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Bom senso e temeridade
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Bom senso e temeridade
Era bom que o Orçamento de Estado para 2016 se limitasse a ser uma espécie de conflito “direita”-”esquerda”, motivado por algum despeito de um lado e pela manifesta insegurança que o outro revela. A gente mandava umas “bocas”, recebia outras de volta e a vida continuava, alegremente, porque o despeito passa e a segurança vai-se conquistando. Mas não é. O problema é que o OE para 2016 é uma conversa mais séria e coloca, em polos opostos, o bom-senso (que não é um exclusivo da “direita”) e a temeridade (que também não é exclusiva da “esquerda”). O país experimentou as “passas do Algarve”, nos últimos anos. Todos, ou quase todos, sofremos as consequências de escolhas políticas desastradas e das tendências eleitoralistas de muitos dos governos que ocuparam o Terreiro do Paço e São Bento. Não, os erros não foram cometidos, apenas pela “direita” ou maioritariamente pela “esquerda”.
Neles, incorreram muitos dos executivos do pós 25 de Abril. Em que consistiram? Numa clara inversão de prioridades de investimento que geraram políticas orçamentais despesistas; na utilização do Estado como fonte ilimitada de pagamento de favores políticos, de empregabilidade, de controle da economia e também da vida dos cidadãos, ou seja, como plataforma privilegiada para a manutenção de poder; na mistura perigosa entre aquilo que é público e aquilo que é privado; na submissão a grupos económicos ou de interesse (muitas vezes, um sindicato ou uma corporação profissional é tão nocivo para o bem comum como um grupo económico gerido por alguém com poucos escrúpulos). A que nos conduziu esta praxis? A três falências em quarenta anos, com intervenções externas que limitaram a nossa soberania e nos impuseram, a quase todos, sacrifícios atrás de sacrifícios. O que nos aconteceu nos últimos cinco anos? Será preciso lembrar que quando Sócrates foi, finalmente, empurrado para fora da cadeira do poder, o país estava mais uma vez falido? E que meses antes de consumada a tragédia, o então primeiro-ministro andava a apresentar, com pompa e circunstância, o projeto de um novo aeroporto em Lisboa, como se de alguém completamente alheado da realidade se tratasse? Será preciso recordar a troika e os aumentos de impostos impostos e a falência de empresas e a emigração, que não foram resultado do remédio mas sim da doença de que padecíamos há muito? E hoje? Será necessário relembrar os sacrifícios que quase todos fizemos e que, com erros mas com muitos acertos, permitiu que começássemos a recuperar a soberania? Será necessário lembrar que os apelos ao consumo, a ideia de que incrementando o consumo faz-se a economia crescer, foi uma daquelas nos levaram ao abismo? Será mesmo necessário lembrar a lição que aprendemos tão duramente, ou seja, que o despesismo de hoje são os impostos de amanhã? Será difícil perceber que Portugal necessita de reformas estruturais e não de uma espécie de manutenção do status quo como via rápida para garantir o poder? Será difícil entender que não merecemos um Governo que cometa os erros de tantos dos governos anteriores e que representará o regresso a um passado que ainda é tão, mas tão presente? Um Governo que não nos fala a verdade, subindo os impostos fingindo que não o faz, cedendo aos sindicatos e a grupos de pressão para comprar paz no Parlamento, sem uma ideia estratégica que não o estafado “virar a página da austeridade”, que nem isso é? Um Governo que viva da propaganda, de vídeos “esbranquiçados” e justificativos, de power points e de intenções e de anúncios mais ou menos pomposos? Não, isto não é uma espécie de debate dialético entre a uma suposta “direita” e uma suposta “esquerda”. É muito mais importante do que isso. Infelizmente, é muito mais do que isso.
Gonçalo Santos
Diário de Notícias da Madeira
Quinta, 18 de Fevereiro de 2016
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