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À política o que é da política
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À política o que é da política
Há muito para debater na campanha e que ganhem aqueles em quem os portugueses mais confiem para tentar resolver os grandes, mas reais e não imaginários, problemas que o País continua a ter.
Nas campanhas eleitorais chega-se ao auge daquela máxima proclamada há muito tempo sobre a política: o que parece é. As pessoas podem esforçar-se muito por dissipar, por disfarçar, por anular uma imagem criada, com palavras ou com factos, mas a partir do momento em que está criada é muito difícil de fazer desaparecer. Por experiência própria sei do que falo e sei o quão horrível é nós dizermos uma ou outra frase com determinado sentido e os nossos adversários pegarem nessa mesma frase e, por ela ser equívoca, darem outro significado, indignarem-se e censurarem-nos fortemente por algo que não estava, nem pouco mais ou menos, na nossa ideia. Só que, foi o que pareceu (ou foi o que outros disseram) que era. E aí, quem fala primeiro, normalmente, tem vantagem. Nesta campanha eleitoral já aconteceu várias vezes, nomeadamente com o caso do congelamento de pensões que vemos no programa do PS e que foi perguntado a António Costa. Este não respondeu logo a Catarina Martins, a Graça Franco e a Passos Coelho e começou a parecer que, além de desconhecimento do secretário-geral do PS, havia qualquer coisa escondida que poderia ser muito prejudicial para as pessoas. A partir desse momento, ter de dar uma explicação sobre uma ideia que já está na cabeça da generalidade das pessoas é muito difícil. Depois, houve o lapso de Pedro Passos Coelho sobre a questão do pagamento ao FMI ou vencimento de obrigações. Aí, era um lapso, não tinha consequências em medidas que atingissem os eleitores e a rapidez da reação evitou que o tema ganhasse grande dimensão. Foi exatamente o que aconteceu com o tema das pensões congeladas que, por natureza já de si, é obviamente mais melindroso. Mas, repito, o tempo na reação é muito importante. Mas às vezes nem reagindo depressa e sendo totalmente explícito, se consegue desfazer uma ideia falsa. Quanto mais desfazer uma ideia que tenha alguma ligação à realidade.
Agora surge o tema do défice e do Novo Banco, como se fosse responsabilidade de Pedro Passos Coelho e do Governo que os interessados no Novo Banco, chineses, americanos ou espanhóis, não tenham apresentado propostas aceitáveis. Estou à vontade para falar nisto porque julgo ter sido o único que, em texto publicado na tarde do mesmo domingo em que foi anunciada a resolução e a divisão do BES em dois, manifestou as suas reservas em relação à diretiva europeia que tinha passado a regulamentar situações como aquela. Escrevi na altura e o meu texto foi transcrito pelo Financial Times, que tinha as maiores reservas quanto ao facto de Portugal ir ser na prática uma cobaia, pois seria a primeira vez que o tal Mecanismo de Resolução ia ser adotado na União Europeia. Estou, portanto, à vontade porque não vi mais ninguém na altura a insurgir-se contra aquele caminho. E o caminho é responsabilidade da UE e da sua diretiva, bem como da atitude do Banco Central Europeu.
Então, em primeiro lugar, é Pedro Passos Coelho, Paulo Portas e o Governo que são culpados por o BES ter chegado àquela situação? Em segundo lugar, são culpados por serem obrigados a aplicar aquela diretiva europeia? Em terceiro lugar, é culpa deles o facto de o BCE já não dar mais oportunidades ao BES? Em quarto lugar, qual a sua culpa pelo aumento exponencial de processos contra o Novo Banco por causa de dívidas do grupo económico onde estava integrado o banco que se partiu em dois? E em quinto lugar, que culpa têm pela crise na bolsa de Xangai e alguma descapitalização de fundos de matriz chinesa e norte-americana que levaram a que as propostas não fossem até onde se pensava?
Falar-se sobre isto em termos de campanha eleitoral é de facto ridículo. E dizer-se que o défice ficou acima do previsto não faz sentido algum. Ainda esta terça à noite elogiei uma intervenção de António Costa em Viseu em que falava sobre problemas reais do Serviço Nacional de Saúde e de hospitais do interior. Há muita matéria para Governo e oposição falarem a propósito das ações e omissões dos outros, não falem é sobre invenções ou ficções.
A culpa de não haver propostas suficientemente altas é tanto do Governo como da oposição, seja ela qual for. Outra questão é o processo ter sido conduzido pelo Banco de Portugal. Aí sim, há responsabilidades repartidas entre Governo e PS. Foi este que nomeou Carlos Costa pela primeira vez e foi a coligação que o escolheu para segundo mandato. Mas isso é para quem considera que o governador do Banco de Portugal andou mal ou muito mal neste processo de negociação. E, com franqueza, ainda não vi isso defendido por ninguém.
Tal como não se deve culpar o presidente de câmara por chover muito e haver inundações (desde que o sistema de escoamento esteja em bom estado), também não se pode culpar um Governo por não haver compradores com propostas suficientemente fortes para um banco privado num processo conduzido pelo banco central (desde que o Governo não tenha para aí metido "nem prego nem estopa").
Há muito para debater na campanha e que ganhem aqueles em quem os portugueses mais confiem para tentar resolver os grandes, mas reais e não imaginários, problemas que o País continua a ter.
Advogado
Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
23 Setembro 2015, 19:42 por Pedro Santana Lopes
Negócios
Nas campanhas eleitorais chega-se ao auge daquela máxima proclamada há muito tempo sobre a política: o que parece é. As pessoas podem esforçar-se muito por dissipar, por disfarçar, por anular uma imagem criada, com palavras ou com factos, mas a partir do momento em que está criada é muito difícil de fazer desaparecer. Por experiência própria sei do que falo e sei o quão horrível é nós dizermos uma ou outra frase com determinado sentido e os nossos adversários pegarem nessa mesma frase e, por ela ser equívoca, darem outro significado, indignarem-se e censurarem-nos fortemente por algo que não estava, nem pouco mais ou menos, na nossa ideia. Só que, foi o que pareceu (ou foi o que outros disseram) que era. E aí, quem fala primeiro, normalmente, tem vantagem. Nesta campanha eleitoral já aconteceu várias vezes, nomeadamente com o caso do congelamento de pensões que vemos no programa do PS e que foi perguntado a António Costa. Este não respondeu logo a Catarina Martins, a Graça Franco e a Passos Coelho e começou a parecer que, além de desconhecimento do secretário-geral do PS, havia qualquer coisa escondida que poderia ser muito prejudicial para as pessoas. A partir desse momento, ter de dar uma explicação sobre uma ideia que já está na cabeça da generalidade das pessoas é muito difícil. Depois, houve o lapso de Pedro Passos Coelho sobre a questão do pagamento ao FMI ou vencimento de obrigações. Aí, era um lapso, não tinha consequências em medidas que atingissem os eleitores e a rapidez da reação evitou que o tema ganhasse grande dimensão. Foi exatamente o que aconteceu com o tema das pensões congeladas que, por natureza já de si, é obviamente mais melindroso. Mas, repito, o tempo na reação é muito importante. Mas às vezes nem reagindo depressa e sendo totalmente explícito, se consegue desfazer uma ideia falsa. Quanto mais desfazer uma ideia que tenha alguma ligação à realidade.
Agora surge o tema do défice e do Novo Banco, como se fosse responsabilidade de Pedro Passos Coelho e do Governo que os interessados no Novo Banco, chineses, americanos ou espanhóis, não tenham apresentado propostas aceitáveis. Estou à vontade para falar nisto porque julgo ter sido o único que, em texto publicado na tarde do mesmo domingo em que foi anunciada a resolução e a divisão do BES em dois, manifestou as suas reservas em relação à diretiva europeia que tinha passado a regulamentar situações como aquela. Escrevi na altura e o meu texto foi transcrito pelo Financial Times, que tinha as maiores reservas quanto ao facto de Portugal ir ser na prática uma cobaia, pois seria a primeira vez que o tal Mecanismo de Resolução ia ser adotado na União Europeia. Estou, portanto, à vontade porque não vi mais ninguém na altura a insurgir-se contra aquele caminho. E o caminho é responsabilidade da UE e da sua diretiva, bem como da atitude do Banco Central Europeu.
Então, em primeiro lugar, é Pedro Passos Coelho, Paulo Portas e o Governo que são culpados por o BES ter chegado àquela situação? Em segundo lugar, são culpados por serem obrigados a aplicar aquela diretiva europeia? Em terceiro lugar, é culpa deles o facto de o BCE já não dar mais oportunidades ao BES? Em quarto lugar, qual a sua culpa pelo aumento exponencial de processos contra o Novo Banco por causa de dívidas do grupo económico onde estava integrado o banco que se partiu em dois? E em quinto lugar, que culpa têm pela crise na bolsa de Xangai e alguma descapitalização de fundos de matriz chinesa e norte-americana que levaram a que as propostas não fossem até onde se pensava?
Falar-se sobre isto em termos de campanha eleitoral é de facto ridículo. E dizer-se que o défice ficou acima do previsto não faz sentido algum. Ainda esta terça à noite elogiei uma intervenção de António Costa em Viseu em que falava sobre problemas reais do Serviço Nacional de Saúde e de hospitais do interior. Há muita matéria para Governo e oposição falarem a propósito das ações e omissões dos outros, não falem é sobre invenções ou ficções.
A culpa de não haver propostas suficientemente altas é tanto do Governo como da oposição, seja ela qual for. Outra questão é o processo ter sido conduzido pelo Banco de Portugal. Aí sim, há responsabilidades repartidas entre Governo e PS. Foi este que nomeou Carlos Costa pela primeira vez e foi a coligação que o escolheu para segundo mandato. Mas isso é para quem considera que o governador do Banco de Portugal andou mal ou muito mal neste processo de negociação. E, com franqueza, ainda não vi isso defendido por ninguém.
Tal como não se deve culpar o presidente de câmara por chover muito e haver inundações (desde que o sistema de escoamento esteja em bom estado), também não se pode culpar um Governo por não haver compradores com propostas suficientemente fortes para um banco privado num processo conduzido pelo banco central (desde que o Governo não tenha para aí metido "nem prego nem estopa").
Há muito para debater na campanha e que ganhem aqueles em quem os portugueses mais confiem para tentar resolver os grandes, mas reais e não imaginários, problemas que o País continua a ter.
Advogado
Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
23 Setembro 2015, 19:42 por Pedro Santana Lopes
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