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Contemplemos o novo mundo financeiro
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Contemplemos o novo mundo financeiro
No seguimento da crise financeira, os mercados financeiros reinventam-se com novas características. A condução da política monetária, a regulação, a inovação tecnológica, e o desenvolvimento do setor financeiro fora dos bancos têm reconfigurado os mercados de capitais.
A execução de políticas monetárias acomodatícias por recurso a aquisição direta de ativos motivou alterações comportamentais e perceção relativamente ao risco de crédito e de liquidez, exatamente no mesmo momento em que se alinham acontecimentos que reforçam a noção que não existem ativos sem risco, nem ativos totalmente líquidos. A compressão de prémios de risco, um dos objetivos da política monetária dominante nas economias avançadas, destinada a favorecer a desalavancagem, a reparação de balanços, e o alívio do serviço da dívida, mediante sustentação de rendibilidade das organizações, empurra investidores para ativos com maior maturidade e com maior risco de crédito, podendo fomentar inflação dos preços. Nalguns mercados, observam-se taxas de juro negativas. Esta conjugação de elementos propicia o aumento da correlação entre classes de ativos.
Várias ondas de regulação, a proliferação das transações em plataformas eletrónicas, a popularidade de ETF ("Exchange Traded Fund") que tendem a seguir carteiras enformadas por índices standardizados, e a concentração das sociedades globais de gestão de ativos poderão ter introduzido perturbações na liquidez dos mercados. A facilidade na transacção de volumes significativos de títulos sem efeito sobre os preços está a mudar. Transacionam-se menos volumes e registam-se, com maior frequência, ocasiões em que não existe preço ao qual se possa transacionar um ativo. Pontualmente, pode não se encontrar alguma entidade disponível para adquirir o ativo independentemente do preço para uma ordem avultada. Surgem "flash crashes", como sucedeu em outubro do ano passado ou em maio deste ano, momentos em que os preços variam acentuadamente e as transações encolhem ou desaparecem. Pode começar num determinado mercado, mas rapidamente contagia a grande maioria.
Emergem mercados, nomeadamente no caso de renda fixa, caraterizados por menor capacidade de discriminação de risco e maior correlação entre classes de ativos, podendo surgir desfasamento entre valorização e sua fundamentação intrínseca. Em paralelo, os preços oscilam mais acentuadamente e observam-se, a tempos, comportamentos binários por parte dos investidores ("risk on versus risk off"). Vive-se, então, num mundo em que predomina volatilidade e iliquidez. A regulação, as transações através de plataformas eletrónicas, a gestão passiva de posições (seguidoras de índices definidos), e a concentração de investimentos em fundos de investimento ou de pensões têm vindo a reduzir alguns mecanismos sistémicos de flexibilidade. No passado, os bancos, enquanto operadores especializados de mercado e/ou detentores de carteiras próprias, desempenhavam uma função de estabilização sistémica: compravam títulos, mantinham-nos nos seus livros por algum tempo até os conseguirem vender. Hoje, pelas exigências regulatórias, estas atividades são muito caras e a maioria dos bancos está a abandoná-las, sem que se preencha a lacuna.
A política monetária, executada por via de aquisição de ativos, proporciona efeitos contraditórios. Se oferece a figura de comprador permanente, mas desejavelmente neutro em relação às tendências de mercado, reduz a oferta líquida de títulos e inevitavelmente interfere no mecanismo de determinação de preços. Esta é uma realidade que desafia os bancos centrais na execução do seu programa de compras. É manifestamente importante a correção da fragmentação de mercado e a reanimação do mecanismo de transmissão monetária. Contudo, importa preservar a saudável formação de preços como indicação de valorização fundamental e a capacidade dos ativos serem trocados.
O presente ambiente de instabilidade e volatilidade pode ser, eventualmente intensificado, pela possibilidade de divergência da direção da política monetária entre EUA e Europa. A Reserva Federal tem vindo a sinalizar a hipótese de subida de taxas de juro, a primeira desde junho de 2006. Desde dezembro de 2008 que as taxas diretoras nos EUA se encontram nos níveis atuais. Dada a evolução prevista da economia global, caracterizada por crescimento moderado, inflação baixa, vulnerabilidades nas economias emergentes, riscos geopolíticos, volatilidade e maior correlação de classes de ativos e liquidez em encolhimento, o ativo com menor rendibilidade no mercado, também designado por "wasting asset", pode ser um ativo interessante. Sobretudo, num mundo em que a palavra de ordem ainda é, tendencialmente, o aumento de maturidade média das carteiras para minimizar os efeitos de taxas de juro muito baixas ou negativas. Perante o grande nível de incerteza e a limitada capacidade de trocar ativos, a liquidez ganha pontos
Economista
Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
08 Novembro 2015, 17:59 por Cristina Casalinho
Negócios
A execução de políticas monetárias acomodatícias por recurso a aquisição direta de ativos motivou alterações comportamentais e perceção relativamente ao risco de crédito e de liquidez, exatamente no mesmo momento em que se alinham acontecimentos que reforçam a noção que não existem ativos sem risco, nem ativos totalmente líquidos. A compressão de prémios de risco, um dos objetivos da política monetária dominante nas economias avançadas, destinada a favorecer a desalavancagem, a reparação de balanços, e o alívio do serviço da dívida, mediante sustentação de rendibilidade das organizações, empurra investidores para ativos com maior maturidade e com maior risco de crédito, podendo fomentar inflação dos preços. Nalguns mercados, observam-se taxas de juro negativas. Esta conjugação de elementos propicia o aumento da correlação entre classes de ativos.
Várias ondas de regulação, a proliferação das transações em plataformas eletrónicas, a popularidade de ETF ("Exchange Traded Fund") que tendem a seguir carteiras enformadas por índices standardizados, e a concentração das sociedades globais de gestão de ativos poderão ter introduzido perturbações na liquidez dos mercados. A facilidade na transacção de volumes significativos de títulos sem efeito sobre os preços está a mudar. Transacionam-se menos volumes e registam-se, com maior frequência, ocasiões em que não existe preço ao qual se possa transacionar um ativo. Pontualmente, pode não se encontrar alguma entidade disponível para adquirir o ativo independentemente do preço para uma ordem avultada. Surgem "flash crashes", como sucedeu em outubro do ano passado ou em maio deste ano, momentos em que os preços variam acentuadamente e as transações encolhem ou desaparecem. Pode começar num determinado mercado, mas rapidamente contagia a grande maioria.
Emergem mercados, nomeadamente no caso de renda fixa, caraterizados por menor capacidade de discriminação de risco e maior correlação entre classes de ativos, podendo surgir desfasamento entre valorização e sua fundamentação intrínseca. Em paralelo, os preços oscilam mais acentuadamente e observam-se, a tempos, comportamentos binários por parte dos investidores ("risk on versus risk off"). Vive-se, então, num mundo em que predomina volatilidade e iliquidez. A regulação, as transações através de plataformas eletrónicas, a gestão passiva de posições (seguidoras de índices definidos), e a concentração de investimentos em fundos de investimento ou de pensões têm vindo a reduzir alguns mecanismos sistémicos de flexibilidade. No passado, os bancos, enquanto operadores especializados de mercado e/ou detentores de carteiras próprias, desempenhavam uma função de estabilização sistémica: compravam títulos, mantinham-nos nos seus livros por algum tempo até os conseguirem vender. Hoje, pelas exigências regulatórias, estas atividades são muito caras e a maioria dos bancos está a abandoná-las, sem que se preencha a lacuna.
A política monetária, executada por via de aquisição de ativos, proporciona efeitos contraditórios. Se oferece a figura de comprador permanente, mas desejavelmente neutro em relação às tendências de mercado, reduz a oferta líquida de títulos e inevitavelmente interfere no mecanismo de determinação de preços. Esta é uma realidade que desafia os bancos centrais na execução do seu programa de compras. É manifestamente importante a correção da fragmentação de mercado e a reanimação do mecanismo de transmissão monetária. Contudo, importa preservar a saudável formação de preços como indicação de valorização fundamental e a capacidade dos ativos serem trocados.
O presente ambiente de instabilidade e volatilidade pode ser, eventualmente intensificado, pela possibilidade de divergência da direção da política monetária entre EUA e Europa. A Reserva Federal tem vindo a sinalizar a hipótese de subida de taxas de juro, a primeira desde junho de 2006. Desde dezembro de 2008 que as taxas diretoras nos EUA se encontram nos níveis atuais. Dada a evolução prevista da economia global, caracterizada por crescimento moderado, inflação baixa, vulnerabilidades nas economias emergentes, riscos geopolíticos, volatilidade e maior correlação de classes de ativos e liquidez em encolhimento, o ativo com menor rendibilidade no mercado, também designado por "wasting asset", pode ser um ativo interessante. Sobretudo, num mundo em que a palavra de ordem ainda é, tendencialmente, o aumento de maturidade média das carteiras para minimizar os efeitos de taxas de juro muito baixas ou negativas. Perante o grande nível de incerteza e a limitada capacidade de trocar ativos, a liquidez ganha pontos
Economista
Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
08 Novembro 2015, 17:59 por Cristina Casalinho
Negócios
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