Portugal promete abrir portas aos chineses no mundo

Se os chineses querem conquistar o mundo, Portugal quer ser a porta de entrada para os mercados na Europa, em África, mas também na América Latina. E, segundo o ministro da Economia, as parcerias entre Portugal e China, tendo em vista mercados de outros países, já estão a crescer.

No último dia de visita a Pequim, a afirmação de Portugal como interlocutor privilegiado marcou os discursos do Presidente da República. "Portugal situa-se hoje, em segmentos de mercados específicos, numa posição de vanguarda a nível mundial. A China, por seu lado, encontra-se numa imparável rota de desenvolvimento", afirmou Cavaco Silva, no encerramento do seminário económico que decorreu esta sexta-feira, na capital chinesa.

E logo, Cavaco confidenciou uma parte da sua conversa do dia anterior com o Presidente chinês. "Disse ao Presidente da República que os europeus se surpreendem com a taxa de crescimento económico da China e disse-lhe: 'Senhor Presidente, desejo que continuem a surpreender e cada vez mais os europeus, isso é benéfico para a economia mundial'". Isto para concluir: "Estamos afastados, cada um do lado do mundo, mas juntos podemos criar valor em benefício mútuo."

Já antes, ao discursar para estudantes de português na Universidade de Estudos Estrangeiros, o Presidente português se tinha afirmado como um porta-voz da Europa. "Quem vos disser que um dia o euro pode desaparecer digam que a opinião do Presidente da República, que conhece o assunto porque presidiu à sessão de assinatura do Tratado de Maastricht, é que eles são muito irrealistas", afirmou Cavaco Silva, acrescentando que "o euro tal como o dólar e a moeda chinesa vão, cada vez mais, afirmar-se como moedas internacionais".

Na mesma ocasião, num lugar onde são formados os diplomatas chineses, o Presidente português salientou as relações de Portugal com África e a América Latina como uma mais-valia e também referiu que, com o alargamento do canal do Panamá, o porto de Sines passará a ser cada vez mais o principal porto de águas profundas de entrada do Oriente na Europa.

Esta componente de internacionalização, que vai além das relações de negócios bilaterais entre Portugal e a China, foi também sublinhada pelo ministro da Economia. "Há um efeito de reciprocidade nesta visita que é muito relevante, que é o facto de Portugal estar crescentemente a posicionar-se como uma primeira escolha para o investimento chinês na Europa e numa perspectiva também de aproveitamento de oportunidades em África e na América Latina", afirmou António Pires de Lima, em declarações aos jornalistas que acompanham a visita oficial de Cavaco Silva à República Popular da China.

16-05-2014 10:41 por Eunice Lourenço, em Pequim

RR