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Mensagem por Admin Dom Jan 29, 2017 12:06 pm

Foi o optimismo que me fez ficar e ouvir, ficar e lutar, ficar e enfrentar o que fosse preciso. Isto leva-se, lembro-me de ter pensado, mas sem saber como.

O mundo está agitado e não é pouco, sopram ameaças e ninguém sabe onde vão parar, mas visto da minha sala, do meu sossego, com meus gatos a dormir no lombo da almofada do sofá era capaz de jurar que não, que isto se ajeita e, mais coisa, menos coisa, a vida faz-se com as queixas do costume. Aquelas de que o dinheiro é curto, as finanças rapam tudo ou o dia está de chuva e não há maneira de passar a dores nas costas. E depois lá vem uma manhã de sol, parece tudo melhor, os gatos espreguiçam-se e eu penso que sim, isto leva-se.

Este optimismo, que nunca soube explicar de onde vem, causa embaraço, custa até a entender. Eu sei bem que a vida não é a minha sala, estas tardes a escrever com o mar ao fundo e a mesma calmaria da infância, o silêncio cortado por um carro a subir a rua, enquanto o meu gato limpa o focinho com a pata da frente. Lá fora está o mundo e os dramas de cada um, as suas existências, às vezes, pesadas e sofridas. Eu sei. Já estive doente, já fiz funerais e não existe nada mais triste e definitivo do que a morte.

Parece que nos parte. A morte de quem amamos faz-nos isso e eu lembro-me bem daquele sufoco no peito quando a minha mãe se foi. E ainda não sabia da saudade que iria sentir e que é o pior, o que dói mais e por mais tempo. Aquela dor quando se percebe que não haverá canja de galinha como primeiro prato do almoço de domingo, nem a voz a repetir a teoria de que só os tolos são sempre felizes. A minha mãe dizia-me muitas vezes isso, mas o meu optimismo era, é endémico e ganha quase sempre, mesmo quando o mundo parece à deriva.

Quando o médico me disse, vai para mais de 20 anos, que teria de fazer quimioterapia, eu quis fugir porta fora e correr para longe, muito longe, para um lugar onde não fosse preciso tratar-me, onde não estava doente, onde pudesse ser a mesma miúda excêntrica, acabada de chegar de Lisboa e do curso. Eu queria os meus cabelos, as minhas roupas, eu tinha 23 anos e ninguém ficava doente aos 23. Só os velhos e eu, ali, desamparada à frente do médico. E sei que estava uma manhã de sol, bonita, luminosa e que me agarrei a essa imagem com toda a força para não chorar.

Foi o optimismo que me fez ficar e ouvir, ficar e lutar, ficar e enfrentar o que fosse preciso. Isto leva-se, lembro-me de ter pensado, mas sem saber como. E foi duro, complicado, mexeu por dentro, roubou os cabelos lisos e trouxe-me estes que tenho agora. Não foi fácil, nem bonito, não me revelou um caminho novo, não fez de mim uma guerreira ou heroína. O que eu queria era voltar a ser quem era, uma miúda de 23 anos, idade em que não se procura revelações ou luzes. Eu não procurava, queria apenas viver, viver muito, ter tudo depressa e ao mesmo tempo.

Tive azar e depois sorte e estou aqui a escrever na minha sala, com o mar ao fundo e os gatos ao lado, neste silêncio nosso de quem divide tardes e partilha segredos. Os gatos no lombo da almofada do sofá ajudam a pensar que sim, isto leva-se.

MARTA CAIRES / 29 JAN 2017 / 02:00 H.
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