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Criar cidades verdes
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Criar cidades verdes
O futuro do clima mundial será decidido nas nossas cidades.
As zonas urbanas já representam até 70% as emissões globais de CO2 e essa proporção deverá aumentar nas próximas décadas, à medida que mais pessoas – mais alguns milhares de milhões – forem mudando para as cidades, com a urbanização a motivar o crescimento económico mundial. Do ponto de vista das alterações climáticas e do crescimento, o alargamento das cidades constitui um desafio e uma oportunidade.
A relação entre a expansão urbana e a protecção do clima é a infra-estrutura. Melhorar a infra-estrutura urbana pode fomentar o crescimento económico e ao mesmo tempo reduzir as emissões de dióxido de carbono. Mas de que forma é que as cidades mundiais pagarão por novas infra-estruturas mais verdes?
A boa notícia é que os presidentes das câmaras municipais – tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento – já não ficam à espera dos governos nacionais para celebrarem acordos globais relativos ao ambiente. Não só Copenhaga, Londres e Munique, mas também Joanesburgo, Rio de Janeiro e Xangai estão a delinear os seus próprios programas ambientais. Esses planos são ambiciosos em muitas das suas facetas – desde listas de pedidos a metas obrigatórias – mas a tendência para um modo de vida urbano sustentável é clara.
Se as cidades quiserem reduzir as suas pegadas de carbono, precisarão de grandes investimentos nas suas infra-estruturas. Três quartos das emissões de dióxido de carbono dos países riscos provêm de quatro tipos de infra-estrutura: geração de electricidade, edifícios residenciais e comerciais, transportes e gestão de resíduos. Por isso, qualquer programa urbano de sustentabilidade deve incluir uma transição para as energias renováveis e para as centrais termoeléctricas, mais autocarros e comboios públicos, veículos particulares menos poluentes, melhor isolamento dos escritórios, hospitais, apartamentos e outros edifícios, bem como uma melhor gestão dos resíduos e da água – a par com muitas outras coisas.
Os investimentos em infra-estrutura são também necessários para lidar com a contínua urbanização: em 2050, o número de pessoas a viver em zonas urbanas poderá corresponder à actual população mundial. E as novas infra-estruturas serão necessárias para manter o papel das cidades como motores de crescimento económico: as 600 principais cidades de todo o mundo são já responsáveis por mais de metade do PIB mundial, e as zonas urbanas contribuirão desproporcionadamente para a futura criação de riqueza.
Globalmente, serão precisos cerca de dois biliões de dólares por ano, nos próximos 20 anos, para manter as cidades mundiais como espaços habitáveis e para reduzir as suas emissões de carbono. De onde virá esse dinheiro?
Apenas algumas cidades são suficientemente ricas para melhorarem sozinhas as suas próprias infra-estruturas. A maioria das cidades – especialmente nos países desenvolvidos – não podem depender de mais transferências dos seus governos nacionais. A despesa pública em infra-estruturas caiu drasticamente na Europa e nos Estados Unidos desde a década de 1960; e, com os orçamentos públicos sob pressão, é pouco provável que esse investimento retome. Confrontadas com um crescente fosso a nível do investimento público em infra-estruturas, as cidades irão precisar de mais investimento privado.
Os bancos têm, tradicionalmente, financiado grande parte das despesas em infra-estruturas. No entanto, seis anos após o início da crise financeira, os bancos de muitos países estão ainda a tentar reparar os seus balanços, ao passo que os novos requisitos de capital e liquidez tornarão, no futuro, mais dispendioso para a banca financiar empréstimos de longo prazo.
Enquanto isso, os fundos de pensões, as companhias de seguros e outros investidores institucionais estão a investir cada vez mais em infra-estruturas. Ao contrário dos bancos, eles têm passivos de longo prazo, pelo que os retornos – previsíveis e de longo prazo – sobre os investimentos em infra-estruturas podem combinar bem. Num ambiente de taxas de juro em níveis extremamente baixos e de mercados de capitais em efervescência, as infra-estruturas parecem ser também uma alternativa atractiva e razoavelmente segura às acções e às obrigações, rendendo retornos que podem financiar as pensões das sociedades ocidentais em processo de envelhecimento.
Contudo, até agora, os investidores institucionais aplicaram quantias relativamente baixas nas infra-estruturas, em parte devido às deficiências no cenário global do investimento. A título de exemplo, alguns governos alteraram, retroactivamente, as suas políticas para as energias renováveis, o que tornou os investidores mais prudentes. Além disso, os novos requisitos de capital podem tornar bastante dispendioso – para as seguradoras – o investimento em infra-estruturas.
Além do mais, muitos investidores institucionais não dispõem ainda de conhecimentos periciais suficientes para se aventurarem nas infra-estruturas. E como as infra-estruturas não são ainda uma classe de activos claramente definida, muitas vezes é difícil para os investidores planearem, avaliarem e gerirem as suas carteiras nesta área.
Estes obstáculos aplicam-se a todos os investimentos em infra-estruturas. No entanto, a infra-estrutura urbana está em especial desvantagem. Para começar, muitos dirigentes municipais têm pouca experiência em lidar com investidores privados, o que pode tornar mais difícil concretizar parcerias frutíferas. Mais importante ainda: os projectos de infra-estruturas urbanas tendem a ser de pequena dimensão, dispersos e variados. Para a maioria dos investidores privados, o esforço necessário para encontrar, avaliar e gerir este tipo de projectos é muito maior do que o retorno que podem esperar, sendo por isso que os investidores institucionais frequentemente preferem projectos de maior dimensão, a que se acede mais facilmente, como parques eólicos, oleodutos ou auto-estradas.
Se quisermos que entre mais dinheiro privado nas infra-estruturas urbanas, a estrutura institucional tem de mudar. Muitas grandes cidades podem criar as suas próprias instituições para conjugarem projectos e investidores, tal como Chicago já fez através da sua Infrastructure Trust. Quanto ao resto, os governos devem criar instituições nacionais destinadas a apoiar investimentos urbanos sustentáveis em infra-estruturas.
Essas ditas ‘Plataformas de Cidades Verdes’ poderiam começar por providenciar serviços de consultadoria, combinando investidores e projectos, e funcionando como fóruns de partilha de conhecimentos. Estariam então bem posicionadas para agir na qualidade de agregadoras – embalando, padronizando e comercializando projectos urbanos sustentáveis em infra-estruturas. Mais tarde, poderiam angariar dinheiro no mercado de capitais e financiar infra-estruturas sustentáveis a par com outros investidores.
Se as barreiras ao investimento privado em infra-estruturas urbanas puderem ser superadas, i mundo beneficiará de menos emissões de dióxido de carbono, de um crescimento económico mais rápido e de poupanças-reforma mais saudáveis. É um diálogo que vale a pena fomentar.
Michael Heise é economista-chefe na Allianz SE.
Direitos de autor: Project Syndicate, 2014.
www.project-syndicate.org
Tradução: Carla Pedro
29 Julho 2014, 19:29 por Michael Heise
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