A Comissão a fazer o seu trabalho

A Comissão Europeia foi intransigente e impôs um Orçamento pior a Portugal?

Esta é uma forma de ver, embora esqueça que Portugal ratificou livremente os tratados europeus, esqueça que a maioria dos portugueses apoia a pertença do seu país à zona euro e que, no fundo, Bruxelas apenas traça a fronteira e não escolhe directamente as políticas. Mas há outro ângulo para se perceber por que razão a vigilância da Comissão - que está longe de ser draconiana - é importante para Portugal. As regras europeias foram alteradas desde o início da crise da zona euro para persuadir os investidores em dívida de que os problemas de coordenação e de indisciplina iriam desaparecer. 

O mercado, entretanto anestesiado pelo programa do Banco Central Europeu, parece ter comprado essas melhorias pelo seu valor facial - um abandalhamento total da vigilância europeia às novas regras seria um factor de risco a médio prazo para toda a zona euro e, sobretudo, para os países mais pequenos e endividados da região, como Portugal. 

No fundo, ao contrário do que se vende por aqui, a resistência da Comissão à tendência natural da política para agradar é uma das melhores linhas de defesa dos interesses dos contribuintes e do Estado Social que financiam.
 
E esta, hein?

00:05 h
Económico