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Idiotas com asas
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Idiotas com asas
É difícil contar nos dedos as distorções da realidade amplificadas pelo admirável mundo novo das redes sociais. Faltam dedos.
Uma delas ganhou todo um novo impulso na última década: o efeito Dunning-Kruger.
Trata-se de uma síndrome que leva os nomes dos seus dois estudiosos e que refere algo também chamado de "superioridade ilusória" ou a capacidade de o ser humano julgar-se especialista sobre algo que mal conhece.
"A ignorância gera confiança com mais frequência do que o conhecimento" é uma das conclusões da pesquisa. Ou seja, quanto menos alguém souber sobre determinado assunto mais ele terá a ilusão de o dominar.
Segundo Dunning e Kruger: "Se é incompetente, você não consegue saber que é incompetente (...). As habilidades necessárias para fornecer uma resposta correta são exatamente as habilidades que precisa ter para ser capaz de reconhecer o que é uma resposta correta."
Trata-se de uma pescadinha com o rabo na boca, um círculo vicioso, um eterno retorno ao ponto mais baixo da compreensão sobre determinado tema.
É por isso que vemos tantas certezas nas caixas de comentários dos jornais, nos "posts" do Facebook, na inclemência dos juízes do tribunal da internet.
Tanto faz se o tema é segurança pública, movimentos migratórios, o trânsito na cidade, arte barroca ou a melhor maneira de fazer um frango à Guia, haverá sempre quem diga saber tudo sobre a coisa e depois afirmará um qualquer disparate daqueles capazes de provocar vergonha alheia.
O efeito Dunning-Kruger também se reflete (e muito) na vida das empresas. O chefe cabotino, o colega que sobrevaloriza as próprias capacidades, o cliente incapaz de ocupar apenas o seu espaço e perora à exaustão sobre áreas técnicas que mal conhece, tudo isto tem que ver com essa espécie de complexo de impostor.
Outro dos malefícios remete à indústria das palestras. Quando se convencionou que uma apresentação precisa de ser curta (mais de 12 minutos é uma eternidade), ensaiada (como se o conhecimento fosse uma consequência da capacidade de decorar) e voltada para o entretenimento (ainda haverá um Prémio Nobel para a melhor "stand-up comedy"), criou-se o caldo de cultura para um sem-número de fraudes.
Mais algumas consequências? Livros de autoajuda em geral, uma parte dos profissionais de "coaching", CEO que julgam ser o Steve Jobs reencarnado.
Cuidado para não embarcar nessa. Ninguém está livre do efeito Dunning-Kruger. Quer ver? Este artigo foi escrito por alguém que conhece o tal estudo de ouvir dizer.
Ou como diria o meu tio Olavo: "Se os idiotas voassem, jamais veríamos o Sol."
Publicitário e Storyteller
Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
Edson Athayde
03 de abril de 2017 às 20:57
Negócios
Uma delas ganhou todo um novo impulso na última década: o efeito Dunning-Kruger.
Trata-se de uma síndrome que leva os nomes dos seus dois estudiosos e que refere algo também chamado de "superioridade ilusória" ou a capacidade de o ser humano julgar-se especialista sobre algo que mal conhece.
"A ignorância gera confiança com mais frequência do que o conhecimento" é uma das conclusões da pesquisa. Ou seja, quanto menos alguém souber sobre determinado assunto mais ele terá a ilusão de o dominar.
Segundo Dunning e Kruger: "Se é incompetente, você não consegue saber que é incompetente (...). As habilidades necessárias para fornecer uma resposta correta são exatamente as habilidades que precisa ter para ser capaz de reconhecer o que é uma resposta correta."
Trata-se de uma pescadinha com o rabo na boca, um círculo vicioso, um eterno retorno ao ponto mais baixo da compreensão sobre determinado tema.
É por isso que vemos tantas certezas nas caixas de comentários dos jornais, nos "posts" do Facebook, na inclemência dos juízes do tribunal da internet.
Tanto faz se o tema é segurança pública, movimentos migratórios, o trânsito na cidade, arte barroca ou a melhor maneira de fazer um frango à Guia, haverá sempre quem diga saber tudo sobre a coisa e depois afirmará um qualquer disparate daqueles capazes de provocar vergonha alheia.
O efeito Dunning-Kruger também se reflete (e muito) na vida das empresas. O chefe cabotino, o colega que sobrevaloriza as próprias capacidades, o cliente incapaz de ocupar apenas o seu espaço e perora à exaustão sobre áreas técnicas que mal conhece, tudo isto tem que ver com essa espécie de complexo de impostor.
Outro dos malefícios remete à indústria das palestras. Quando se convencionou que uma apresentação precisa de ser curta (mais de 12 minutos é uma eternidade), ensaiada (como se o conhecimento fosse uma consequência da capacidade de decorar) e voltada para o entretenimento (ainda haverá um Prémio Nobel para a melhor "stand-up comedy"), criou-se o caldo de cultura para um sem-número de fraudes.
Mais algumas consequências? Livros de autoajuda em geral, uma parte dos profissionais de "coaching", CEO que julgam ser o Steve Jobs reencarnado.
Cuidado para não embarcar nessa. Ninguém está livre do efeito Dunning-Kruger. Quer ver? Este artigo foi escrito por alguém que conhece o tal estudo de ouvir dizer.
Ou como diria o meu tio Olavo: "Se os idiotas voassem, jamais veríamos o Sol."
Publicitário e Storyteller
Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
Edson Athayde
03 de abril de 2017 às 20:57
Negócios
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