Portugal é “incontornável” no diálogo sobre energia entre Europa e EUA

O papel de Portugal como “actor incontornável” no diálogo entre os Estados Unidos e a Europa para a definição de políticas energéticas já foi assumido pelos responsáveis norte-americanos, garante o ministro do Ambiente e Energia, Jorge Moreira da Silva.

O governante, que está actualmente numa missão empresarial de cinco dias aos Estados Unidos e que se encontrou em Washington com o secretário norte-americano da energia, Ernest Moniz, e com o enviado da Casa Branca para as alterações climáticas, Todd Stern, garante que os diversos interlocutores vêem Portugal como “uma plataforma de diálogo estratégica”, num “momento decisivo” para a Europa e para os Estados Unidos na definição de políticas energéticas.

Se os Estados Unidos pretendem reduzir as emissões poluentes, investir em fontes de energia renováveis e também vender gás natural em excesso, Portugal tem de “fazer tudo” para se posicionar como um país que pode, por um lado, exportar tecnologia e competências no âmbito das renováveis e, por outro, “influenciar as decisões europeias” num momento em que se debate a questão da segurança do abastecimento energético da União Europeia (UE) devido ao avolumar das tensões com a Rússia.

“Se a UE assumir, como Portugal vem defendendo, o reforço das interligações de gás entre Espanha e França”, a Península Ibérica (através dos vários terminais, entre os quais o de Sines) tem condições de, através da recepção de gás natural liquefeito (GNL) de várias origens, incluindo os Estados Unidos, “substituir 40% das actuais importações de gás a partir da Rússia”, sublinhou o ministro.

Dizendo “acalentar a esperança” de que o “diálogo político muito bem-sucedido” ao longo da visita se possa reflectir no reforço da cooperação entre empresas portuguesas e norte-americanas, o ministro revelou ainda que convidou Ernest Moniz a vir a Portugal. “É importante que o secretário da Energia dos Estados Unidos veja in loco as potencialidades de cooperação que existem entre os dois países”, disse Moreira da Silva.

O convite foi “muito bem acolhido” e a visita deverá realizar-se “em breve”, acrescentou Moreira da Silva, de partida para a Califórnia para encontros com representantes governamentais dos sectores do ambiente, energia e recursos hídricos.

A acompanhar o ministro nesta visita estão diversas empresas (como a Galp, a Efacec, a REN e a Águas de Portugal) e centros de investigação (como o CEIIA, o MIT Portugal e o LNESC). O objectivo é “dar a conhecer as empresas portuguesas do sector da economia verde, a sua oferta, as suas vantagens comparativas e as complementaridades com as necessidades da procura americana” e atrair investimento estrangeiro para um sector em que “Portugal é um dos líderes europeus”.

A expectativa é que a missão permita identificar “oportunidades de internacionalização de projectos na área das energias renováveis, redes de energia e mobilidade eléctrica”, acrescentou o ministro Moreira da Silva.

ANA BRITO 12/06/2014 - 16:20

Público