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A zebra tem asas
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A zebra tem asas
A TAP transformou-se numa zebra com asas: já não é pública, mas também não é bem privada, é uma ave rara que anda pelos ares. As últimas declarações do presidente da Câmara de Porto exploram esta contradição insanável. Eis a estupenda frase de Rui Moreira: "A estratégia da TAP é um insulto à cidade do Porto e uma tentativa de destruir o aeroporto para construir um novo aeroporto, uma nova ponte e uma nova Expo [em Lisboa]." O que dizer desta tirada ao estilo de Alberto João Jardim? Primeiro, que Moreira tem razão num ponto: há, em várias áreas, um evidente centralismo lisboeta que tem de ser contrariado, é verdade, é urgente fazê-lo, mas em benefício do país inteiro, não de uma cidade ou região em particular. Por exemplo, não pode o Algarve queixar-se da partilha das receitas do turismo, que não são redistribuídas tendo em conta quem as gera, sendo o Algarve o mais prejudicado?
Portugal, já o sabemos, é um país desigual. O interior transformou-se num lar da terceira idade. O Porto também tem razões de queixa, várias até, mas - e este é o segundo ponto - a TAP é um assunto menos evidente, embora um ótimo gancho para Rui Moreira polemizar por causa da visibilidade que tem. O que acontece no Aeroporto Sá Carneiro é basicamente isto: nos últimos anos, a Ryan Air tem ganho quota de mercado através dos seus preços imbatíveis - talvez a definição certa seja "preços impossíveis". Como consegue? É subsidiada através de taxas aeroportuárias mais baratas, que depois são compensadas pelos aumentos das mesmas em Lisboa (pagas por todos), e também por subsídios públicos que trocam apoios financeiros pelo enorme volume de passageiros que aterram no Sá Carneiro.
Até há pouco, a TAP estava mais ou menos amarrada de pés e mãos. Sabia-se penalizada, mas a duplicidade do Estado - simultaneamente acionista da companhia aérea e fonte de receitas (subsídios) para a concorrência dela -, levava-a a queixar-se apenas em surdina, sem fazer muitas ondas. A entrada dos novos acionistas na TAP mudou naturalmente as prioridades e o estilo: foram logo terminadas nove rotas em Lisboa, embora tenham planeado abrir outras, e encerraram outras quatro no Porto, de modo a reduzir as perdas. Foi aí que a Torre dos Clérigos tremeu e Rui Moreira decidiu lançar a sua incrível cruzada. O problema agora é como resolver isto: vai o governo torcer o braço à TAP, impondo-lhe perdas financeiras sem ter em conta a concorrência com a Ryan Air? Ou deixará que a gestão privada tome as decisões que considera mais adequadas ao desenvolvimento do negócio? No fundo é isto: a TAP é uma empresa pública ou é uma empresa privada? Ou será afinal uma zebra?
Editorial
13 DE FEVEREIRO DE 2016
00:00
André Macedo
Diário de Notícias
Portugal, já o sabemos, é um país desigual. O interior transformou-se num lar da terceira idade. O Porto também tem razões de queixa, várias até, mas - e este é o segundo ponto - a TAP é um assunto menos evidente, embora um ótimo gancho para Rui Moreira polemizar por causa da visibilidade que tem. O que acontece no Aeroporto Sá Carneiro é basicamente isto: nos últimos anos, a Ryan Air tem ganho quota de mercado através dos seus preços imbatíveis - talvez a definição certa seja "preços impossíveis". Como consegue? É subsidiada através de taxas aeroportuárias mais baratas, que depois são compensadas pelos aumentos das mesmas em Lisboa (pagas por todos), e também por subsídios públicos que trocam apoios financeiros pelo enorme volume de passageiros que aterram no Sá Carneiro.
Até há pouco, a TAP estava mais ou menos amarrada de pés e mãos. Sabia-se penalizada, mas a duplicidade do Estado - simultaneamente acionista da companhia aérea e fonte de receitas (subsídios) para a concorrência dela -, levava-a a queixar-se apenas em surdina, sem fazer muitas ondas. A entrada dos novos acionistas na TAP mudou naturalmente as prioridades e o estilo: foram logo terminadas nove rotas em Lisboa, embora tenham planeado abrir outras, e encerraram outras quatro no Porto, de modo a reduzir as perdas. Foi aí que a Torre dos Clérigos tremeu e Rui Moreira decidiu lançar a sua incrível cruzada. O problema agora é como resolver isto: vai o governo torcer o braço à TAP, impondo-lhe perdas financeiras sem ter em conta a concorrência com a Ryan Air? Ou deixará que a gestão privada tome as decisões que considera mais adequadas ao desenvolvimento do negócio? No fundo é isto: a TAP é uma empresa pública ou é uma empresa privada? Ou será afinal uma zebra?
Editorial
13 DE FEVEREIRO DE 2016
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André Macedo
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