PCP tenta preservar autonomia

O PCP ainda não tinha apresentado presidencial, estando o campo da esquerda ocupado por Sampaio da Nóvoa, Maria de Belém, e Henrique Neto. Vem agora demonstrar que existe, apresentando como candidato presidencial Edgar Silva, líder do PCP na Madeira e antigo padre.

Em poucos dias, o PCP revolucionou (pacificamente) a cena política portuguesa. Em primeiro lugar, admite aliar-se com o PS para evitar um novo governo PSD/CDS. Esta estranha colaboração pode passar por um acordo de incidência parlamentar, ou mesmo pela participação do PCP no governo. Do Bloco de Esquerda nada transpira, mas talvez não desperdicem a ocasião de entrar no governo. Que, dadas as diferenças entre os três partidos, e das suas alas internas, promete ser um governo tumultuoso, que pode não chegar a cumprir os quatro anos da legislatura.

Seja como for, dada a apetência do PS em ir para o governo, e as condições relativamente fáceis de cumprir apresentados pelo Bloco para entrar no governo, o PCP apresenta-se agora como o fiel da balança, com mais poder que o seu quarto lugar nas urnas lhe devia trazer (a única hipótese de isso não acontecer é uma aliança PS – PSD – CDS).

Seja com quem for, o PS tem boas hipóteses de fazer parte do próximo governo, apesar de ter ficado em segundo lugar em votos e em mandatos. E o PCP apresenta um candidato presidencial para demonstrar que, mesmo que faça um acordo com o PS, continua vivo e autónomo. O mesmo poderá suceder com o Bloco.

Eduardo Ferreira | 08/10/2015 17:49
SOL