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O que é nacional é bom
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O que é nacional é bom
Marcelo Rebelo de Sousa é um verdadeiro patriota que dá o peito às balas da armada financeira castelhana. Mas como no melhor pano cai a nódoa, o Presidente da República nunca devia ter aceitado um pastor-alemão no Palácio de Belém. Os altos dignitários da pátria só podem ter cães lusitanos que ladrem às pernas dos traidores e estrangeiros
Marcelo Rebelo de Sousa está há poucos dias no Palácio de Belém. Mas já é digno dos patriotas que defenestraram o traidor Miguel de Vasconcelos no Palácio da Independência. Aliás, estes primeiros tempos de Marcelo vestido com a pele de Presidente têm sido verdadeiramente épicos. Ainda não tinha tomado posse e já bebia um bagaço com uma idosa para mostrar ao povo que era um pagador de promessas.
A comunicação social e a opinião escrita e falada estão fascinadas com Marcelo. Vai a pé para a posse, uau que temos Presidente. Abre o Palácio de Belém ao povo e recebe os visitantes nos salões, uau que temos Presidente. Vai a um concerto gelado oferecido pela câmara da capital, uau que temos Presidente. Vai ao Porto, dança e canta num autêntico banho de multidão, uau que temos Presidente. De uau em uau, o povo anda feliz e contente e a política do afeto já está a dar resultados. As pessoas cumprimentam-se nas ruas, beijam-se no metro, nos autocarros e nos elétricos, e até nas intermináveis filas de trânsito os condutores trocam saudações, sorrisos, e esqueceram as buzinas dos tempos cavaquistas, da austeridade e da troika. E até os políticos, mais avessos a demonstrações de carinho, aderiram por completo à política do afeto. António Costa cumprimenta efusivamente a engraçadinha Catarina - esganiçada não, que pode dar processo por uma comissão qualquer da igualdade do género - e dá beijinhos repenicados na Assunção Cristas para encher de ciúmes Passos Coelho.
Este consenso nacional pelo afeto só foi desgraçadamente rompido por uma criança que recusou ser beijocada pelo Presidente. Uma exceção registada pelo notável ministro da Educação, que já decidiu aplicar o corretivo a quem ousou pôr em causa o afeto nacional. A atrevida vai ser obrigada a escrever cem vezes a palavra afeto e ainda arrisca uma prova de aferição ou mesmo um terrível exame. Mas notável mesmo, de ir às lágrimas, foi a coragem do novo Presidente face à armada financeira espanhola e aos seus aliados em Frankfurt, na sede do Banco Central Europeu. Marcelo irrompeu pelo Palácio da Zarzuela e enfrentou o rei Filipe VI como os patriotas derrubaram os Filipes em 1640. Em Portugal mandam os que cá estão e os bancos, a partir de agora, não podem cair em mãos castelhanas, como aconteceu em dezembro com o Banif, que o governo de Costa entregou numa bandeja dourada ao Santander. E para mostrar que Portugal volta a ter voz na Europa e no mundo, Marcelo convocou para Belém o italiano Mario Draghi, o sr. Europa e dono do dinheiro da zona euro, aliado objetivo e subjetivo dos castelhanos nesta assalto à querida e robusta banca portuguesa, que tão boas provas tem dado nos últimos anos. BPN, BPP, BES e Banif são cartões de visita que Mario Draghi irá levar para Frankfurt depois da sova monumental que vai levar no Conselho de Estado de quinta-feira. Os relatos da reunião, que costuma ser à porta fechada, vão por certo aparecer em público com os brilhantes discursos patrióticos dos conselheiros e do Presidente Marcelo. Mas como diz o povo, agora rendido à política nacional do afeto, no melhor pano patriótico cai a nódoa.
O Presidente da República devia ter admoestado severamente os chefes da Força Aérea que tiveram a triste ideia de lhe oferecerem um cachorro pastor-alemão, que Marcelo, sensatamente, devolveu à procedência. Razão têm os criadores de cães lusitanos ao exigirem que o Presidente acolha no Palácio de Belém um canino bem português que ladre às pernas de traidores e estrangeiros que conspiram contra a nossa independência nacional. Razão têm os subscritores de um manifesto democrático e patriótico que andam pela pátria de lupa na mão à procura de patriotas dispostos a criar um banco de Portugal, que decidiram à última hora promover outro documento contra a presença de cães estrangeiros nos palácios e residências oficiais dos altos dignitários desta querida República. Feito este pequeno mas sério reparo ao patriota que nos devolveu a fé, a alegria e o orgulho nacional, importa agora cumprir a boa ação diária. Dar afeto a alguém, quer queira quer não.
04/04/2016
António Ribeiro Ferreira
Opiniao
antonio.ferreira@newsplex.pt
Jornal i
Marcelo Rebelo de Sousa está há poucos dias no Palácio de Belém. Mas já é digno dos patriotas que defenestraram o traidor Miguel de Vasconcelos no Palácio da Independência. Aliás, estes primeiros tempos de Marcelo vestido com a pele de Presidente têm sido verdadeiramente épicos. Ainda não tinha tomado posse e já bebia um bagaço com uma idosa para mostrar ao povo que era um pagador de promessas.
A comunicação social e a opinião escrita e falada estão fascinadas com Marcelo. Vai a pé para a posse, uau que temos Presidente. Abre o Palácio de Belém ao povo e recebe os visitantes nos salões, uau que temos Presidente. Vai a um concerto gelado oferecido pela câmara da capital, uau que temos Presidente. Vai ao Porto, dança e canta num autêntico banho de multidão, uau que temos Presidente. De uau em uau, o povo anda feliz e contente e a política do afeto já está a dar resultados. As pessoas cumprimentam-se nas ruas, beijam-se no metro, nos autocarros e nos elétricos, e até nas intermináveis filas de trânsito os condutores trocam saudações, sorrisos, e esqueceram as buzinas dos tempos cavaquistas, da austeridade e da troika. E até os políticos, mais avessos a demonstrações de carinho, aderiram por completo à política do afeto. António Costa cumprimenta efusivamente a engraçadinha Catarina - esganiçada não, que pode dar processo por uma comissão qualquer da igualdade do género - e dá beijinhos repenicados na Assunção Cristas para encher de ciúmes Passos Coelho.
Este consenso nacional pelo afeto só foi desgraçadamente rompido por uma criança que recusou ser beijocada pelo Presidente. Uma exceção registada pelo notável ministro da Educação, que já decidiu aplicar o corretivo a quem ousou pôr em causa o afeto nacional. A atrevida vai ser obrigada a escrever cem vezes a palavra afeto e ainda arrisca uma prova de aferição ou mesmo um terrível exame. Mas notável mesmo, de ir às lágrimas, foi a coragem do novo Presidente face à armada financeira espanhola e aos seus aliados em Frankfurt, na sede do Banco Central Europeu. Marcelo irrompeu pelo Palácio da Zarzuela e enfrentou o rei Filipe VI como os patriotas derrubaram os Filipes em 1640. Em Portugal mandam os que cá estão e os bancos, a partir de agora, não podem cair em mãos castelhanas, como aconteceu em dezembro com o Banif, que o governo de Costa entregou numa bandeja dourada ao Santander. E para mostrar que Portugal volta a ter voz na Europa e no mundo, Marcelo convocou para Belém o italiano Mario Draghi, o sr. Europa e dono do dinheiro da zona euro, aliado objetivo e subjetivo dos castelhanos nesta assalto à querida e robusta banca portuguesa, que tão boas provas tem dado nos últimos anos. BPN, BPP, BES e Banif são cartões de visita que Mario Draghi irá levar para Frankfurt depois da sova monumental que vai levar no Conselho de Estado de quinta-feira. Os relatos da reunião, que costuma ser à porta fechada, vão por certo aparecer em público com os brilhantes discursos patrióticos dos conselheiros e do Presidente Marcelo. Mas como diz o povo, agora rendido à política nacional do afeto, no melhor pano patriótico cai a nódoa.
O Presidente da República devia ter admoestado severamente os chefes da Força Aérea que tiveram a triste ideia de lhe oferecerem um cachorro pastor-alemão, que Marcelo, sensatamente, devolveu à procedência. Razão têm os criadores de cães lusitanos ao exigirem que o Presidente acolha no Palácio de Belém um canino bem português que ladre às pernas de traidores e estrangeiros que conspiram contra a nossa independência nacional. Razão têm os subscritores de um manifesto democrático e patriótico que andam pela pátria de lupa na mão à procura de patriotas dispostos a criar um banco de Portugal, que decidiram à última hora promover outro documento contra a presença de cães estrangeiros nos palácios e residências oficiais dos altos dignitários desta querida República. Feito este pequeno mas sério reparo ao patriota que nos devolveu a fé, a alegria e o orgulho nacional, importa agora cumprir a boa ação diária. Dar afeto a alguém, quer queira quer não.
04/04/2016
António Ribeiro Ferreira
Opiniao
antonio.ferreira@newsplex.pt
Jornal i
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