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A Europa e o impacto da Ásia
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A Europa e o impacto da Ásia
A forma como concebermos uma estratégia sobre a Ásia será determinante para o futuro da Europa.
Um dos problemas da “construção europeia” é a dificuldade de os ortodoxos responsáveis europeus compreenderem o mundo para além do “projecto europeu”. Como se este fosse uma entidade que se decide e inventa em si mesma. Como se o resto do mundo não tivesse também os seus objectivos e as suas estratégias que são frequentemente divergentes das europeias. Como se o resto do mundo não acumulasse um poder crescente enquanto o da Europa decresce. A miopia é um perigo.
O futuro europeu depende largamente da forma como soubermos antecipar inteligentemente as realidades em mutação no mundo. Nesse cenário do fundo uma região terá um impacto particularmente vasto – a Ásia.
É difícil subestimar o peso daquele continente. A Ásia contém 60% da população do mundo. Isto é, a população asiática equivale a uma vez e meia a população de todos os outros continentes juntos. Só a China e a Índia possuem conjuntamente uma população 5 vezes superior à de toda a União Europeia.
Os países em desenvolvimento têm mantido um elevado crescimento económico nas últimas 2 décadas. Embora a maioria dos europeus o desconheça, aqueles países já controlam mais de metade da economia mundial. A Ásia é um pilar central da economia global deste século. Dentro de 25 anos a economia asiática poderá ser superior à de todo o resto do mundo. Em 2030, das 4 maiores economias do mundo 3 serão asiáticas. Enquanto muitos europeus temem um acordo de comércio livre com os Estados Unidos, este desenvolve algo semelhante com a Ásia Oriental, acelerando uma realidade traumatizante para a Europa deste século – o centro de gravidade do poder mundial desloca-se do Atlântico Norte para o Pacífico.
Em 2015 a economia da Ásia em desenvolvimento cresceu a uma velocidade quádrupla da Zona Euro. Este fosso, que dura há anos, assim continuará nas próximas décadas, fortalecendo o poder económico e financeiro da Ásia enquanto o da Europa comparativamente se secundariza. A maioria dos novos competidores das empresas europeias de alta tecnologia serão empresas asiáticas. Mas também será a Ásia a apresentar as maiores oportunidades de negócio, não apenas pelo astronómico investimento a realizar mas também porque é na Ásia que se formam as enormes novas classes médias do mundo, com um vastíssimo poder de consumo. É necessário conhecer muito bem as múltiplas realidades regionais e as características de crescimento de cada mercado asiático para definir modelos e estratégias de negócio adequadas.
A China tem já a maior classe média do mundo, com um poder de compra inimaginável para muitos europeus. O mercado aéreo na Ásia é já superior ao europeu ou ao norte-americano. Num só dia, uma transportadora aérea asiática encomendou um número de aviões equivalente a quatro vezes a frota total da TAP. A chinesa Lenovo comprou toda a lendária divisão de computadores pessoais da IBM, um indiano controla o sector do aço na Europa, chineses possuem a Volvo, indianos controlam a Jaguar e a Rover. Dos 10 maiores bancos do mundo 4 são chineses e um é japonês. A China é o maior exportador mundial de tecnologias da informação e a Índia controla 2 terços do mercado mundial de outsourcing dos sofisticados serviços de software. A Ásia já representa 40% do investimento mundial em investigação e desenvolvimento. O maior mercado de comércio electrónico do mundo é a China.
Enquanto em Portugal se pensa que a educação dos nossos jovens é algo que não os deve enervar, não se percebe que esses jovens terão que competir ao longo das suas vidas com cerca de 2 mil milhões de jovens asiáticos, que em muitos países já têm uma educação muito mais eficiente que a nossa. No estudo educacional da OCDE que compara internacionalmente a preparação dos jovens em diferentes países, no passado eram países europeus que ocupavam maioritariamente os lugares de topo do ranking. Agora são países asiáticos.
Subterraneamente, a segurança mundial deste século está a redefinir-se na Ásia. É aqui que se concentram todos os casos de proliferação nuclear militar, bem como os epicentros do radicalismo islâmico. O Paquistão, uma grande potência militar, convencional e nuclear, é perigosamente infiltrada por educadíssimos radicais. Indianos e paquistaneses nutrem um profundo ódio recíproco e um novo conflito entre eles poderá, um dia, colocar o mundo perante a primeira guerra nuclear, que em poucas horas pode matar vários milhões de pessoas. Interesses muito perigosos pretendem tomar o poder no Paquistão.
A Ásia é também o principal ponto em que a actual superpotência (Estados Unidos) e a ascendente superpotência (China) se alinham para uma dura disputa pelo poder mundial do futuro. Os Estados Unidos são a principal potência militar “asiática” e a China pretende assumir a supremacia no continente. As ilhas Spratly são um microscópico detonador que pode vir a incendiar a região, induzindo temíveis ondas de choque globais.
A forma como concebermos, ou não, uma estratégia muito inteligente sobre a Ásia e o seu impacto será determinante para o futuro da Europa.
Por Pedro Jordão
20/06/2016 - 00:15
Público
Um dos problemas da “construção europeia” é a dificuldade de os ortodoxos responsáveis europeus compreenderem o mundo para além do “projecto europeu”. Como se este fosse uma entidade que se decide e inventa em si mesma. Como se o resto do mundo não tivesse também os seus objectivos e as suas estratégias que são frequentemente divergentes das europeias. Como se o resto do mundo não acumulasse um poder crescente enquanto o da Europa decresce. A miopia é um perigo.
O futuro europeu depende largamente da forma como soubermos antecipar inteligentemente as realidades em mutação no mundo. Nesse cenário do fundo uma região terá um impacto particularmente vasto – a Ásia.
É difícil subestimar o peso daquele continente. A Ásia contém 60% da população do mundo. Isto é, a população asiática equivale a uma vez e meia a população de todos os outros continentes juntos. Só a China e a Índia possuem conjuntamente uma população 5 vezes superior à de toda a União Europeia.
Os países em desenvolvimento têm mantido um elevado crescimento económico nas últimas 2 décadas. Embora a maioria dos europeus o desconheça, aqueles países já controlam mais de metade da economia mundial. A Ásia é um pilar central da economia global deste século. Dentro de 25 anos a economia asiática poderá ser superior à de todo o resto do mundo. Em 2030, das 4 maiores economias do mundo 3 serão asiáticas. Enquanto muitos europeus temem um acordo de comércio livre com os Estados Unidos, este desenvolve algo semelhante com a Ásia Oriental, acelerando uma realidade traumatizante para a Europa deste século – o centro de gravidade do poder mundial desloca-se do Atlântico Norte para o Pacífico.
Em 2015 a economia da Ásia em desenvolvimento cresceu a uma velocidade quádrupla da Zona Euro. Este fosso, que dura há anos, assim continuará nas próximas décadas, fortalecendo o poder económico e financeiro da Ásia enquanto o da Europa comparativamente se secundariza. A maioria dos novos competidores das empresas europeias de alta tecnologia serão empresas asiáticas. Mas também será a Ásia a apresentar as maiores oportunidades de negócio, não apenas pelo astronómico investimento a realizar mas também porque é na Ásia que se formam as enormes novas classes médias do mundo, com um vastíssimo poder de consumo. É necessário conhecer muito bem as múltiplas realidades regionais e as características de crescimento de cada mercado asiático para definir modelos e estratégias de negócio adequadas.
A China tem já a maior classe média do mundo, com um poder de compra inimaginável para muitos europeus. O mercado aéreo na Ásia é já superior ao europeu ou ao norte-americano. Num só dia, uma transportadora aérea asiática encomendou um número de aviões equivalente a quatro vezes a frota total da TAP. A chinesa Lenovo comprou toda a lendária divisão de computadores pessoais da IBM, um indiano controla o sector do aço na Europa, chineses possuem a Volvo, indianos controlam a Jaguar e a Rover. Dos 10 maiores bancos do mundo 4 são chineses e um é japonês. A China é o maior exportador mundial de tecnologias da informação e a Índia controla 2 terços do mercado mundial de outsourcing dos sofisticados serviços de software. A Ásia já representa 40% do investimento mundial em investigação e desenvolvimento. O maior mercado de comércio electrónico do mundo é a China.
Enquanto em Portugal se pensa que a educação dos nossos jovens é algo que não os deve enervar, não se percebe que esses jovens terão que competir ao longo das suas vidas com cerca de 2 mil milhões de jovens asiáticos, que em muitos países já têm uma educação muito mais eficiente que a nossa. No estudo educacional da OCDE que compara internacionalmente a preparação dos jovens em diferentes países, no passado eram países europeus que ocupavam maioritariamente os lugares de topo do ranking. Agora são países asiáticos.
Subterraneamente, a segurança mundial deste século está a redefinir-se na Ásia. É aqui que se concentram todos os casos de proliferação nuclear militar, bem como os epicentros do radicalismo islâmico. O Paquistão, uma grande potência militar, convencional e nuclear, é perigosamente infiltrada por educadíssimos radicais. Indianos e paquistaneses nutrem um profundo ódio recíproco e um novo conflito entre eles poderá, um dia, colocar o mundo perante a primeira guerra nuclear, que em poucas horas pode matar vários milhões de pessoas. Interesses muito perigosos pretendem tomar o poder no Paquistão.
A Ásia é também o principal ponto em que a actual superpotência (Estados Unidos) e a ascendente superpotência (China) se alinham para uma dura disputa pelo poder mundial do futuro. Os Estados Unidos são a principal potência militar “asiática” e a China pretende assumir a supremacia no continente. As ilhas Spratly são um microscópico detonador que pode vir a incendiar a região, induzindo temíveis ondas de choque globais.
A forma como concebermos, ou não, uma estratégia muito inteligente sobre a Ásia e o seu impacto será determinante para o futuro da Europa.
Por Pedro Jordão
20/06/2016 - 00:15
Público
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