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Um país conservador
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Um país conservador
Portugal é um país muito conservador, o que pode explicar, mais do que qualquer outra hipótese, os resultados de domingo passado.
Partindo de uma definição muito simples, ou seja, a de que conservador se diz de um homem ou de um país que não se dispõe a fraturas ou quebras abruptas contribuindo, isso sim, para uma espécie de transformação gradual, então Portugal é um país conservador.
E quanto mais velhos, mais conservadores. Vivemos mais, temos mais noção das consequências, temos mais responsabilidades, valorizamos mais o que vemos acontecer aos outros, enfim temos mais medo de arriscar.
E Portugal é um país cada vez mais velho. Temos 138 idosos por cada 100 jovens. Menos de 1,5 milhões dos 9,4 milhões recenseados estão abaixo dos 30 anos. Neste momento, aos 30 tem-se filhos ou está-se desempregado. E nestas circunstâncias muito mais do que zangas, temos medo.
Basta olharmos para os mapas disponibilizados pela Comissão Nacional de Eleições que representam a distribuição geográfica dos partidos vencedores em cada distrito. É impressionante! Em 40 anos e 15 eleições para a Assembleia da República só uma vez, em 1976, o mapa tem quatro cores, e a quarta é apenas uma vitória isolada e não repetida do CDS no distrito da Guarda!
De resto o movimento prende-se com o esbatimento do vermelho (APU/CDU) em rosa PS e em alternâncias mais ou menos significativas do rosa/laranja.
Estes são dois dados objetivos. Mas até uma apreciação de foro mais psicológico aponta neste sentido. Passos Coelho é na figura, na atitude e no discurso um conservador e até Catarina Martins ganhou pontos neste campo ao apresentar uma imagem mais "certinha" e uma disponibilidade para poder abandonar a postura da "minoria negativa" quando alvitrou poder aliar-se a António Costa. E veremos se António Costa não vencerá o seu congresso exatamente por se presumir da sua moderação e bom senso!
Nada disto é bom ou mau. Somos assim e pronto. A questão é que, nestes termos, o desafio da transformação que hoje em dia é obrigatório e não pode ser lento passa por uma renovação orgânica dos dois principais partidos, de dentro para fora, o que, como todos sabemos, é tão mais difícil quanto mais assegurado ambos têm, por nós todos, a perpetuação no poder.
*ANALISTA FINANCEIRA
08.10.2015
CRISTINA AZEVEDO
Jornal de Notícias
Partindo de uma definição muito simples, ou seja, a de que conservador se diz de um homem ou de um país que não se dispõe a fraturas ou quebras abruptas contribuindo, isso sim, para uma espécie de transformação gradual, então Portugal é um país conservador.
E quanto mais velhos, mais conservadores. Vivemos mais, temos mais noção das consequências, temos mais responsabilidades, valorizamos mais o que vemos acontecer aos outros, enfim temos mais medo de arriscar.
E Portugal é um país cada vez mais velho. Temos 138 idosos por cada 100 jovens. Menos de 1,5 milhões dos 9,4 milhões recenseados estão abaixo dos 30 anos. Neste momento, aos 30 tem-se filhos ou está-se desempregado. E nestas circunstâncias muito mais do que zangas, temos medo.
Basta olharmos para os mapas disponibilizados pela Comissão Nacional de Eleições que representam a distribuição geográfica dos partidos vencedores em cada distrito. É impressionante! Em 40 anos e 15 eleições para a Assembleia da República só uma vez, em 1976, o mapa tem quatro cores, e a quarta é apenas uma vitória isolada e não repetida do CDS no distrito da Guarda!
De resto o movimento prende-se com o esbatimento do vermelho (APU/CDU) em rosa PS e em alternâncias mais ou menos significativas do rosa/laranja.
Estes são dois dados objetivos. Mas até uma apreciação de foro mais psicológico aponta neste sentido. Passos Coelho é na figura, na atitude e no discurso um conservador e até Catarina Martins ganhou pontos neste campo ao apresentar uma imagem mais "certinha" e uma disponibilidade para poder abandonar a postura da "minoria negativa" quando alvitrou poder aliar-se a António Costa. E veremos se António Costa não vencerá o seu congresso exatamente por se presumir da sua moderação e bom senso!
Nada disto é bom ou mau. Somos assim e pronto. A questão é que, nestes termos, o desafio da transformação que hoje em dia é obrigatório e não pode ser lento passa por uma renovação orgânica dos dois principais partidos, de dentro para fora, o que, como todos sabemos, é tão mais difícil quanto mais assegurado ambos têm, por nós todos, a perpetuação no poder.
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