Normalização ou bolha no crédito?

O volume total de crédito concedido pelos bancos às famílias portugueses regressou, oficialmente, a uma tendência de subida.

Este indicador - que inclui o crédito já existente, o novo crédito e as amortizações, ou seja, todo o crédito “vivo” - cresceu em Setembro pela primeira vez desde Abril de 2011, imediatamente antes do pedido de resgate à troika.

Há várias leituras possíveis destes números. O primeiro é que os bancos, depois de uma severíssima limpeza de balanço, estão a voltar à concessão de crédito, nomeadamente à habitação. Este é, aliás, o segmento responsável pela subida do stock, até porque, em Setembro, o crédito ao consumo até recuou ligeiramente. 

Outra leitura é que os portugueses ganharam confiança no futuro, e começaram a tomar decisões financeiras estruturantes e de muito longo prazo, de que a compra de casa a crédito é o maior exemplo. Por último, a subida dos preços do imobiliário e da avaliação bancária também inflaciona o valor dos créditos. 

A pergunta que se coloca agora é se isto é bom ou mau, tendo em atenção que o endividamento privado é um dos nossos grandes problemas e foi motivo de grandes dores de cabeça para clientes e bancos. 

Para já, apesar de a tendência estar a mudar, é um bom sinal de normalização, até porque apesar desta rara subida do stock em Setembro os valores de crédito concedido estão muito longe dos máximos do pré-troika. 

Há é dois efeitos que merecem acompanhamento e não podem ser negligenciados. O primeiro é o que este fenómeno pode significar para o mercado de arrendamento, que não chegou efectivamente a dinamizar-se como seria necessário. O segundo é o efeito taxa de juro. Estas estão historicamente baixas e poderemos ter problemas muito sérios quando começarem a subir. Porque nunca é demais lembrar que a prestação actual não é um indicador de capacidade de suportar a despesa da casa no longo prazo. 

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Económico