Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 443 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 443 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
Homens temporariamente sós
Página 1 de 1
Homens temporariamente sós
“O problema dos nossos tempos é que o futuro já não é o que era”. Yanis Varoufakis recuperou as palavras de Valéry no último fim-de-semana, quando o ex-ministro das Finanças grego passou por Coimbra para falar de democracia – mas também de Europa, de economia, de política e de políticos.
O futuro já não é como era antes: previsível, controlado, sem surpresas. O economista inconformado, para quem a rigidez das regras tomou conta do sistema democrático, voltou a contestar o formalismo cego das instituições europeias e a brutal resistência à mudança nas políticas que regem a Europa. Não deixa de ser curioso, quase irónico, que Varoufakis o diga em Portugal e, sobretudo, num momento político em que o futuro há muito que não era tão imprevisível, tão fora de controlo, tão propício a surpresas. Um momento em que quase tudo está em aberto: as coligações à esquerda e à direita, os modelos de governo, as iniciativas do Presidente, a unidade dos partidos, os votos dos deputados, as contas do país.
O futuro é mais imprevisível agora do que era até ao último dia 4 de Outubro. E o que antes eram certezas hoje dão margem para surpresas. Como quando o PS partiu para as legislativas convicto de que a vitória eleitoral estaria garantida contra um governo de austeridade. Quando a aliança PSD/CDS, mesmo sem maioria e perdendo votos, ainda garantiu mais deputados que a bancada socialista. Quando Cavaco Silva apelou a uma maioria para dar posse a um governo estável, certamente sem contar com o imbróglio parlamentar que se seguiria. Ou quando a proximidade de poder fez três inconciliáveis partidos de esquerda enterrarem o machado de guerra para conciliar posições que garantissem a tal estabilidade pedida por Belém. O futuro está hoje nas mãos de todos, sem estar na mão de nenhum. Passos, Portas, Costa, Catarina, Jerónimo estão temporariamente sós nas suas decisões: nenhum chega sozinho ao poder, todos precisam de alguém para lá chegar. E isso torna o futuro mais imprevisível do que nunca.
As únicas certezas que sobram, porém, são as que podem colocar tudo isto em causa e devolver a tal previsibilidade que entretanto se perdeu. Seja qual for o governo que se formar nos próximos dias, ele será decerto instável. Seja porque a coligação de direita não se segura sem o apoio do PS, seja porque o acordo (ainda por fechar) à esquerda esconde mais fraquezas do que forças. E o Presidente que suceder a Cavaco Silva também não vai ter aqui missão facilitada: seja porque vai ter de conter os danos causados por um governo fraco ou turbulento, seja porque dele se espera uma decisão que o evite. E chegamos a mais uma certeza: há um orçamento para definir e aprovar.
E as contas públicas, ainda desequilibradas, exigem um Executivo e um programa minimamente estáveis para não se descontrolarem ainda mais. Julgar que o défice e a dívida se resolvem por si, que as reformas estruturais podem esperar ou que as metas já acordadas se podem esticar como um harmónio, é mais do que uma ilusão – é irresponsável. E se há uma certeza que o país tem é que o seu futuro não pode voltar a ser como era no passado. Ou voltará a ser tudo como antes.
00:05 h
Helena Cristina Coelho
Económico
O futuro já não é como era antes: previsível, controlado, sem surpresas. O economista inconformado, para quem a rigidez das regras tomou conta do sistema democrático, voltou a contestar o formalismo cego das instituições europeias e a brutal resistência à mudança nas políticas que regem a Europa. Não deixa de ser curioso, quase irónico, que Varoufakis o diga em Portugal e, sobretudo, num momento político em que o futuro há muito que não era tão imprevisível, tão fora de controlo, tão propício a surpresas. Um momento em que quase tudo está em aberto: as coligações à esquerda e à direita, os modelos de governo, as iniciativas do Presidente, a unidade dos partidos, os votos dos deputados, as contas do país.
O futuro é mais imprevisível agora do que era até ao último dia 4 de Outubro. E o que antes eram certezas hoje dão margem para surpresas. Como quando o PS partiu para as legislativas convicto de que a vitória eleitoral estaria garantida contra um governo de austeridade. Quando a aliança PSD/CDS, mesmo sem maioria e perdendo votos, ainda garantiu mais deputados que a bancada socialista. Quando Cavaco Silva apelou a uma maioria para dar posse a um governo estável, certamente sem contar com o imbróglio parlamentar que se seguiria. Ou quando a proximidade de poder fez três inconciliáveis partidos de esquerda enterrarem o machado de guerra para conciliar posições que garantissem a tal estabilidade pedida por Belém. O futuro está hoje nas mãos de todos, sem estar na mão de nenhum. Passos, Portas, Costa, Catarina, Jerónimo estão temporariamente sós nas suas decisões: nenhum chega sozinho ao poder, todos precisam de alguém para lá chegar. E isso torna o futuro mais imprevisível do que nunca.
As únicas certezas que sobram, porém, são as que podem colocar tudo isto em causa e devolver a tal previsibilidade que entretanto se perdeu. Seja qual for o governo que se formar nos próximos dias, ele será decerto instável. Seja porque a coligação de direita não se segura sem o apoio do PS, seja porque o acordo (ainda por fechar) à esquerda esconde mais fraquezas do que forças. E o Presidente que suceder a Cavaco Silva também não vai ter aqui missão facilitada: seja porque vai ter de conter os danos causados por um governo fraco ou turbulento, seja porque dele se espera uma decisão que o evite. E chegamos a mais uma certeza: há um orçamento para definir e aprovar.
E as contas públicas, ainda desequilibradas, exigem um Executivo e um programa minimamente estáveis para não se descontrolarem ainda mais. Julgar que o défice e a dívida se resolvem por si, que as reformas estruturais podem esperar ou que as metas já acordadas se podem esticar como um harmónio, é mais do que uma ilusão – é irresponsável. E se há uma certeza que o país tem é que o seu futuro não pode voltar a ser como era no passado. Ou voltará a ser tudo como antes.
00:05 h
Helena Cristina Coelho
Económico
Tópicos semelhantes
» HOMENS (E MULHERES) DE NEGÓCIOS
» Notícia revela que os homens são esquisitos
» Opinião – Deixemos as mulheres bonitas para os homens sem imaginação
» Notícia revela que os homens são esquisitos
» Opinião – Deixemos as mulheres bonitas para os homens sem imaginação
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin