Linha da Beira Alta soma três descarrilamentos em menos de dois meses

Primeiro foi um comboio da Takargo. Depois foi um da CP Carga. E ontem voltou a ser uma composição da Takargo a descarrilar e a impedir a circulação na Linha da Beira Alta.
 
No espaço de menos de dois meses, desde meados de Maio, são já três os descarrilamentos de comboios de mercadorias naquela via que serve o principal eixo de tráfego de mercadorias entre Portugal e a Europa.
 
O último acidente aconteceu na noite de ontem, nas proximidades da estação de Celorico da Beira. Um dos vagões do meio de um comboio da Takargo (de 21 vagões), carregado com bobinas de papel para Espanha, saltou da via, por circunstâncias ainda por apurar.
 
O descarrilamento obrigou à interrupção da circulação, com a CP a ter de assegurar o encaminhamento dos passageiros com recurso a autocarros.
 
Em Maio, no espaço de 15 dias, dois outros comboios descarrilaram, na zona de Mortágua, praticamente no mesmo sítio.
 
Ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS, Miguel Lisboa, director geral da Takargo, escusou-se a tecer comentários sobre os acidentes em que a empresa esteve envolvida: “estes processos estão em fase de inquérito. Não temos nada mais a acrescentar”, disse.
 
A Linha da Beira Alta é o único acesso ferroviário de Portugal a Espanha através de Vilar Formoso, uma vez que na Linha da Beira Baixa falta concluir a modernização da ligação Covilhã-Guarda, há anos desactivada.
 
O eixo Aveiro-Vilar Formoso, com a modernização da Linha da Beira Alta, é uma das prioridades do PETI 3+, que lhe destina 900 milhões de euros. A conclusão da modernização da Linha da Beira Baixa é outro investimento elencado.
 
Curiosamente, este último descarrilamento aconteceu no dia em que autarcas da região insistiram na necessidade de uma nova ligação ferroviária Aveiro-Vilar Formoso, e na véspera de uma importante reunião de autarcas, dirigentes políticos e empresariais sobre o tema das ligações ferroviárias a Norte e Centro.

04-07-2014