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Interesses
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Interesses
A sociedade parece ter despertado para a necessidade de existir uma banca forte e capitalizada.
Quando a ‘troika’ alocou 12 mil milhões de euros do programa de ajustamento para capitalizar a banca, esquerda e direita, administradores e accionistas, fizeram-se rogados e não se coibiram de dizer que não era necessário tanto dinheiro para a banca. Após um período conturbado, com aumentos de capitais e resolução de duas instituições, os portugueses perceberam que se há algo que escasseia na banca é capital. As novas regras, o aumento das restrições ao financiamento de dívida pública, a maior dificuldade na emissão de dívida de bancos nos mercados, as taxas de juro negativas e o elevado nível de incumprimento são alguns dos factores que obrigam à reestruturação da banca e à procura de novos accionistas.
O debate da “espanholização” da banca é legítimo e necessário, mas insere-se em algo maior. Antes de todas as discussões importa saber do porquê de não existirem empresários nacionais que queiram deter participações qualificadas relevantes no sector financeiro. Existem empresários que seriam capazes de ter participações importantes, mas por alguma razão não o pretendem fazer. O histórico das últimas duas décadas, de mistura entre banca e política, e banca e negócios, não abona a favor de um investimento sério e duradouro no sector financeiro. Foram anos de promiscuidade entre poder político e poder económico. Ao analisarmos os movimentos de pessoas relevantes, constata-se que muitas transitaram do sector político para o financeiro e não o contrário. Por alguma razão não é aprovada uma lei que impeça os intermináveis conflitos de interesse, para impedir que quem legisle vá trabalhar para as empresas – e isto sem qualquer prejuízo para a seriedade das pessoas.
Ora, é provável que um empresário bem-sucedido não queira ficar nas mãos de gestores ou de interesses que não sejam os que mais interessam à instituição financeira. É provável que esses mesmos empresários possam pensar que não vão resistir à tentação de utilizar o banco no qual têm uma participação em benefício do seu grupo. Muitas razões podem explicar o desaparecimento do investimento nacional.
O sucesso da banca espanhola em Portugal deve-se muito à fraqueza das instituições portuguesas, debilitadas pelos conflitos de interesse. É mais fácil a um banco espanhol executar uma garantia bancária a uma empresa portuguesa do que a um banco português. A fragilidade dos balanços da maior parte dos bancos ditos portugueses e a estratégia falhada de proteccionismo nacional não permitem competir num mercado globalizado.
A nacionalização também não resolve nenhum dos problemas da banca, servindo apenas para ganhar votos dos mais desatentos e iludir os portugueses. O Banif chegou a ser 99% do Estado e faliu. A CGD tem sido alvo de inúmeros aumentos de capital nos últimos 10 anos, mas continua a necessitar de limpar o balanço, entretanto iniciado pela última administração. A tentativa de manipular os destinos da economia custou milhares de milhões de euros à CGD e aos portugueses. Nacionalizar é equivalente a colocar o ónus nos contribuintes favorecendo os poucos que controlam os destinos dessas instituições. Só com boas práticas de gestão, ausência de interferência dos agentes políticos e accionistas sem conflitos de interesse é que se poderá ter uma banca estabilizada. Até lá somos obrigados a seguir as ordens de Bruxelas. Nunca um político foi um bom gestor, pelo que a cautela aconselha a manter a separação de poderes e de interesses.
00:05 h
Pedro Lino
Económico
Quando a ‘troika’ alocou 12 mil milhões de euros do programa de ajustamento para capitalizar a banca, esquerda e direita, administradores e accionistas, fizeram-se rogados e não se coibiram de dizer que não era necessário tanto dinheiro para a banca. Após um período conturbado, com aumentos de capitais e resolução de duas instituições, os portugueses perceberam que se há algo que escasseia na banca é capital. As novas regras, o aumento das restrições ao financiamento de dívida pública, a maior dificuldade na emissão de dívida de bancos nos mercados, as taxas de juro negativas e o elevado nível de incumprimento são alguns dos factores que obrigam à reestruturação da banca e à procura de novos accionistas.
O debate da “espanholização” da banca é legítimo e necessário, mas insere-se em algo maior. Antes de todas as discussões importa saber do porquê de não existirem empresários nacionais que queiram deter participações qualificadas relevantes no sector financeiro. Existem empresários que seriam capazes de ter participações importantes, mas por alguma razão não o pretendem fazer. O histórico das últimas duas décadas, de mistura entre banca e política, e banca e negócios, não abona a favor de um investimento sério e duradouro no sector financeiro. Foram anos de promiscuidade entre poder político e poder económico. Ao analisarmos os movimentos de pessoas relevantes, constata-se que muitas transitaram do sector político para o financeiro e não o contrário. Por alguma razão não é aprovada uma lei que impeça os intermináveis conflitos de interesse, para impedir que quem legisle vá trabalhar para as empresas – e isto sem qualquer prejuízo para a seriedade das pessoas.
Ora, é provável que um empresário bem-sucedido não queira ficar nas mãos de gestores ou de interesses que não sejam os que mais interessam à instituição financeira. É provável que esses mesmos empresários possam pensar que não vão resistir à tentação de utilizar o banco no qual têm uma participação em benefício do seu grupo. Muitas razões podem explicar o desaparecimento do investimento nacional.
O sucesso da banca espanhola em Portugal deve-se muito à fraqueza das instituições portuguesas, debilitadas pelos conflitos de interesse. É mais fácil a um banco espanhol executar uma garantia bancária a uma empresa portuguesa do que a um banco português. A fragilidade dos balanços da maior parte dos bancos ditos portugueses e a estratégia falhada de proteccionismo nacional não permitem competir num mercado globalizado.
A nacionalização também não resolve nenhum dos problemas da banca, servindo apenas para ganhar votos dos mais desatentos e iludir os portugueses. O Banif chegou a ser 99% do Estado e faliu. A CGD tem sido alvo de inúmeros aumentos de capital nos últimos 10 anos, mas continua a necessitar de limpar o balanço, entretanto iniciado pela última administração. A tentativa de manipular os destinos da economia custou milhares de milhões de euros à CGD e aos portugueses. Nacionalizar é equivalente a colocar o ónus nos contribuintes favorecendo os poucos que controlam os destinos dessas instituições. Só com boas práticas de gestão, ausência de interferência dos agentes políticos e accionistas sem conflitos de interesse é que se poderá ter uma banca estabilizada. Até lá somos obrigados a seguir as ordens de Bruxelas. Nunca um político foi um bom gestor, pelo que a cautela aconselha a manter a separação de poderes e de interesses.
00:05 h
Pedro Lino
Económico
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