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Portugal, meu amor
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Portugal, meu amor
Christopher e Elly Owen casaram, em 2015, em Mafra, no meio das vinhas da Quinta de Sant'Ana e a 15 minutos das ondas da Ericeira
PEN MCKINLEY-RODGERS
Os casamentos entre estrangeiros estão a aumentar em Portugal e a criar uma indústria. Trazem muitos turistas e têm impacto direto nas economias locais
Elly adora vinho e trabalha como sommelier (escanção) do restaurante Fifteen Cornwall, do famoso chef Jamie Oliver. Christopher pratica surf e é gerente de uma loja dedicada a este desporto. São ingleses, vivem e trabalham em Crantock, uma vila virada para o mar, na Cornualha. O casal ainda não conhecia Portugal quando cá decidiu casar: “Ouvimos uns amigos falar da quinta e pareceu-nos tão maravilhoso que decidimos que nos haveríamos de casar ali”, conta a britânica, de 35 anos. A 3 de setembro de 2015, o casal Owen deu o nó na Quinta de Sant’Ana, em Mafra, a 15 minutos das ondas da Ericeira e em plena vinha da região de Lisboa.
“Não podíamos pedir mais”, conta Elly, que ao cenário edílico junta o clima quente como fatores cruciais para ter escolhido o território português para celebrar o matrimónio. Outro fator pesou na balança: “Nunca conseguiríamos pagar o mesmo casamento em Inglaterra”, diz. A boda, com 110 convidados, custou 10 mil libras (€13 mil). No Reino Unido “custaria, pelo menos, 35 mil libras (€46 mil)”.
Para 2016, a Quinta de Sant’Ana, propriedade vinícola que organiza copos de água desde 1999, nota o aumento do número de casamentos internacionais, que já perfazem 54% das reservas. “Estes casamentos trazem muito mais negócio para várias indústrias na nossa região, como hotelaria, restauração, catering, bares e cafés, transportes, surf, serviços de beleza, babysitting”, vai nomeando Paula Duarte, responsável por uma unidade que, entre estes eventos, o turismo e o vinho, fatura €1 milhão.
Estes casamentos entre estrangeiros estão a ganhar terreno no país, mas ainda não foi contabilizado o seu impacto económico. Em 2006, segundo o Ministério da Justiça, foram 249 as celebrações deste género (entre civil e religioso); em 2015, foram mais de 830. De fora da contagem ficam “centenas” de cerimónias apenas “simbólicas” (quando a união é oficializada no país de origem, mas a festa é feita em Portugal), como contam os agentes deste mercado.
“Eu acho que ainda não percebemos o potencial deste nicho”, aponta Paula Grade que, em 2007, lançou a Algarve Wedding Planners, uma das primeiras empresas de planeamento de casamentos em Portugal. No ano passado, organizou 100 destes eventos a sul, apenas um de portugueses. Regra geral, custam entre €25 mil e €50 mil, decorrem em hotéis de cinco estrelas ou quintas, e arrastam consigo entre 50 a 150 turistas. “Isto mexe muito com a economia. É dinheiro que entra em dormidas, refeições, compras, durante vários dias”, explica, com as regiões a beneficiarem: “É um exemplo simbólico: a igreja de Boliqueime conseguiu fazer as obras de restauro de que necessitava com o fee que os nossos noivos lhes pagaram. O café que lá existe também passou a ter clientela com poder de compra que, de outra maneira, nunca lá pararia”, descreve. No ano passado, o cinco estrelas Pine Cliffs, na Praia da Falésia, em Albufeira, acolheu 60 casamentos, 90% deles entre estrangeiros e que geraram meio milhão de euros de negócio (excluindo alojamento).
LISBOA NO RADAR
Se o Algarve se impôs como o destino primordial para os noivos estrangeiros, sobretudo a partir de 2006, quando muitos casais irlandeses descobriram o local perfeito para a sua união, este fenómeno está a expandir-se, com a região da Grande Lisboa a atrair cada vez mais as atenções. Ao ponto de Paula Grade ter inaugurado a filial Lisbon Weddings, no ano passado: “Tivemos logo quase 30 casamentos”, explica. A sua empresa passou a integrar uma agência de viagens, a Eco Viagens, para aproveitar o potencial turístico destes eventos. O objetivo é expandir a marca para regiões como o Douro e a Madeira.
O Penha Longa Resort, em Sintra, teve, em 2015, acima de 70 casamentos. A unidade hoteleira tem oito espaços disponíveis para copos de água, conta com duas pessoas dedicadas a este negócio na sua equipa e participa em feiras de casamentos em mercados internacionais. Segundo Vanessa Tomé, relações públicas da unidade, os noivos ingleses foram tantos quanto os portugueses (30% cada), seguindo-se os norte-americanos, franceses e brasileiros. Aí, o preço de um casamento, com referência média de 100 convidados, começa nos €12 mil e dependerá dos serviços solicitados pelos noivos. “Os casamentos portugueses demoram tendencialmente um a dois dias. Os estrangeiros demoram duas a cinco noites”, refere a responsável.
O Four Seasons Hotel Ritz, em Lisboa, tem notado uma “tendência crescente” na realização de casamentos entre estrangeiros. São já 16 os que estão agendados para este ano. Um deles, de um casal indiano, durará quatro dias. “Alguns casamentos, com menus feitos à medida, decoração, entre outras coisas, podem trazer um volume de negócios na ordem de €1 milhão”, explicita o diretor-geral, Guilherme Costa. Precisamente no Ritz decorre, este sábado, a primeira edição da “The Destination — International Wedding Conference”, que recebe editores de plataformas digitais internacionais e profissionais especializados nesta área.
Susana Esteves Pinto é a portuguesa à frente da iniciativa, que tem o apoio do Portugal 2020: esta designer já tinha, em 2010, fundado o Simplesmente Branco, uma plataforma agregadora de serviços relacionados com casamentos, dirigida ao público português. Em 2014, decidiu lançar o site The Destination, a pensar nos casais estrangeiros e nos prestadores de serviços portugueses (entre espaços de eventos, wedding planners, fotógrafos ou decoradores) que procuram atrair esta fatia de negócio. “Em termos económicos, estamos a falar de um assunto relevante para Portugal: isto permite às empresas nacionais terem um calendário mais alargado de trabalho, com muitos destes casamentos a decorrer em épocas baixas e durante a semana. É fundamental se pensarmos que, também devido às nossas características demográficas, os portugueses estão a casar menos”, aponta Susana. Segundo o Ministério da Justiça, foram celebrados, em 2006, 49.657 casamentos em Portugal; no ano passado, ficaram-se pelos 34.091.
MERCADO DE LUXO
“Os casamentos podem começar nos €15 mil, mas há para todos os patamares”, afirma Susana. Jasmine Lazzari, italiana de 41 anos a viver em Portugal há 16, trouxe consigo os contactos dos anos em que viveu em Londres e, hoje, organiza “o dia mais feliz na vida” de “presidentes e administradores, médicos, advogados, especialistas em banca de investimento”, que escolhem Portugal, sobretudo a região de Lisboa, “que é mais requintada e variada” para se casarem. Já organizou um casamento para apenas 35 convidados, mas também já montou uma cerimónia a que assistiram 450 pessoas, cujos noivos eram angolanos. Por ano, organiza apenas 15 casamentos. “A The Wedding Company é pequena mas tem um posicionamento de topo. Um casamento muito bom custa, normalmente, €1500 por pessoa, a que se soma ainda o nosso fee. Até hoje, o mais caro que organizei ficou em €2 mil por convidado.”
São eventos mais cosmopolitas. Como aquele que Joana Silveira, 35 anos e mentora da Portugal Wedding Planners, em Lisboa, organizou: “Em 35 convidados, eram 14 as nacionalidades presentes”, explica. Esta empresa fez, em 2015, 20 casamentos, “mas recebemos 300 pedidos”. França, Itália e Espanha são os principais destinos de casamentos entre estrangeiros.
NÚMEROS ABENÇOADOS
832 é o número de casamentos entre estrangeiros em Portugal, em 2015, mas faltam somar “várias centenas” de cerimónias simbólicas. As principais nacionalidades são brasileira, guineense, inglesa, alemã, italiana e francesa.
276 mil milhões de euros é quanto vale a indústria mundial dos casamentos, segundo a consultora IBISWorld. Emprega mais de 750 mil pessoas e dá atividade a 500 mil empresas.
JOANA MADEIRA PEREIRA
13.03.2016 às 9h00
Expresso
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