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Os desafios da ciência
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Os desafios da ciência
Só com uma aposta séria numa ciência inteligente será possível desenvolver uma economia inteligente, com efeitos no mercado
Muito se tem falado sobre a crise na ciência em Portugal. A mensagem que vem dos grandes mercados internacionais é muito clara – só com uma aposta séria numa ciência inteligente será possível desenvolver uma economia inteligente, com efeitos no mercado. Portugal precisa de estar nesta rota e importa mostrar que há um novo capital de competência estratégica de base nacional capaz de agarrar este desafio. Numa época de crise complexa, o objetivo da aposta numa ciência inteligente implica uma mobilização das competências nacionais para uma nova agenda. Portugal tem que saber agarrar esta nova oportunidade associada às opções europeias e a participação integrada das empresas, universidades e centros de inovação será fundamental.
A economia portuguesa está claramente confrontada com um desafio de crescimento efetivo e sustentado no futuro.
Os números dos últimos vinte anos não poderiam ser mais evidentes. A incapacidade de modernização do setor industrial e de nova abordagem, baseada na inovação e criatividade, de mercados globais, associada à manutenção do paradigma de uma “economia interna” de serviços com um carácter reprodutivo limitado criou a ilusão no final da década de 90 dum “crescimento artificial” baseado num consumo conjuntural manifestamente incapaz de se projetar no futuro.
Portugal precisa efetivamente de potenciar a sua presença ativa nas novas redes inteligentes de inovação e competitividade, com todas as consequências do ponto de vista de impacto na sua matriz económica e social. A política pública tem que ser clara – há que definir prioridades do ponto de investimento estrutural nos setores e nos territórios, sob pena de não se conseguirem resultados objetivos. Estamos no tempo dessa oportunidade. Definição clara dos “polos de competitividade” em que atuar (terão que ser poucos e com impacto claro na economia); seleção, segundo critérios de racionalidade estratégica, das zonas territoriais onde se vai atuar e efetiva mobilização de “redes ativas” de comercialização das competências existentes para captação de “IDE de inovação”.
O Investimento Directo Estrangeiro desempenha neste contexto um papel de alavancagem da mudança único.
Portugal precisa de forma clara de conseguir entrar com sucesso no roteiro do “IDE de inovação” associado à captação de empresas e centros de I&D identificados com os setores mais dinâmicos da economia – tecnologias de informação e comunicação, biotecnologia, automóvel e aeronáutica, entre outros. Trata-se de uma abordagem distinta, protagonizada por “redes ativas” de atuação nos mercados globais envolvendo os principais protagonistas setoriais (empresas líderes, universidades, centros I&D), cabendo às agências públicas um papel importante de contextualização das condições de sucesso de abordagem dos clientes.
Uma nova economia, capaz de garantir uma economia nova sustentável, terá que se basear numa lógica de focalização em prioridades claras. Assegurar que o “IDE de inovação” é vital na atração de competências que induzam uma renovação ativa estrutural do tecido económico nacional; mobilizar de forma efetiva os “centros de competência” para esta abordagem ativa no mercado global – mas fazê-lo tendo em atenção critérios de racionalidade estratégica definidos à partida, segundo opções globais de política pública, que tenham em devida atenção a necessidade de manter níveis coerentes de coesão social e territorial.
Por Francisco Jaime Quesado
Presidente da ESPAP – Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública
Publicado em: 24/01/2016 - 19:57:31
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