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O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
CRÓNICA Yann Martel na tundra portuguesa
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CRÓNICA Yann Martel na tundra portuguesa
Yann Martel, o autor da "Vida de Pi", escreveu um livro sobre Portugal e chamou-lhe "As Altas Montanhas de Portugal", porque, segundo ele, Portugal é um país onde não há quaisquer montanhas.
Há uma grande tradição na literatura anglófona de romances com cenários estrangeiros. No século XIX, os viajantes britânicos faziam o “Grand Tour” da Europa e do norte da África, e voltavam a casa, meses depois, cheios de inspiração para escrever sobre estrangeiros engraçados e paisagens exóticas. No último século, passou a ser costume para alguns escritores passarem o verão fora da Inglaterra, num lado ou no outro do Mediterrâneo, ou trocarem Londres por uma “vida mais simples” na Toscânia, na Provença ou em Granada. Resultaram daí muitos livros sobre aldeias queriduchas, cheias de aldrabões simpáticos que ajudam os estrangeiros recém-chegados a construírem uma casa.
Este hábito decorre, em parte, da suposição inglesa de que qualquer lugar estrangeiro é mais interessante, místico ou pitoresco do que a nossa terra, e em parte, daquela fabulosa arrogância anglófona, de que os portugueses gostam tanto. O escritor visita um país exótico durante uma temporada (ou ainda menos tempo), não aprende mais da língua do que a dizer “obrigado”, e depois escreve sobre o país como se entendesse o seu funcionamento e o seu povo. Há, em inglês, centenas de livros escritos assim sobre França, Itália, Espanha, Grécia, o subcontinente Indiano, a América Latina… mas ainda poucos sobre Portugal.
Mas Portugal deve estar agora mesmo na moda, porque eis que acaba de sair um romance desse género tendo Portugal como base, escrito por um escritor conhecido. Já está em todas as montras de Lisboa, ainda no inglês original. Há outros romances sobre Portugal, mas são poucos. Kingsley Amis escreveu um nos anos 50, e não apanhou Portugal nada bem, depois de ter passado quinze dias de férias no Estoril. Monica Ali escreveu “Azul Alentejo” há uns dez anos, depois de ter alugado uma casa em São Teotónio durante uns verões. Acertou em muito pouca coisa, excepto na paisagem que ficava mais perto da casa. Robert Wilson tem incluído Portugal nos seus policiais, e acerta lindamente, mas vive cá. Agora, Yann Martel, que escreveu “A Vida de Pi”, escreveu um romance sobre Portugal e o seu Portugal é um Portugal completamente irreconhecível. Sim, atirei o livro à parede várias vezes.
Será que isto faz algum mal? Fará mal que um escritor não faça a mínima ideia do lugar que escolheu para encenar a sua versão canadiana do realismo mágico? Afinal, é só realismo mágico – e canadiano.
Entre os caminhos mágicos já muito pisados desta realidade mágica do Martel, há um chimpanzé que vive dentro de um homem (um chimpanzé não pode viver dentro de um homem!), e um lisboeta que, em 1904, decide só andar a pé em marcha-atrás, sem ser metido num hospício (teria sido metido num hospício!). Que diferença pode fazer que ele se engane e coloque a estátua do Marquês de Pombal na Praça do Comércio, ou que seja incapaz de descrever qualquer paisagem além de um Ribatejo básico e de uns Trás-os-Montes ainda mais básicos? O primeiro terço do livro trata de uma viagem detalhada de Lisboa a Trás-os-Montes, mas pelo caminho não há menção de nenhuma serra, nenhum vale, nenhum rio que não seja o Tejo. Imagine qualquer viagem do sul para o norte de Portugal, e é impensável não reparar nas mudanças de paisagem. As aldeias que Martel descreve parecem aquelas aldeias francesas perfeitas que se vêem nos filmes, os aldeões que ele encontra (além de uma excepção notavelmente eloquente) vivem na gama pequena entre “saloio simples” e “idiota da aldeia”. Os protagonistas principais parecem-se com personagens que esperaríamos encontrar num romance de Gabriel Garcia Marquez ou de Isabel Allende, ou seja, parecem-se com latino-americanos, e não com portugueses. Não há portugueses no Portugal de Yann Martel.
Mas o pior de tudo está no título do livro: “As Altas Montanhas de Portugal”. Martel optou por esse nome convencido de que estava a ser irónico ou místico, porque, segundo ele, a verdade é que não há quaisquer montanhas ou serras em Portugal. É o que diz nesta entrevista à National Public Radio dos EUA: “Há uma província, uma região, no nordeste de Portugal que se chama Trás-os-Montes, que significa além das montanhas, ou atrás das montanhas. E isto é muito curioso, porque não há montanhas. … como duas das minhas personagens no livro reparam, é engraçado que se chame “As Altas Montanhas” e não haja montanhas”. Que dizer? Primeiro, Martel confunde “atrás/além” com “altas” (sei lá como); depois, nega o facto de Portugal ter montanhas. Ele deve ter dormido no carro entre o aeroporto da Portela e Trás-os-Montes.
Mas que mal faz que um canadiano tenha escrito uma fantasia latino-americana e a situe num país que não conhece, não acertando em nada, não retratando correctamente quase nada desse país? E que mal faz que a sua editora nunca se tenha lembrado de pedir um português para dar ao livro uma vista de olhos?
Não faz mal nenhum, pois não?
(traduzido do original inglês pela autora)
Yann Martel lost in the Portuguese Tundra
There is a massive tradition in English literature of writing novels set in foreign locations. Writers used to go off on the Grand Tour in the nineteenth century and arrive home months later inspired to write tales about the amusing foreigners in their fabulous surroundings. More recently, the habit of spending the summers somewhere or moving to the “simpler” way of life in Tuscany, Provence or Granada has produced a plethora of books about quaint villages with rascally but quaint inhabitants helping the new occupant to build their house.
Partly this is down to the assumption that anywhere else is more interesting, mystical or picturesque than home, and partly down to that fantastic anglophone arrogance that you all love so much in us. The writer visits, stops for a while (or not), doesn’t learn the language beyond the ps and qs and then writes about it as if he knows how the place and the people work. There are hundreds of books written by English language writers about France, Italy, Spain, Greece, the Indian Subcontinent, the South Americas… most of the world, really, although hardly ever Portugal.
But Portugal really must be in fashion at the moment, as there is a big novel out, with Portugal as its backdrop, written by a big foreign writer and it’s in all the bookshop windows in Lisbon, untranslated from the English. There have been books about Portugal before, but they are few and far between. Kingsley Amis wrote one in the 1950s, getting Portugal fairly wrong. He probably wrote it after a fortnight’s holiday in Estoril. Monica Ali did it ten years ago, after she rented a house each summer for a couple of years in São Teotónio. She got Portugal badly wrong, except for a bit of Alentejanan landscape in close proximity. Robert Wilson writes crime thrillers and uses Portugal in some of his books and he nails it, but he lives here. Now, Yann Martel just did it and his Portugal is just all kinds of wrong, book thrown across the room kind of wrong.
Does that matter? Does it matter if a writer doesn’t have the first clue about the place in which he has based his magical realism? It is magical realism, after all.
If, amongst many other well trodden magical paths in Martel’s magical reality, a chimpanzee can inhabit the inside of a man (a chimpanzee cannot inhabit the inside of a man), or a Lisboeta can decide to walk only backwards in 1904 and not be sent to the asylum (he would have been sent to he asylum), does it matter if he places Marquês de Pombal on Praça do Comércio, and is incapable of describing any landscape other than a bit of Ribatejo and then Trás-os-Montes? The first third of the book is taken up with a highly detailed journey from Lisbon to Trás-os-Montes but on his way doesn’t mention the terrain, no mountain, no valley, no river that is not the Tejo. Imagine any journey you might make from south to north in Portugal. Unimaginable to not notice the changes of the landscape around you. The villages he describes all sound like perfect little French villages you see in films, the villagers he encounters (apart from one notably and incredibly eloquent exception) all inhabiting the small gamut of simple peasant to bumbling halfwit. The principal characters feel like characters copied from an Gabriel Garcia Marquez or Isabel Allende story. i.e. Latin American, not Portuguese. Not remotely Portuguese.
Worst of all is that the title of the book is “The High Mountains of Portugal”. He named it because he thinks he is being ironic and/or mystical, because he thinks that there are no mountains in Portugal. Genuinely.
This from an interview with NPR: “There is a province, a region, of the northeast of Portugal called Trás-os-Montes, which means beyond the mountains, beyond or behind the mountains. And it’s very curious because there are no mountains. … as two of my characters point out it’s funny because it’s called the High Mountains and there are no mountains.” So, firstly he confuses “beyond the” with “high” and then just neglects the fact that Portugal has a whole bunch of mountains. He must have slept in the car from the airport to Trás-os-Montes.
It doesn’t really matter if a Canadian writes a fantasy based in a country he doesn’t know, gets it massively wrong, conveys virtually nothing genuine about that country, and his publisher never thinks to ask a Portuguese national to give it a quick once over.
Does it?
Lucy Pepper
21/2/2016, 2:00
Observador
Há uma grande tradição na literatura anglófona de romances com cenários estrangeiros. No século XIX, os viajantes britânicos faziam o “Grand Tour” da Europa e do norte da África, e voltavam a casa, meses depois, cheios de inspiração para escrever sobre estrangeiros engraçados e paisagens exóticas. No último século, passou a ser costume para alguns escritores passarem o verão fora da Inglaterra, num lado ou no outro do Mediterrâneo, ou trocarem Londres por uma “vida mais simples” na Toscânia, na Provença ou em Granada. Resultaram daí muitos livros sobre aldeias queriduchas, cheias de aldrabões simpáticos que ajudam os estrangeiros recém-chegados a construírem uma casa.
Este hábito decorre, em parte, da suposição inglesa de que qualquer lugar estrangeiro é mais interessante, místico ou pitoresco do que a nossa terra, e em parte, daquela fabulosa arrogância anglófona, de que os portugueses gostam tanto. O escritor visita um país exótico durante uma temporada (ou ainda menos tempo), não aprende mais da língua do que a dizer “obrigado”, e depois escreve sobre o país como se entendesse o seu funcionamento e o seu povo. Há, em inglês, centenas de livros escritos assim sobre França, Itália, Espanha, Grécia, o subcontinente Indiano, a América Latina… mas ainda poucos sobre Portugal.
Mas Portugal deve estar agora mesmo na moda, porque eis que acaba de sair um romance desse género tendo Portugal como base, escrito por um escritor conhecido. Já está em todas as montras de Lisboa, ainda no inglês original. Há outros romances sobre Portugal, mas são poucos. Kingsley Amis escreveu um nos anos 50, e não apanhou Portugal nada bem, depois de ter passado quinze dias de férias no Estoril. Monica Ali escreveu “Azul Alentejo” há uns dez anos, depois de ter alugado uma casa em São Teotónio durante uns verões. Acertou em muito pouca coisa, excepto na paisagem que ficava mais perto da casa. Robert Wilson tem incluído Portugal nos seus policiais, e acerta lindamente, mas vive cá. Agora, Yann Martel, que escreveu “A Vida de Pi”, escreveu um romance sobre Portugal e o seu Portugal é um Portugal completamente irreconhecível. Sim, atirei o livro à parede várias vezes.
Será que isto faz algum mal? Fará mal que um escritor não faça a mínima ideia do lugar que escolheu para encenar a sua versão canadiana do realismo mágico? Afinal, é só realismo mágico – e canadiano.
Entre os caminhos mágicos já muito pisados desta realidade mágica do Martel, há um chimpanzé que vive dentro de um homem (um chimpanzé não pode viver dentro de um homem!), e um lisboeta que, em 1904, decide só andar a pé em marcha-atrás, sem ser metido num hospício (teria sido metido num hospício!). Que diferença pode fazer que ele se engane e coloque a estátua do Marquês de Pombal na Praça do Comércio, ou que seja incapaz de descrever qualquer paisagem além de um Ribatejo básico e de uns Trás-os-Montes ainda mais básicos? O primeiro terço do livro trata de uma viagem detalhada de Lisboa a Trás-os-Montes, mas pelo caminho não há menção de nenhuma serra, nenhum vale, nenhum rio que não seja o Tejo. Imagine qualquer viagem do sul para o norte de Portugal, e é impensável não reparar nas mudanças de paisagem. As aldeias que Martel descreve parecem aquelas aldeias francesas perfeitas que se vêem nos filmes, os aldeões que ele encontra (além de uma excepção notavelmente eloquente) vivem na gama pequena entre “saloio simples” e “idiota da aldeia”. Os protagonistas principais parecem-se com personagens que esperaríamos encontrar num romance de Gabriel Garcia Marquez ou de Isabel Allende, ou seja, parecem-se com latino-americanos, e não com portugueses. Não há portugueses no Portugal de Yann Martel.
Mas o pior de tudo está no título do livro: “As Altas Montanhas de Portugal”. Martel optou por esse nome convencido de que estava a ser irónico ou místico, porque, segundo ele, a verdade é que não há quaisquer montanhas ou serras em Portugal. É o que diz nesta entrevista à National Public Radio dos EUA: “Há uma província, uma região, no nordeste de Portugal que se chama Trás-os-Montes, que significa além das montanhas, ou atrás das montanhas. E isto é muito curioso, porque não há montanhas. … como duas das minhas personagens no livro reparam, é engraçado que se chame “As Altas Montanhas” e não haja montanhas”. Que dizer? Primeiro, Martel confunde “atrás/além” com “altas” (sei lá como); depois, nega o facto de Portugal ter montanhas. Ele deve ter dormido no carro entre o aeroporto da Portela e Trás-os-Montes.
Mas que mal faz que um canadiano tenha escrito uma fantasia latino-americana e a situe num país que não conhece, não acertando em nada, não retratando correctamente quase nada desse país? E que mal faz que a sua editora nunca se tenha lembrado de pedir um português para dar ao livro uma vista de olhos?
Não faz mal nenhum, pois não?
(traduzido do original inglês pela autora)
Yann Martel lost in the Portuguese Tundra
There is a massive tradition in English literature of writing novels set in foreign locations. Writers used to go off on the Grand Tour in the nineteenth century and arrive home months later inspired to write tales about the amusing foreigners in their fabulous surroundings. More recently, the habit of spending the summers somewhere or moving to the “simpler” way of life in Tuscany, Provence or Granada has produced a plethora of books about quaint villages with rascally but quaint inhabitants helping the new occupant to build their house.
Partly this is down to the assumption that anywhere else is more interesting, mystical or picturesque than home, and partly down to that fantastic anglophone arrogance that you all love so much in us. The writer visits, stops for a while (or not), doesn’t learn the language beyond the ps and qs and then writes about it as if he knows how the place and the people work. There are hundreds of books written by English language writers about France, Italy, Spain, Greece, the Indian Subcontinent, the South Americas… most of the world, really, although hardly ever Portugal.
But Portugal really must be in fashion at the moment, as there is a big novel out, with Portugal as its backdrop, written by a big foreign writer and it’s in all the bookshop windows in Lisbon, untranslated from the English. There have been books about Portugal before, but they are few and far between. Kingsley Amis wrote one in the 1950s, getting Portugal fairly wrong. He probably wrote it after a fortnight’s holiday in Estoril. Monica Ali did it ten years ago, after she rented a house each summer for a couple of years in São Teotónio. She got Portugal badly wrong, except for a bit of Alentejanan landscape in close proximity. Robert Wilson writes crime thrillers and uses Portugal in some of his books and he nails it, but he lives here. Now, Yann Martel just did it and his Portugal is just all kinds of wrong, book thrown across the room kind of wrong.
Does that matter? Does it matter if a writer doesn’t have the first clue about the place in which he has based his magical realism? It is magical realism, after all.
If, amongst many other well trodden magical paths in Martel’s magical reality, a chimpanzee can inhabit the inside of a man (a chimpanzee cannot inhabit the inside of a man), or a Lisboeta can decide to walk only backwards in 1904 and not be sent to the asylum (he would have been sent to he asylum), does it matter if he places Marquês de Pombal on Praça do Comércio, and is incapable of describing any landscape other than a bit of Ribatejo and then Trás-os-Montes? The first third of the book is taken up with a highly detailed journey from Lisbon to Trás-os-Montes but on his way doesn’t mention the terrain, no mountain, no valley, no river that is not the Tejo. Imagine any journey you might make from south to north in Portugal. Unimaginable to not notice the changes of the landscape around you. The villages he describes all sound like perfect little French villages you see in films, the villagers he encounters (apart from one notably and incredibly eloquent exception) all inhabiting the small gamut of simple peasant to bumbling halfwit. The principal characters feel like characters copied from an Gabriel Garcia Marquez or Isabel Allende story. i.e. Latin American, not Portuguese. Not remotely Portuguese.
Worst of all is that the title of the book is “The High Mountains of Portugal”. He named it because he thinks he is being ironic and/or mystical, because he thinks that there are no mountains in Portugal. Genuinely.
This from an interview with NPR: “There is a province, a region, of the northeast of Portugal called Trás-os-Montes, which means beyond the mountains, beyond or behind the mountains. And it’s very curious because there are no mountains. … as two of my characters point out it’s funny because it’s called the High Mountains and there are no mountains.” So, firstly he confuses “beyond the” with “high” and then just neglects the fact that Portugal has a whole bunch of mountains. He must have slept in the car from the airport to Trás-os-Montes.
It doesn’t really matter if a Canadian writes a fantasy based in a country he doesn’t know, gets it massively wrong, conveys virtually nothing genuine about that country, and his publisher never thinks to ask a Portuguese national to give it a quick once over.
Does it?
Lucy Pepper
21/2/2016, 2:00
Observador
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