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O melhor e o pior
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O melhor e o pior
Há dois meses, John Legend veio a Portugal e visitou a prisão de Santa Cruz do Bispo, em Matosinhos. A experiência foi uma agradável surpresa para os detidos, claro - não é todos os dias que ali vai uma estrela mundial dar-lhes música -, mas sobretudo para o cantor. Dizia ele que já visitara muitas cadeias americanas - só os Estados Unidos têm um quarto das pessoas encarceradas no mundo inteiro, apesar de a população ser apenas 5% do total mundial - e esta, portuguesa, tinha sido a melhor que tinha visto, mais humanizada, com boas condições, interessada em dar uma vida razoável aos que ali tinham de viver. E por tudo isto, continuava, os americanos tinham muito a aprender connosco - basta passar os olhos pelos programas filmados em cadeias dos Estados Unidos para entender o que causava o choque ao cantor. O que John Legend não viu foram as notícias desta semana, que davam conta da morte de uma mulher de 29 anos. Presa em Tires por roubo, estaria envolvida num grupo de traficantes e teria, com outras duas companheiras de cela, violado uma terceira, para esconder droga. A denúncia desta levou as outras três a celas de isolamento e aquela mulher não aguentou: suicidou-se no próprio dia em que foi afastada. A história saiu nos jornais mas não porque algum responsável tenha vindo falar sobre o assunto. Nem a sociedade exigiu ouvir o que o diretor dos serviços prisionais teria a dizer sobre a morte desta mulher numa cadeia. Como ninguém se indignou ou quis saber dos outros nove casos de suicídio que aconteceram entre janeiro e setembro deste ano nas prisões portuguesas. Poucos saberão sequer que a taxa média de mortes nas prisões portuguesas é o dobro da dos países do Conselho da Europa: 50 por ano, contra 26. É de pessoas que falamos. Pessoas que cometeram crimes e por isso ficaram temporariamente privadas de liberdade, mas que continuam a ter direito a viver com condições mínimas de segurança, de higiene, de humanidade - não podem ser atiradas para um buraco sem qualquer preocupação com a sua dignidade. E que deviam estar a ser acompanhadas de forma a, quando saírem, serem reintegradas na sociedade - não é essa a lógica de ter uma Direção-Geral das Prisões e da Reinserção? Mas nada pode mudar enquanto não houver quem perca o sono por cada caso de violência, de suicídio nas cadeias. Quem assuma responsabilidades e dê a cara perante uma sociedade preocupada, interessada em resolver os seus problemas. Nessa parte, os americanos estão muito mais à frente.
por JOANA PETIZ
Diário de Notícias
por JOANA PETIZ
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