Não pagámos

No dia 4 de outubro DE 2015, portugueses de todo o país reuniram--se à procura de um futuro melhor, boa parte deles com a firme esperança de pagarem menos impostos. Foi uma reunião e tanto, aquela do dia das eleições legislativas, em que a coligação Portugal à Frente ganhou mas não venceu. De então para cá, apesar de aquele encontro com as urnas não ter alterado grande coisa, até ficámos a conhecer algumas tributações novas, saídas das cabeças engenhosas de políticos cuja criatividade só é visível na hora de inventar novos impostos, ou novas formas de os cidadãos não abrangidos passarem a pagar velhos impostos. Não adianta bufar ou espernear (embora, por enquanto, seja possível fazê-lo sem ser tributado), é pagar ou a conta dobra. E esperar por novas eleições para reclamar no sítio certo. Mas nem todos se sujeitam a isso. A Igreja, por exemplo, não quer pagar imposto municipal sobre imóveis (IMI). Vai daí, à semelhança do que fizeram os portugueses em outubro do ano passado, também o clero vai reunir-se (mas de emergência), porque acha que não deve ser sujeito a tamanha injustiça. Como católico, estou muito atento e espero que o Governo se mantenha firme, a ver se a coisa acaba com uma manifestação de bispos a gritar "Não pagamos, não pagamos", sendo que faz mais sentido colocar as palavras de ordem no passado: "Não pagámos, não pagámos". Pelo visto, nunca pagaram. Mas deviam.

JORNALISTA

Vítor Santos
Hoje às 00:01
Jornal de Notícias