3% que a Coligação e o PS desejam, todavia o caminho faz-se andando, desenganem-se os que pensam em soluções prontas a usar que, quase por magia, fazem jorrar crescimento económico e empregos. Aliás, um dos maiores elogios que o PS fez ao Governo foi o seu cenário macroeconómico. Nem em sonhos, tendo por base o país de que falam, seria possível aquele cenário.
Depois temos um dado muito importante. Um dado que não vou pôr em número, mas que merece muita reflexão. É a pobreza. E esta existiu e existe em Portugal. E esta pobreza agravou-se, no período do programa de ajustamento, mas assaquemos a culpa ao destinatário certo a um país que não se soube governar. E esta palavra não existiu no debate entre Passos Coelho e António Costa.
Eu, tal como todos os portugueses e portuguesas, quero que o resgate, do qual já saímos, seja o último, para tal como é evidente temos de crescer, para tal o investimento tem de ser robusto, mas não cabe ao Estado fazê-lo, temos de procurar estimular o investimento privado, é ele que cria postos de trabalho e que continua a alimentar os bons resultados das exportações, que se mantiveram pujantes neste anos da troika e parecem estar a resistir ao abrandamento angolano.
Todavia, não nos enganemos a nós próprios, o nosso sucesso futuro terá de assentar em dois pilares centrais: crescimento e boas contas. A Europa e as suas circunstâncias não mudaram o Tratado Orçamental não se vai evaporar com “leituras inteligentes”, temos de cumprir, não espartanamente, que já conseguimos algumas, folga, mas prudentemente.
Agora que respiramos de forma mais desafogada, não podemos deixar-nos embeiçar pelo primeiro vendedor de sonhos, precisamos de realismo, não de castelos de nuvens que desaparecem com leves brisas.
A campanha vai aquecer. É natural. As claques vão picar, o Verão e os cartazes já deram um cheirinho do que aí vem. Mas o debate que se quer caloroso, quer-se também elevado e esclarecedor. É que depois de 4 de Outubro há um país para Governar.
Da minha parte repito, espero bem que os senhores da troika não voltem a aterrar no aeroporto de Lisboa de malinha na mão. Que voltem apenas para visitar e acompanhar, não para ditar, este país tão belo e tão acolhedor. Já chega de regressos ao passado.
DIOGO AGOSTINHO
14.09.2015 7h00
Expresso
Os debates políticos fazem parte do sistema democrático. São parte integrante, como o são as campanhas, as sondagens e os comentários.
O debate foi o que foi e soube a pouco. Muito passado, pouco conteúdo, muitos palavrões técnicos e noções, que deixam o comum dos portugueses perdido entre números e passa culpas.
Muito Sócrates e muita troika. Os espectros habituais. Estão naturalmente associados. Pouco futuro e poucas ideias. Que país queremos daqui em diante? O que quer cada um dos dois candidatos a Primeiro-Ministro nos próximos quatro anos?
A ambição é um ingrediente essencial para o sucesso. Não a desmedida, não a ambição cega, mas a ambição doseada e bem planeada.
Uma coisa, porém, não podemos negar. Estes quatro anos foram duros, muito exigentes. Por isso ficamos a precisar de um outro debate. É que neste, que mais de três milhões e meio de pessoas assistiram, arrumou-se a questão do passado e das culpas. E aí por mais narrativa que exista, foi Sócrates, ou melhor, foi Teixeira dos Santos, que, por sua iniciativa, face à obstinação alheada da realidade, do então Primeiro-Ministro, chamou a troika. Podem colocar as fotos de Catroga, os leites com chocolate do PEC IV, mas a troika chegou a Portugal porque o país estava colocado na berlinda dos mercados da dívida pública, os compradores de dívida portuguesa tinham saído para parte incerta, sem vontade de regressar. E todos então sentimos e percebemos que o país tinha ido abaixo.
Isto é um facto indesmentível. Sem qualquer outra questão por detrás.
Mas e agora? Agora o que devemos pedir é ambição, mudança mas incremental, sem pseudo-revoluções ou experimentalismos. Não podemos cair no erro de passados quatro anos de sacrifícios, voltar aos desvios colossais nas contas públicas. Não é o caminho, como demonstra a travessia difícil, que todos nós fizemos nos últimos anos.
Os números e as estatísticas são o que são e não são perfeitos. Podemos destacar três factos muito importantes. O desemprego está agora na casa dos 12%. É alto? Claro que é. Cada um dos portugueses que está sem trabalho sofre e quer soluções. O desemprego já foi de 18%, a sua trajectória actual é descendente e tem de ser reforçada, todavia se uns prometem ou se comprometem, há quem já esteja a resolver os problemas.
Depois temos o crescimento económico. Leu bem. Crescimento. Parecia palavra esquecida para o debate político, mas é hoje realidade. É forte? Claro que não. Ainda não vamos nos níveis que deveríamos ter, como seriam os 3% que a Coligação e o PS desejam, todavia o caminho faz-se andando, desenganem-se os que pensam em soluções prontas a usar que, quase por magia, fazem jorrar crescimento económico e empregos. Aliás, um dos maiores elogios que o PS fez ao Governo foi o seu cenário macroeconómico. Nem em sonhos, tendo por base o país de que falam, seria possível aquele cenário.
Depois temos um dado muito importante. Um dado que não vou pôr em número, mas que merece muita reflexão. É a pobreza. E esta existiu e existe em Portugal. E esta pobreza agravou-se, no período do programa de ajustamento, mas assaquemos a culpa ao destinatário certo a um país que não se soube governar. E esta palavra não existiu no debate entre Passos Coelho e António Costa.
Eu, tal como todos os portugueses e portuguesas, quero que o resgate, do qual já saímos, seja o último, para tal como é evidente temos de crescer, para tal o investimento tem de ser robusto, mas não cabe ao Estado fazê-lo, temos de procurar estimular o investimento privado, é ele que cria postos de trabalho e que continua a alimentar os bons resultados das exportações, que se mantiveram pujantes neste anos da troika e parecem estar a resistir ao abrandamento angolano.
Todavia, não nos enganemos a nós próprios, o nosso sucesso futuro terá de assentar em dois pilares centrais: crescimento e boas contas. A Europa e as suas circunstâncias não mudaram o Tratado Orçamental não se vai evaporar com “leituras inteligentes”, temos de cumprir, não espartanamente, que já conseguimos algumas, folga, mas prudentemente.
Agora que respiramos de forma mais desafogada, não podemos deixar-nos embeiçar pelo primeiro vendedor de sonhos, precisamos de realismo, não de castelos de nuvens que desaparecem com leves brisas.
A campanha vai aquecer. É natural. As claques vão picar, o Verão e os cartazes já deram um cheirinho do que aí vem. Mas o debate que se quer caloroso, quer-se também elevado e esclarecedor. É que depois de 4 de Outubro há um país para Governar.
Da minha parte repito, espero bem que os senhores da troika não voltem a aterrar no aeroporto de Lisboa de malinha na mão. Que voltem apenas para visitar e acompanhar, não para ditar, este país tão belo e tão acolhedor. Já chega de regressos ao passado.
DIOGO AGOSTINHO
14.09.2015 7h00
Expresso
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