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O medo que paralisa
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O medo que paralisa
“Muito foi dito e escrito sobre os refugiados. Agora é tempo de agir.” Foram mais ou menos estas as palavras de uma representante do governo líbio na passada terça-feira em Bruxelas.
O Parlamento Europeu e a Comissão já há muito se decidiram pelo auxílio urgente aos refugiados. Foram tomadas medidas concretas no cumprimento do dever que lhes era exigido. É o Conselho que sistematicamente, desde Março, bloqueia a sua concretização. São os Estados-Membros que o integram que se assumem como obstáculos. É preciso que os cidadãos distingam e compreendam que são alguns governos nacionais que travam a ajuda aos refugiados.
Também António Guterres, Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, mostrou desalento face a esta incapacidade de consenso no Conselho Europeu.
Referiu ainda, de forma muito pertinente, que ajudar no acolhimento digno destas pessoas que chegam à Europa é também combater o grupo terrorista ISIS, mostrando que a Europa não abdica dos seus valores humanistas. Nada fazer é o mesmo que ceder ao medo, precisamente o que o ISIS pretende.
A maioria das portas continua fechada e o medo avança, transportando com ele a intolerância e o ódio. É necessário desconstruir este discurso da discriminação e da xenofobia. É urgente olhar para as questões culturais e da educação como pontes para a tolerância e para a humanidade. E isto cabe aos que chegam e aos que já cá estão.
Há falta de consenso entre os 28 países da UE no que respeita às quotas atribuídas. Mas nada impede os Estados-Membros que as aceitam de avançar já. São vidas que se perdem a cada dia que passa. A comunidade civil está disposta a avançar. Exemplo disso é a Plataforma de Apoio aos Refugiados que pretende dar resposta a esse desejo humano de ajudar quem agora mais precisa.
Portugal é um país de emigrantes. A minha terra, a Madeira, é uma terra de emigrantes. Tantos foram aqueles que daqui partiram à procura de abrigo e vida melhor que me envergonha agora a catadupa de argumentos descabidos e intolerantes que vejo surgir por parte de alguns. Não se trata aqui de migração económica. Trata-se tão só de sobreviver.
O governo PSD/CDS está muito aquém das suas responsabilidades e do passado deste país que representa. Quando Anabela Rodrigues, Ministra da Administração Interna, no rescaldo da reunião de Ministros do Interior da UE do dia 8 de Setembro, afirmou que o governo português rejeitaria as quotas obrigatórias e mostrou preocupação com a “segurança da comunidade” contribuiu apenas para inflamar o clima de intolerância que tem encontrado terreno fértil nas redes sociais. Uma coisa é o necessário controlo, outra é insinuar perigo onde não existe.
Reforço a ideia da necessidade de desconstruir este discurso. Portugal deve avançar já. São milhares de crianças, milhares de famílias que depositam as economias de uma vida nas mãos de criminosos em troca de uma promessa de sobrevivência. Na fronteira com a Hungria, uma mãe acompanhada da sua filha, Alma, implora: “Se não me querem deixar passar, levem a minha filha e ponham-na na Alemanha ou em qualquer outro sítio seguro. Não tem problema, eu volto para a Síria”. Pensar nos que não conseguem fugir aflige-me ainda mais. Por mera casualidade não somos sírios. Mas podíamos ser. Não fazer nada não é uma opção. É paralisar pelo medo.
Liliana Rodrigues
Diário de Notícias de Madeira
Sábado, 19 de Setembro de 2015
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