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O presente certo
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O presente certo
Escolheremos nós presentes que nos levem a conhecer mais e melhor o outro e a aprender a respeitá-lo?
Numa época em que as lojas e ruas se enchem de compradores ávidos pelo presente certo, a realidade nacional e internacional tende a ser esquecida. Contudo, o Natal e o Ano Novo têm um particular significado na cultura ocidental, representando o renascimento e o amor ao próximo. Mas, numa sociedade de consumo, esta época converteu-se nos bens materiais simbolizando o amor aos mais próximos. A par disso, na última semana do ano, voltaremos a assistir aos resumos do ano que colocam a par as maiores tragédias da humanidade e notícias cor-de-rosa de gente feita famosa pelos meios de comunicação social.
No meio deste turbilhão, haverá tempo para se pensar nos verdadeiros valores desta época? Escolheremos nós presentes que nos levem a conhecer mais e melhor o outro e a aprender a respeitá-lo? Tenho dúvidas sobre isso, mas tenho também a certeza de que nos podemos presentear, a nós mesmos, com pequenos mimos que nos alargam a visão do mundo e nos fazem repensar o passado, o presente e o futuro.
Destaco dois eventos, um que já terminou e outro que continua a decorrer, como excelentes momentos de usufruto cultural e, em simultâneo, de aprendizagem da diferença. Refiro-me ao Festival de Cinema da América Latina e ao Ciclo Paisagens Efémeras. O festival, organizado pela Casa da América Latina e que decorreu, na passada, semana no Cinema S. Jorge, proporcionou o visionamento de filmes usualmente fora do circuito comercial e de excelente qualidade. O ciclo (ainda a decorrer na Galeria Quadrum), tendo como referência um antropólogo angolano, Ruy Duarte de Carvalho, pretende ir para além de uma homenagem a este intelectual e refletir sobre questões que afetam as nossas relações entre povos e culturas, mas também entre seres humanos. Aliás, estes dois eventos são pródigos no fornecimento de pistas para a interpretação da mesmidade (nós e os da mesma cultura) e da alteridade (nós e os outros).
Afinal dois acontecimentos culturais poderiam tornar-se no presente de Natal perfeito que nos faz pensar se é possível renascer e sair de um ciclo conturbado de guerras, migrações massivas e abusos sobre o ecossistema. Problemas que terão uma fatura elevada já no presente.
Ainda no mesmo registo sugiro também duas leituras. A primeira, “O Principezinho” de Antoine Saint-Exupéry, publicado recentemente pela Guerra e Paz, com uma nova tradução, voltando à história do menino que tem de contar a sua realidade a alguém que chega de paragens distantes. A outra sugestão é o livro de José Manuel Félix Ribeiro, intitulado “EUA versus China – Confronto ou Coexistência”, também da Guerra e Paz, em que é pensada a relação dos dois países com mais pujança económica no mundo atual, assistindo agora ao surgimento de novas turbulências e ao provável descentramento das atenções de ambos estados por razões diversas. São dois livros em diferentes domínios: um no ficcional e outro no real, mas ambos abrindo a nossa mente a um imaginário e a uma realidade que nos enriquecem.
Todas as sugestões que aqui deixo podem não ser o presente certo para aquela pessoa para quem falta comprá-lo, mas são, sem dúvida, maneiras de nos descobrirmos a nós e a quem nos rodeia. A conjuntura não é fácil. Entre crises financeiras e económicas, que teimam em ficar, e conflitos externos que não parecem ter fim à vista, a única solução é encontrarmo-nos a nós próprios e aos outros que estão à nossa volta. Seria bom que esta quadra com tanto significado na nossa cultura espoletasse esse sentido de descoberta e compreensão.
Cátia Miriam Costa
Investigadora do Centro de Estudos Internacionais, ISCTE – IUL
Publicado em: 18/12/2015 - 0:04:39
OJE.pt
Numa época em que as lojas e ruas se enchem de compradores ávidos pelo presente certo, a realidade nacional e internacional tende a ser esquecida. Contudo, o Natal e o Ano Novo têm um particular significado na cultura ocidental, representando o renascimento e o amor ao próximo. Mas, numa sociedade de consumo, esta época converteu-se nos bens materiais simbolizando o amor aos mais próximos. A par disso, na última semana do ano, voltaremos a assistir aos resumos do ano que colocam a par as maiores tragédias da humanidade e notícias cor-de-rosa de gente feita famosa pelos meios de comunicação social.
No meio deste turbilhão, haverá tempo para se pensar nos verdadeiros valores desta época? Escolheremos nós presentes que nos levem a conhecer mais e melhor o outro e a aprender a respeitá-lo? Tenho dúvidas sobre isso, mas tenho também a certeza de que nos podemos presentear, a nós mesmos, com pequenos mimos que nos alargam a visão do mundo e nos fazem repensar o passado, o presente e o futuro.
Destaco dois eventos, um que já terminou e outro que continua a decorrer, como excelentes momentos de usufruto cultural e, em simultâneo, de aprendizagem da diferença. Refiro-me ao Festival de Cinema da América Latina e ao Ciclo Paisagens Efémeras. O festival, organizado pela Casa da América Latina e que decorreu, na passada, semana no Cinema S. Jorge, proporcionou o visionamento de filmes usualmente fora do circuito comercial e de excelente qualidade. O ciclo (ainda a decorrer na Galeria Quadrum), tendo como referência um antropólogo angolano, Ruy Duarte de Carvalho, pretende ir para além de uma homenagem a este intelectual e refletir sobre questões que afetam as nossas relações entre povos e culturas, mas também entre seres humanos. Aliás, estes dois eventos são pródigos no fornecimento de pistas para a interpretação da mesmidade (nós e os da mesma cultura) e da alteridade (nós e os outros).
Afinal dois acontecimentos culturais poderiam tornar-se no presente de Natal perfeito que nos faz pensar se é possível renascer e sair de um ciclo conturbado de guerras, migrações massivas e abusos sobre o ecossistema. Problemas que terão uma fatura elevada já no presente.
Ainda no mesmo registo sugiro também duas leituras. A primeira, “O Principezinho” de Antoine Saint-Exupéry, publicado recentemente pela Guerra e Paz, com uma nova tradução, voltando à história do menino que tem de contar a sua realidade a alguém que chega de paragens distantes. A outra sugestão é o livro de José Manuel Félix Ribeiro, intitulado “EUA versus China – Confronto ou Coexistência”, também da Guerra e Paz, em que é pensada a relação dos dois países com mais pujança económica no mundo atual, assistindo agora ao surgimento de novas turbulências e ao provável descentramento das atenções de ambos estados por razões diversas. São dois livros em diferentes domínios: um no ficcional e outro no real, mas ambos abrindo a nossa mente a um imaginário e a uma realidade que nos enriquecem.
Todas as sugestões que aqui deixo podem não ser o presente certo para aquela pessoa para quem falta comprá-lo, mas são, sem dúvida, maneiras de nos descobrirmos a nós e a quem nos rodeia. A conjuntura não é fácil. Entre crises financeiras e económicas, que teimam em ficar, e conflitos externos que não parecem ter fim à vista, a única solução é encontrarmo-nos a nós próprios e aos outros que estão à nossa volta. Seria bom que esta quadra com tanto significado na nossa cultura espoletasse esse sentido de descoberta e compreensão.
Cátia Miriam Costa
Investigadora do Centro de Estudos Internacionais, ISCTE – IUL
Publicado em: 18/12/2015 - 0:04:39
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