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A responsabilidade social
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A responsabilidade social
Henry Mintzberz, um dos mais conceituados especialistas de Gestão, acaba de lançar pistas muito importantes sobre a dimensão fundamental da responsabilidade social associada aos negócios e ao desenvolvimento da economia.
Segundo as palavras de Mintzberg, a responsabilidade social tem a sua expressão na capacidade do valor gerado no mercado ser partilhado de forma adequada e justa pela sociedade, de forma a garantir mecanismos de resposta às necessidades crescentes de segmentos da população sem alternativas de rendimento. A responsabilidade social é assim o compromisso de afirmação da capacidade de intervenção responsável por parte das organizações num mundo global com crescentes exigências.
O Estado e as empresas têm hoje uma ética social acrescida e mais exigente. A gestão de expetativas é hoje fundamental e quando se começaram a agudizar os sinais de falta de controlo na gestão operacional das contas públicas criou-se o imperativo da necessidade da intervenção. O Estado assumiu a condução do processo, para evitar a contaminação do sistema e a geração de riscos sistémicos com consequências incontroláveis, mas as dúvidas mantiveram-se em muitos quanto à existência de soluções alternativas mais condicentes com o funcionamento das regras do mercado. A ética social implica hoje um novo contrato de confiança entre os diferentes atores económicos e sociais e só com uma verdadeira mobilização e participação se conseguirão resultados concretos.
O ano de 2016 vai ser particularmente relevante para Portugal. Está em cima da mesa, no contexto da consolidação do processo de integração europeia, a capacidade de o nosso país conseguir efectivamente apresentar um modelo de desenvolvimento estratégico sustentado para o futuro. Da mesma forma que a maior democracia do mundo teve a coragem de eleger Barack Obama e com isso assumir a inevitabilidade do seu processo de reinvenção estratégica, também em Portugal sinais inequívocos de mudança têm que ser dados. Em tempo de crise, os casos recentes que vieram a lume vieram uma vez mais demonstrar que existe no nosso país uma “minoria silenciosa” que de há anos a esta parte mantém o status quo do sistema paralisado e a pretexto de falsas dinâmicas de renovação social e reconversão económica tenta reencontrar o caminho do futuro com as mesmas soluções do passado, impensáveis num contexto de mudança como aquele que vivemos.
As perguntas que as pessoas lançam, a propósito da intervenção do Estado num contexto de crise em tempo de globalização, correspondem sem dúvida a um sentimento coletivo de uma nova geração que cresceu e amadureceu numa sociedade aberta onde a força das ideias é central para o desenvolvimento da responsabilidade individual num quadro colectivo. A nova geração que ganhou dimensão global através da força dos instrumentos da sociedade da informação, acredita na felicidade e na justiça humana mas à custa de uma adequada aposta na criatividade individual e no reconhecimento do mérito na criação de valor.
Há que fazer por isso opções. Opções claras em termos operacionais no sentido de agilizar a máquina processual e, através dos mecanismos da eficiência e produtividade, vir a garantir estabilidade e confiança em todos os que sustentam o tecido social. Opções claras em torno de um modelo objetivo de compromisso entre governação qualificada central, geradora de dimensão estabilizadora e indução de riqueza territorial através da participação inovadora dos actores sociais. Opções assumidas na capacidade de projectar no futuro uma lógica de intervenção central que não se cinja ao papel clássico, dejá-vu, de correção in extremis das deficiências endémicas do sistema.
A confiança é a chave central do funcionamento de uma sociedade. Sem confiança, os cidadãos não se mobilizam para o futuro nem as instituições são capazes de protagonizar a sua própria mudança. Nunca tanto como agora a confiança foi tão vital e, também na economia, precisamos de uma “agenda de mudança” que mobilize os agentes empresariais e outros para as reestruturações que têm que ser levadas a cabo. Ou seja, os agentes empresariais, para utilizar a feliz expressão de Ram Charan proferida recentemente entre nós, “têm que reinventar a sua missão, alterar a estrutura de financiamento e projetar novos produtos e serviços para o futuro”. Essa mudança é a chave para que a economia volte a crescer e a sociedade se reencontre com a ambição estratégica do seu próprio futuro.
Na nova sociedade aberta, importa de forma clara consolidar o posicionamento de todos aqueles que têm um contributo a dar para a afirmação duma identidade partilhada e aceite por todos. Nem sempre se tem conseguido corresponder a este desafio. Querer cultivar a pequenez e aumentá-la numa envolvente já de si pequena, é firmar um atestado de incapacidade e de falta de crença no futuro. É doentia a incapacidade em definir, operacionalizar e dinamizar a lógica de “capital social” na nova sociedade. Por isso, e mais do que nunca, a “inteligência coletiva” no aproveitamento das contribuições destes novos atores torna-se nesta matéria um dado fundamental com que se deve contar para a afirmação de uma sociedade mais equilibrada e justa.
Por Francisco Jaime Quesado,
Presidente da ESPAP – Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública
Publicado em: 11/01/2016 - 10:51:56
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