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O certo e o errado
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O certo e o errado
1. O que leva um adolescente a assassinar outro com uma barra de ferro? O que faz com que um grupo de adolescentes espanque um colega? Onde falhamos, como sociedade, para que estas coisas aconteçam? Nos últimos dias, muitos portugueses terão colocado estas questões.
Alguns acreditam que antigamente isto não acontecia, porque havia "valores" e disciplina. Outros culpam a crise, o desemprego, a "austeridade", a má qualidade do ensino ou a falta de funcionários nas escolas. Há também quem aponte o dedo às famílias "desestruturadas" e à "falta de amor". Cada caso é um caso e existirá, provavelmente, fundo de verdade em cada uma destas explicações. Porém, nenhuma vai ao cerne da questão. É difícil dizer isto sem passar por moralista, mas o problema de fundo é tão velho como a Humanidade. É uma doença que afecta tanto o miúdo como o graúdo, o rico e o pobre, o nativo e o meteco, o banqueiro e o sapateiro: a incapacidade de distinguir entre o certo e o errado, ou seja, entre aquilo que podemos fazer e aquilo que não devemos. E de agir em conformidade.
2. Jeremy Bentham, John Stuart Mill e outros filósofos do Utilitarismo defendiam que uma acção é moralmente correcta se tender a promover a felicidade e é condenável se tender a gerar infelicidade. Sendo que a "felicidade" desta equação será não só a de quem executa a acção, mas também a de todas as pessoas afectadas pela mesma. Porém, vivemos numa sociedade que segue a ética utilitarista apenas pela metade, confundindo o "Bem" com o que lhe convém. Na verdade, de nada pode servir ter as leis mais avançadas do mundo, boas regras de ‘corporate governance' nos bancos e nas empresas, super-reguladores e sistemas de justiça rápidos e eficazes.
Tal como demonstraram os grandes escândalos bancários da última década, as melhores leis do mundo só funcionam se os seres humanos as quiserem respeitar. A condição humana é o que é, pelo que haverá sempre quem cometa transgressões e esteja um passo à frente dos polícias e dos supervisores. Para lidar com isso, é preciso ter autoridades competentes e atentas. Mas é necessário, sobretudo, valorizar socialmente conceitos como a honestidade, a justiça e o trabalho. Corruptos e ladrões existem em todo o lado, aqui ou na Suécia. A diferença está na forma como cada sociedade lida com esses fenómenos. A batalha pelo progresso e pelo desenvolvimento ganha-se nos corações e nas mentes, não com políticos providenciais, super-juízes ou reguladores ultra-poderosos. E uma sociedade que não preze determinados valores está condenada ao atraso, à pobreza e à corrupção.
00:05 Filipe Alves
filipe.alves@economico.pt
Económico
Alguns acreditam que antigamente isto não acontecia, porque havia "valores" e disciplina. Outros culpam a crise, o desemprego, a "austeridade", a má qualidade do ensino ou a falta de funcionários nas escolas. Há também quem aponte o dedo às famílias "desestruturadas" e à "falta de amor". Cada caso é um caso e existirá, provavelmente, fundo de verdade em cada uma destas explicações. Porém, nenhuma vai ao cerne da questão. É difícil dizer isto sem passar por moralista, mas o problema de fundo é tão velho como a Humanidade. É uma doença que afecta tanto o miúdo como o graúdo, o rico e o pobre, o nativo e o meteco, o banqueiro e o sapateiro: a incapacidade de distinguir entre o certo e o errado, ou seja, entre aquilo que podemos fazer e aquilo que não devemos. E de agir em conformidade.
2. Jeremy Bentham, John Stuart Mill e outros filósofos do Utilitarismo defendiam que uma acção é moralmente correcta se tender a promover a felicidade e é condenável se tender a gerar infelicidade. Sendo que a "felicidade" desta equação será não só a de quem executa a acção, mas também a de todas as pessoas afectadas pela mesma. Porém, vivemos numa sociedade que segue a ética utilitarista apenas pela metade, confundindo o "Bem" com o que lhe convém. Na verdade, de nada pode servir ter as leis mais avançadas do mundo, boas regras de ‘corporate governance' nos bancos e nas empresas, super-reguladores e sistemas de justiça rápidos e eficazes.
Tal como demonstraram os grandes escândalos bancários da última década, as melhores leis do mundo só funcionam se os seres humanos as quiserem respeitar. A condição humana é o que é, pelo que haverá sempre quem cometa transgressões e esteja um passo à frente dos polícias e dos supervisores. Para lidar com isso, é preciso ter autoridades competentes e atentas. Mas é necessário, sobretudo, valorizar socialmente conceitos como a honestidade, a justiça e o trabalho. Corruptos e ladrões existem em todo o lado, aqui ou na Suécia. A diferença está na forma como cada sociedade lida com esses fenómenos. A batalha pelo progresso e pelo desenvolvimento ganha-se nos corações e nas mentes, não com políticos providenciais, super-juízes ou reguladores ultra-poderosos. E uma sociedade que não preze determinados valores está condenada ao atraso, à pobreza e à corrupção.
00:05 Filipe Alves
filipe.alves@economico.pt
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