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Califórnia, Nova Iorque e o resto
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Califórnia, Nova Iorque e o resto
Há Nova Iorque, a Califórnia e o resto, dizia-me há uns anos um professor americano. Era uma simplificação, claro, dos Estados Unidos, mas depois de uma semana em reportagem em Nova Iorque e na Califórnia, a frase faz-me de repente todo o sentido. Se fossem só os nova-iorquinos e os californianos a votar a 8 de novembro, Hillary Clinton já se podia imaginar na Casa Branca. Só uma minoria naquelas paragens consegue ver Donald Trump a tornar-se presidente americano.
Mas o tal resto de que falava o meu professor são 48 estados, alguns também ao lado da candidata democrata mas muitos a pender para o republicano, o que deixa tudo em aberto daqui a um mês. E mesmo que Hillary confirme o favoritismo que as sondagens voltaram a dar-lhe depois do primeiro debate com Trump, o fosso que parte os Estados Unidos e os americanos ao meio não deixa de ser preocupante. Afinal este é o país líder do mundo, aquele que apesar das imperfeições continua a inspirar as democracias. Não é indiferente quem o lidera, sobretudo para os velhos aliados como Portugal.
Olhemos para as últimas seis presidenciais, ganhas por Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama, cada um duas vezes. Lembre-se que na América pintam de azul os democratas e de vermelho os republicanos. Assim, sempre o mesmo mapa: grosso modo, as duas costas e os Grandes Lagos a azul, o meio a vermelho. Bush, aliás, ganhou porque conseguiu pintar a Florida de vermelho, incursão na faixa atlântica que Trump quer agora imitar.
Nova Iorque e Califórnia são dos estados mais multiculturais, dos mais liberais nos costumes e também dos mais ricos (o PIB por habitante é superior à média nacional e se fossem países seriam ambos membros do G20). Têm também universidades de excelência, como Colúmbia ou Berkeley, daquelas que fazem parecer parvos os que insistem em dizer que os americanos são burros. São, na verdade, o futuro dos Estados Unidos, porque cada vez mais estados caminham no mesmo sentido, sobretudo o da multiculturalidade.
Então porquê a adesão a Trump, um muito improvável campeão da causa do resto até porque é um nova-iorquino, já foi democrata e a sua vida é tudo menos um exemplo de conservadorismo? Digamos que é a defesa dos que têm medo da mudança, dos que odeiam a globalização, dos que veem na multiculturalidade uma novidade e uma ameaça ao modo de vida americano quando é esta que sustenta o seu êxito há mais de dois séculos.
Trump é protecionista e nativista. Pelo menos pelo que tem dito nesta campanha eleitoral. Estranha agenda para quem ambiciona ser o presidente da mais comercial das nações e de um país construído por imigrantes. No passado, quase de fórmula cíclica, este tipo de discurso surgiu na vida política americana. Se hoje se fala contra os mexicanos, a ponto de haver a promessa de um muro, no século XIX o receio era dos irlandeses e dos italianos, mais tarde dos chineses e dos japoneses.
Creio que Trump perderá, sobretudo porque insiste em exibir impreparação. Mas mesmo que ganhe, a América sobreviverá. Até porque é impossível reverter Nova Iorque e a Califórnia para se parecerem com o resto, enquanto no sentido contrário a marcha é irreversível. O próprio Partido Republicano, que aceita contrariado Trump mas é cada vez mais conservador, sabe que ou encontra uma fórmula para atrair as minorias ou se arrisca a ficar afastado da Casa Branca muitos anos. O resto já não chega. Sobretudo se Nova Iorque, Califórnia e os outros se mobilizarem.
10 DE OUTUBRO DE 2016
00:00
Leonídio Paulo Ferreira
Diário de Notícias
Mas o tal resto de que falava o meu professor são 48 estados, alguns também ao lado da candidata democrata mas muitos a pender para o republicano, o que deixa tudo em aberto daqui a um mês. E mesmo que Hillary confirme o favoritismo que as sondagens voltaram a dar-lhe depois do primeiro debate com Trump, o fosso que parte os Estados Unidos e os americanos ao meio não deixa de ser preocupante. Afinal este é o país líder do mundo, aquele que apesar das imperfeições continua a inspirar as democracias. Não é indiferente quem o lidera, sobretudo para os velhos aliados como Portugal.
Olhemos para as últimas seis presidenciais, ganhas por Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama, cada um duas vezes. Lembre-se que na América pintam de azul os democratas e de vermelho os republicanos. Assim, sempre o mesmo mapa: grosso modo, as duas costas e os Grandes Lagos a azul, o meio a vermelho. Bush, aliás, ganhou porque conseguiu pintar a Florida de vermelho, incursão na faixa atlântica que Trump quer agora imitar.
Nova Iorque e Califórnia são dos estados mais multiculturais, dos mais liberais nos costumes e também dos mais ricos (o PIB por habitante é superior à média nacional e se fossem países seriam ambos membros do G20). Têm também universidades de excelência, como Colúmbia ou Berkeley, daquelas que fazem parecer parvos os que insistem em dizer que os americanos são burros. São, na verdade, o futuro dos Estados Unidos, porque cada vez mais estados caminham no mesmo sentido, sobretudo o da multiculturalidade.
Então porquê a adesão a Trump, um muito improvável campeão da causa do resto até porque é um nova-iorquino, já foi democrata e a sua vida é tudo menos um exemplo de conservadorismo? Digamos que é a defesa dos que têm medo da mudança, dos que odeiam a globalização, dos que veem na multiculturalidade uma novidade e uma ameaça ao modo de vida americano quando é esta que sustenta o seu êxito há mais de dois séculos.
Trump é protecionista e nativista. Pelo menos pelo que tem dito nesta campanha eleitoral. Estranha agenda para quem ambiciona ser o presidente da mais comercial das nações e de um país construído por imigrantes. No passado, quase de fórmula cíclica, este tipo de discurso surgiu na vida política americana. Se hoje se fala contra os mexicanos, a ponto de haver a promessa de um muro, no século XIX o receio era dos irlandeses e dos italianos, mais tarde dos chineses e dos japoneses.
Creio que Trump perderá, sobretudo porque insiste em exibir impreparação. Mas mesmo que ganhe, a América sobreviverá. Até porque é impossível reverter Nova Iorque e a Califórnia para se parecerem com o resto, enquanto no sentido contrário a marcha é irreversível. O próprio Partido Republicano, que aceita contrariado Trump mas é cada vez mais conservador, sabe que ou encontra uma fórmula para atrair as minorias ou se arrisca a ficar afastado da Casa Branca muitos anos. O resto já não chega. Sobretudo se Nova Iorque, Califórnia e os outros se mobilizarem.
10 DE OUTUBRO DE 2016
00:00
Leonídio Paulo Ferreira
Diário de Notícias
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