O embaixador americano pouco diplomático

O embaixador norte-americano em Lisboa,  Robert Sherman,  numa recente entrevista à RR, manifestou preocupação pelo apoio do PCP e do BE a um Governo nacional do PS (imagine-se a sua indisposição hoje, depois de o Presidente indigitar, por meras normas constitucionais, António Costa). Claro que ele foi imprudente na entrevista, e em qualquer País mais cioso de si (suponho que qualquer outro país ocidental) seria declarado ‘persona non grata’ e reenviado às origens Cá parece que não. Nem sequer o futuro Governo do PS o deverá fazer. Nem eu queria coartar a palavra a ninguém, só enquadrar nos seus estatutos as dos diplomatas em serviço. Já estamos habituados a embaixadores americanos pouco perspicazes.Parece que houve um, no PREC, anterior a Carlucci, que até quis entregar Portugal a Moscovo (muito antes da queda do Muro de Berlim), por puro desespero e impreparação diplomática.

Pessoalmente, acho que qualquer americano, mesmo embaixador, se devia preocupar mais com as desgraças que os EUA têm espalhado pelo mundo (caso do Iraque instabilizado, com reflexos dramáticos em todo o Norte de África e Arábia, mais o Estado Islâmico), ou as que têm dentro de portas (a oposição da maioria do Congresso, unindo quase todo o Partido Republicano a uma parte considerável do Democrata, contra a entrada de refugiados sírios nos EUA, país feito pela imigração, e num momento em que estes refugiados sírios surgem precisamente muito na sequência de uma intervenção militar internacional  e unilateral americana, como o reconheceu publicamente por exemplo um antigo apoiante destacado dessa intervenção, Tony Blair). E a nós já nos bastava a demissão irrevogável (que, além do mais, nos vem baralhar a semântica e a semiótica da língua).

 Pedro d´Anunciação | 24/11/2015 14:56
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