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Já foi à Florida, caro leitor?
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Já foi à Florida, caro leitor?
Já foi à Florida, caro leitor? Eu já. Quando expliquei que Portugal não era "uma província espanhola" e que até tinhamos computadores, as nativas entraram em choque. Quando uma delas arrotou e eu informei que o acto era bom costume no Médio Oriente, quase chamaram a polícia.
Não gostei da Florida, portanto, e à medida que me aventurava no interior americano, o nível de ignorância aumentava. Curiosamente, quanto maior o comodismo consumista, maior o número de republicanos. Não me leve a mal, caro leitor, sei bem das terríveis políticas externas levadas a cabo por presidentes do Partido Democrata. No entanto, não é dos democratas que lhe quero falar; é do Grand Old Party, de Lincoln, de Reagan, dos Bush, de Donald Trump.
O ponto é simples: a meu ver, o Partido Republicano caiu numa armadilha por si próprio criada. O campo aberto para o populismo de Trump é de responsabilidade republicana. Foram os republicanos que cultivaram uma sociedade resignada ao desinteresse político, centrada apenas nas suas armas, na religião e em bandeiras sulistas. Durante décadas, isso foi-lhes eleitoralmente benéfico. Era o caminho mais fácil. Motivar o fundamentalismo é muito menos exigente que explicar o conservadorismo.
Nos Estados Unidos, são de direita pelos costumes ou de centro-esquerda pela economia porque o americano é naturalmente conservador. Os pais fundadores estruturaram o Estado de um modo liberal e descentralizado e escreveram textos de um pedigree moral elevadíssimo. A estagnação de ambos os partidos deve-se a uma dificuldade de adaptação à História: os progressistas não se liberalizaram tanto quanto deviam e os republicanos não se moderaram (de todo).
É vital procurar o equilíbrio entre tradição e cosmopolitismo.
Se, no caso democrata, a volatilidade das modas (o primeiro negro, a primeira mulher, o primeiro socialista) vai tomando conta, a situação dos republicanos é mais preocupante. A América não pode ser o farol do mundo e negar as alterações climáticas, a abolição da pena de morte ou as restrições ao porte de arma. Sejamos francos, esta é a terra onde se é mais instintivamente patriota e mais hipocritamente xenófobo.
Foi a relutância em modernizar o partido e o seu eleitorado que tornou a vida tão fácil para um racista ignorante como Donald Trump liderar a corrida à nomeação republicana para a Casa Branca. E o isolacionismo do Tea Party também não é a resposta.
O GOP não precisa de um novo Reagan, caro leitor. Precisa, com urgência, de um David Cameron. Mas esses não se vendem no eBay.
Jornal i
Não gostei da Florida, portanto, e à medida que me aventurava no interior americano, o nível de ignorância aumentava. Curiosamente, quanto maior o comodismo consumista, maior o número de republicanos. Não me leve a mal, caro leitor, sei bem das terríveis políticas externas levadas a cabo por presidentes do Partido Democrata. No entanto, não é dos democratas que lhe quero falar; é do Grand Old Party, de Lincoln, de Reagan, dos Bush, de Donald Trump.
O ponto é simples: a meu ver, o Partido Republicano caiu numa armadilha por si próprio criada. O campo aberto para o populismo de Trump é de responsabilidade republicana. Foram os republicanos que cultivaram uma sociedade resignada ao desinteresse político, centrada apenas nas suas armas, na religião e em bandeiras sulistas. Durante décadas, isso foi-lhes eleitoralmente benéfico. Era o caminho mais fácil. Motivar o fundamentalismo é muito menos exigente que explicar o conservadorismo.
Nos Estados Unidos, são de direita pelos costumes ou de centro-esquerda pela economia porque o americano é naturalmente conservador. Os pais fundadores estruturaram o Estado de um modo liberal e descentralizado e escreveram textos de um pedigree moral elevadíssimo. A estagnação de ambos os partidos deve-se a uma dificuldade de adaptação à História: os progressistas não se liberalizaram tanto quanto deviam e os republicanos não se moderaram (de todo).
É vital procurar o equilíbrio entre tradição e cosmopolitismo.
Se, no caso democrata, a volatilidade das modas (o primeiro negro, a primeira mulher, o primeiro socialista) vai tomando conta, a situação dos republicanos é mais preocupante. A América não pode ser o farol do mundo e negar as alterações climáticas, a abolição da pena de morte ou as restrições ao porte de arma. Sejamos francos, esta é a terra onde se é mais instintivamente patriota e mais hipocritamente xenófobo.
Foi a relutância em modernizar o partido e o seu eleitorado que tornou a vida tão fácil para um racista ignorante como Donald Trump liderar a corrida à nomeação republicana para a Casa Branca. E o isolacionismo do Tea Party também não é a resposta.
O GOP não precisa de um novo Reagan, caro leitor. Precisa, com urgência, de um David Cameron. Mas esses não se vendem no eBay.
Jornal i
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