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O instante decisivo
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O instante decisivo
O"digital é o futuro", continuo a ouvir a cada esqui- na. Palavra de jornalista. Que isto vai mudar, que o negócio do papel vai morrer e que o digital é o futuro. Andamos enganados. Tragicamente enganados. O digital não é o futuro. É o presente. O papel já amareleceu há muito e, apesar de todas as tentativas de reanimação bem-sucedidas (até nesta casa), não consta que volte a ficar viçoso como antigamente.
O consumo de informação alterou-se por completo. "Ninguém" (as aspas compensam o exagero) hoje com menos de 25 anos compra jornais em papel. Os jornais não morrem porque as marcas permanecem. Se têm qualidade, se são credíveis, são lidas e respeitáveis. Se não são confiáveis, são desprezadas.
Antigamente, quem consumia informação ou via o Telejornal à noite ou esperava pelo jornal em papel no dia seguinte. Era o tempo do "Portugal ganhou ontem à Polónia no desempate por grandes penalidades, em jogo disputado em Marselha a contar para os quartos-de-final do Campeonato da Europa de futebol, que decorre em França". Tudo mudou. Hoje sabemos tudo a toda a hora. Basta querermos.
Mandou o acaso (e o convite simpático de quem me lançou o repto) que visse o duelo de quinta-feira à mesa de um restaurante. Éramos quatro na mesma mesa. O restaurante tem duas salas e outras tantas televisões, uma por cada espaço. Percebi que a arrancada de Renato Sanches ia dar em festa, porque ela começou cinco segundos antes na sala ao lado. Ao longo dos 120 minutos o meu telemóvel foi dando sinal de vida: "Triste sina, mais um empate." "Ooops, lá vamos nós para a lotaria dos penáltis." "Ronaldo marca o primeiro." Tudo em cima da hora. A rapidez do online, a eficácia dos alertas, o trabalho jornalístico de quem está "do outro lado" dos nossos smartphones é hoje essencial. O delay entre os dois aparelhos de televisão do restaurante alastrou ao meu telemóvel. Na televisão que tinha à frente dos olhos, Quaresma ainda corria para o penálti decisivo, e já o DN me dizia em alerta: "Portugal nas meias." Like!
02 DE JULHO DE 2016
00:00
Nuno Azinheira
Diário de Notícias
O consumo de informação alterou-se por completo. "Ninguém" (as aspas compensam o exagero) hoje com menos de 25 anos compra jornais em papel. Os jornais não morrem porque as marcas permanecem. Se têm qualidade, se são credíveis, são lidas e respeitáveis. Se não são confiáveis, são desprezadas.
Antigamente, quem consumia informação ou via o Telejornal à noite ou esperava pelo jornal em papel no dia seguinte. Era o tempo do "Portugal ganhou ontem à Polónia no desempate por grandes penalidades, em jogo disputado em Marselha a contar para os quartos-de-final do Campeonato da Europa de futebol, que decorre em França". Tudo mudou. Hoje sabemos tudo a toda a hora. Basta querermos.
Mandou o acaso (e o convite simpático de quem me lançou o repto) que visse o duelo de quinta-feira à mesa de um restaurante. Éramos quatro na mesma mesa. O restaurante tem duas salas e outras tantas televisões, uma por cada espaço. Percebi que a arrancada de Renato Sanches ia dar em festa, porque ela começou cinco segundos antes na sala ao lado. Ao longo dos 120 minutos o meu telemóvel foi dando sinal de vida: "Triste sina, mais um empate." "Ooops, lá vamos nós para a lotaria dos penáltis." "Ronaldo marca o primeiro." Tudo em cima da hora. A rapidez do online, a eficácia dos alertas, o trabalho jornalístico de quem está "do outro lado" dos nossos smartphones é hoje essencial. O delay entre os dois aparelhos de televisão do restaurante alastrou ao meu telemóvel. Na televisão que tinha à frente dos olhos, Quaresma ainda corria para o penálti decisivo, e já o DN me dizia em alerta: "Portugal nas meias." Like!
02 DE JULHO DE 2016
00:00
Nuno Azinheira
Diário de Notícias
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