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Dinheiro é mato
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Dinheiro é mato
No meio, ou no fim como dizem alguns, de uma crise económica sem precedentes e que tem fechado empresas, acabado com postos de trabalho, criado uma legião de desempregados, enviado milhares para a emigração e obrigado os portugueses a apertar o cinto até dizer basta, somos obrigados a concluir que afinal o dinheiro abunda neste país à beira mar plantado, pelo menos para algumas actividades enquanto que, para outras, as mais prioritárias, continua a faltar.
De repente aparecem quase mil e quinhentos milhões só para três clubes de futebol, os ditos grandes. Os outros os que se sujeitam à prepotência desses “grandes” ficam com umas migalhas cujo valor desconhecemos mas que de qualquer modo não devem ser de menosprezar. Dirão alguns que é negócio e que “dá Deus nozes a quem não tem dentes”. A realidade é que de uma forma ou outra seremos todos nós a pagar estes desvarios, ou não estivéssemos cada vez mais dependentes do telemóvel, do sms, da televisão e da internet.
De igual modo e no meio das tão propaladas dificuldades terão de aparecer mais uns largos milhões para resolver a situação de mais um banco que desde há muito andava nas bocas do mundo. Ainda não nos refizemos de um e já temos outro no colo sem certezas de que não venham outros a caminho. Como diz o povo não há fumo sem fogo e o nosso sistema bancário tem sido pródigo em surpreender-nos, infelizmente pela negativa.
Pelos exemplos atrás constatamos que desde que se fale em milhões não haverá problema, o governo resolverá, naturalmente recorrendo ao único banco que ainda vai deitando qualquer coisa, o contribuinte. O contribuinte que paga e não refila, que na hora de escolher, masoquistamente, escolhe sempre aqueles que mais lhe batem. Feitio bem português.
Se quando o problema envolve milhões aparece sempre uma solução milagrosa quando se fala de “tostões” o caso fia mais fino. Basta estarmos atentos ao que acontece na saúde onde, nos hospitais faltam profissionais para acorrerem às emergências a qualquer hora do dia ou da noite. Hospitais onde existem aparelhos indispensáveis avariados há imenso tempo, impossibilitando um diagnóstico eficaz. Hospitais onde faltam os consumíveis e medicamentos.
Hospitais velhos à espera que os políticos se entendam a definam se um hospital novo é prioridade ou capricho. Ou se quisermos falar em tostões no sentido real do termo vejamos a quantidade de famílias cada vez mais dependentes da solidariedade para resolverem a sua situação alimentar ou até mesmo aviar uma receita médica inadiável.
Bastariam alguns tostões para resolver situações de famílias vivendo em condições miseráveis de segurança e salubridade.
Por falta de dinheiro não será certamente. Dinheiro é mato. Está mal distribuído, em mãos erradas e mais sensíveis a uma boa negociata do que em aplicá-lo em beneficio comum.
Rui Nunes
Diário de Notícias da Madeira
Quarta, 13 de Janeiro de 2016
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