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Um contribuinte vai a eleições
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Um contribuinte vai a eleições
O ex-porta-voz do Conselho da Revolução, Rodrigo Sousa Castro, cabeça-de-lista em Lisboa pelo partido de Marinho Pinto, escreveu há dias no seu Facebook que o carro de campanha e a instalação sonora que o acompanha são pagas por si e não com o dinheiro dos contribuintes.
Coloquei nos comentários uma pergunta: “Mas, o Rodrigo não é contribuinte?”. O militar respondeu com vários pontos de interrogação, ao que tive de explicar que, se ele é contribuinte, então a campanha está a ser paga por um contribuinte.
Gosto do Rodrigo, pois chama “ladrões” aos políticos atuais, aqueles cuja revolução que ele fez em 1974 permitiu-lhes hoje a existência. O Rodrigo fez depois parte daqueles militares que governaram Portugal até 1982 – altura em que acabou o Conselho da Revolução e nasceu, em seu lugar, o Tribunal Constitucional. É um militar de Abril, mas deu-nos a Democracia do 25 de Novembro. Também era uma pessoa próxima do general Ramalho Eanes, que foi Presidente da República entre 1976 e 1986. Ora, durante os dez anos de Eanes em Belém tivemos um governo PS minoritário, um governo de incidência parlamentar PS/CDS, três governos de iniciativa presidencial, uma coligação PSD/CDS/PPM, o Bloco Central entre o PS e PSD e, por fim, o primeiro governo de Cavaco Silva, atual Presidente da República, que teve Eanes como primeiro nome da sua comissão de honra.
Agora, Rodrigo está no partido de Marinho Pinto e diz que faz campanha eleitoral sem dinheiro dos contribuintes. Está visto que ele não se considera um contribuinte. O que até faz algum sentido. Marinho Pinto, por exemplo, diz-se republicano, mas age como um rei absoluto na liderança – por isso é que se chama vulgarmente ao PDR “o partido de Marinho Pinto”. Diz-se ainda democrata, mas não sabe o que é a democracia. Senão, veja-se: foi eleito para o Parlamento Europeu com os votos do MPT, mudou depois de partido e afirma que não precisa de sair de Bruxelas pois ele é que elegeu o MPT e não o contrário. Logo, Marinho Pinto acha que um homem sozinho vale mais e pode estar acima de um conjunto de homens imbuídos do mesmo espírito de grupo, e que cumprem regras democráticas através de uma organização legal chamada de partido, que os legitima socialmente para poderem intervir na vida dos demais cidadãos.
Esse argumento já existiu em Portugal. Houve um homem que usou o argumento de Marinho Pinto entre 1932 e 1968.
Foram 36 anos com esse ditador. O que veio a seguir durou apenas seis anos até ser enviado para o Brasil. Rodrigo Sousa Castro e Marinho Pinto já tiveram mais anos de Democracia do que durou a governação do ditador. Contudo, ainda assim, parecem estar mais próximos das suas ideias, palavras e atitudes do que de Democracia que dizem defender.
Devo dizer que, tal como Rodrigo, sou candidato a deputado. Sou o segundo na lista pelo Porto no MPT, logo a seguir a Eurico Figueiredo, ex-PS que ajudou a fundar o PDR, mas que saiu quando percebeu que aquilo era um partido com vícios pouco democráticos. A diferença entre mim e o candidato de Lisboa do PDR é que tenho a consciência de que sou um contribuinte. Como tal, peço ao Estado que seja uma pessoa de bem. Não criminalizo o Estado, não critico o seu papel regulador, não o quero privar dos deveres e instrumentos legais e isso passa por garantir o funcionamento transparente da democracia e dos partidos. Ao contrário de Rodrigo, não cultivo a demagogia fácil e populista para tentar obter votos de pessoas desesperadas. Por isso, o mais provável é ele ser eleito e representar-se a si próprio.
Por outro lado, eu, que sou contribuinte, dificilmente poderei ir representar outros contribuintes.
Frederico Duarte Carvalho, jornalista e escritor
OJE.pt
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