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Competir com salários elevados
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Competir com salários elevados
Na década que mediou entre a constituição do euro e a crise financeira internacional, os Estados-membros mais pobres abraçaram o mantra de que a melhor forma de se ficar rico é portar-se como tal.
A FRASE...
"Existe [na área do euro] um problema persistente de competitividade devido a custos do trabalho elevados face à produtividade subjacente."
Christian Thimann, Journal of Economic Perspectives, vol. 29, N.º 3, verão de 2015
A ANÁLISE...
Todos sabemos que a economia não é uma ciência exata. Parece até que quanto mais importante é o tema, mais formas diversas existem de o abordar. Entre os mais polémicos encontra-se o papel dos salários na competitividade. Há quem considere que a remuneração do trabalho deva seguir a produtividade sob pena de compromisso permanente da competitividade, mas existe quem defenda que os salários mais elevados estimulam o esforço e o investimento dos trabalhadores em formação, dessa forma aumentando a produtividade. Para os primeiros, a produtividade precede os salários; para os segundos, é ao contrário. Como este tema tem máxima relevância na formulação da política económica, em que é que ficamos?
Na década que mediou entre a constituição do euro e a crise financeira internacional, os Estados-membros mais pobres abraçaram o mantra de que a melhor forma de se ficar rico é portar-se como tal. Em resultado desta posição, entre 1999 e 2008, os salários dos funcionários públicos registaram crescimentos exponenciais em alguns países. Quais? Segundo dados da OCDE: Irlanda (111%); Grécia (109%); Portugal (58%) e Espanha (53%), valores que comparam com 35% na área do euro e 13% na Alemanha. Que esses quatro países tenham sido os únicos fundadores do euro que foram resgatados na crise europeia da dívida soberana não é coincidência. Salários empolados no setor público conferem uma sensação temporária de conforto, que, no entanto, se paga cara a prazo: défices orçamentais maiores, explosão do endividamento, perda cumulativa de competitividade, expansão exagerada das atividades não-transacionáveis e, por fim, uma crise económica e financeira que obriga a cortes de salários e austeridade. Não foi isto que aconteceu ao acima citado quarteto de países?
Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.
maovisivel@gmail.com
28 Setembro 2015, 00:01 por José M. Brandão de Brito
Negócios
A FRASE...
"Existe [na área do euro] um problema persistente de competitividade devido a custos do trabalho elevados face à produtividade subjacente."
Christian Thimann, Journal of Economic Perspectives, vol. 29, N.º 3, verão de 2015
A ANÁLISE...
Todos sabemos que a economia não é uma ciência exata. Parece até que quanto mais importante é o tema, mais formas diversas existem de o abordar. Entre os mais polémicos encontra-se o papel dos salários na competitividade. Há quem considere que a remuneração do trabalho deva seguir a produtividade sob pena de compromisso permanente da competitividade, mas existe quem defenda que os salários mais elevados estimulam o esforço e o investimento dos trabalhadores em formação, dessa forma aumentando a produtividade. Para os primeiros, a produtividade precede os salários; para os segundos, é ao contrário. Como este tema tem máxima relevância na formulação da política económica, em que é que ficamos?
Na década que mediou entre a constituição do euro e a crise financeira internacional, os Estados-membros mais pobres abraçaram o mantra de que a melhor forma de se ficar rico é portar-se como tal. Em resultado desta posição, entre 1999 e 2008, os salários dos funcionários públicos registaram crescimentos exponenciais em alguns países. Quais? Segundo dados da OCDE: Irlanda (111%); Grécia (109%); Portugal (58%) e Espanha (53%), valores que comparam com 35% na área do euro e 13% na Alemanha. Que esses quatro países tenham sido os únicos fundadores do euro que foram resgatados na crise europeia da dívida soberana não é coincidência. Salários empolados no setor público conferem uma sensação temporária de conforto, que, no entanto, se paga cara a prazo: défices orçamentais maiores, explosão do endividamento, perda cumulativa de competitividade, expansão exagerada das atividades não-transacionáveis e, por fim, uma crise económica e financeira que obriga a cortes de salários e austeridade. Não foi isto que aconteceu ao acima citado quarteto de países?
Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.
maovisivel@gmail.com
28 Setembro 2015, 00:01 por José M. Brandão de Brito
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