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A cultura do compromisso
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A cultura do compromisso
Um crescimento acumulado da economia de 12,5%.
Um excedente comercial de 8,7%. Um défice zero em 2014 e uma previsão de 0,9% para 2015. Estes são alguns dos indicadores de dez anos no poder da chancelerina Angela Merkel, na Alemanha. Esta performance não foi, porém, conseguida sem um compromisso com o maior partido da oposição, o SPD. Quer em 2005, quer em 2013, a chancelerina formou uma “grande coligação” para governar, envolvendo mais do que apenas o maior partido adversário. Desenrolaram-se sempre negociações com o tempo necessário para uma ampla discussão do sentido e alcance das medidas a tomar, reduzindo a escrito tudo o que ficou decidido e assegurando a sua aprovação pelas bases dos partidos.
A “grande coligação” não é o único exemplo da cultura do compromisso (e da responsabilidade) que existe na sociedade alemã. Recorde-se, por exemplo, o que se passou em 2006 entre o maior sindicato alemão dos metalúrgicos e o grupo ThyssenKrupp AG. Os dirigentes sindicais acordaram então com aquele grupo empresarial uma diminuição dos salários em troca da salvaguarda dos postos de trabalho!
Em Portugal, infelizmente, esta cultura do compromisso é ainda uma miragem. Veja-se o que se passou na concertação social. A estrutura sindical que nunca assinou qualquer acordo, a CGTP, inviabilizou, mais uma vez, qualquer compromisso com as associações patronais. O ministro Vieira da Silva resumiu o que se passou a um problema entre parceiros. Um “problema” que o Governo resolveu de imediato, aumentando “unilateralmente” o salário mínimo para 530 euros sem lograr alcançar o acordo com os parceiros sociais.
Em Portugal, havia e há consenso sobre a necessidade de aumentar o salário mínimo. Mas, uma economia é o resultado da integração de políticas públicas e da atuação de uma multiplicidade de agentes que devem ser encarados de uma forma global e articulada. Uma negociação é um processo difícil e complexo - de que acima se apresentou uma brevíssima síntese no contexto alemão -, exigindo uma gestão atenta e transparente das legítimas ambições e agendas das várias partes envolvidas. Porém, nada se poderá fazer sem um interesse genuíno de todas as partes num compromisso que esteja acima dos meros interesses corporativos e/ou de agendas políticas ocultas.
Na última reunião da concertação social perdeu-se mais uma oportunidade para se alcançar um compromisso sério. O que se passou neste final do ano não se revelou auspicioso para tratar de grandes questões que terão de ser debatidas na concertação social. A começar pela produtividade, por exemplo. É chegada a altura de enfatizarmos aquilo que nos une e não o que nos divide para começarmos a cimentar uma autêntica cultura do compromisso.
00:05 h
Jorge Jordão
Económico
Um excedente comercial de 8,7%. Um défice zero em 2014 e uma previsão de 0,9% para 2015. Estes são alguns dos indicadores de dez anos no poder da chancelerina Angela Merkel, na Alemanha. Esta performance não foi, porém, conseguida sem um compromisso com o maior partido da oposição, o SPD. Quer em 2005, quer em 2013, a chancelerina formou uma “grande coligação” para governar, envolvendo mais do que apenas o maior partido adversário. Desenrolaram-se sempre negociações com o tempo necessário para uma ampla discussão do sentido e alcance das medidas a tomar, reduzindo a escrito tudo o que ficou decidido e assegurando a sua aprovação pelas bases dos partidos.
A “grande coligação” não é o único exemplo da cultura do compromisso (e da responsabilidade) que existe na sociedade alemã. Recorde-se, por exemplo, o que se passou em 2006 entre o maior sindicato alemão dos metalúrgicos e o grupo ThyssenKrupp AG. Os dirigentes sindicais acordaram então com aquele grupo empresarial uma diminuição dos salários em troca da salvaguarda dos postos de trabalho!
Em Portugal, infelizmente, esta cultura do compromisso é ainda uma miragem. Veja-se o que se passou na concertação social. A estrutura sindical que nunca assinou qualquer acordo, a CGTP, inviabilizou, mais uma vez, qualquer compromisso com as associações patronais. O ministro Vieira da Silva resumiu o que se passou a um problema entre parceiros. Um “problema” que o Governo resolveu de imediato, aumentando “unilateralmente” o salário mínimo para 530 euros sem lograr alcançar o acordo com os parceiros sociais.
Em Portugal, havia e há consenso sobre a necessidade de aumentar o salário mínimo. Mas, uma economia é o resultado da integração de políticas públicas e da atuação de uma multiplicidade de agentes que devem ser encarados de uma forma global e articulada. Uma negociação é um processo difícil e complexo - de que acima se apresentou uma brevíssima síntese no contexto alemão -, exigindo uma gestão atenta e transparente das legítimas ambições e agendas das várias partes envolvidas. Porém, nada se poderá fazer sem um interesse genuíno de todas as partes num compromisso que esteja acima dos meros interesses corporativos e/ou de agendas políticas ocultas.
Na última reunião da concertação social perdeu-se mais uma oportunidade para se alcançar um compromisso sério. O que se passou neste final do ano não se revelou auspicioso para tratar de grandes questões que terão de ser debatidas na concertação social. A começar pela produtividade, por exemplo. É chegada a altura de enfatizarmos aquilo que nos une e não o que nos divide para começarmos a cimentar uma autêntica cultura do compromisso.
00:05 h
Jorge Jordão
Económico
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