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Uma breve história dos últimos três anos
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Uma breve história dos últimos três anos
Esperava-se então que Costa dissesse alguma coisa diferente de Seguro.Mas não disse: os dois mantêm a mesma narrativa de negação
Em 2011 Portugal tinha um problema. E "problema" é um eufemismo da corda que os socialistas tinham deixado ao pescoço do país. Afundado em dívidas, Portugal chegou a Abril desse ano sem dinheiro sequer para pagar o funcionamento do Estado. "Estado" não é uma abstracção: são pessoas e os seus salários (professores, polícias, médicos) e são serviços públicos (saúde, educação, justiça, etc.). Em seis letras apenas: falido. Assim estava o país, revivendo dramas que só tinha conhecido no último quartel do século xix.
Houve na Europa quem, a troco do cumprimento de certas obrigações, se tivesse disponibilizado a ajudar Portugal. Essas obrigações traduziram-se num documento duro como pedra: o Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), que foi, não esqueçamos, negociado pelos socialistas e, por exigência dos credores, também assinado pelos partidos da maioria. Sabendo ao que iam, os portugueses foram chamados a escolher um novo governo. Atribuíram-lhe um mandato claro: tirar o país da bancarrota. Três anos depois, contra todas as expectativas, incluindo as do PS, que saltou fora do Memorando à primeira, isso foi conseguido pela coligação dos portugueses com governo. Foi difícil? Muito, em especial para os portugueses que já estavam ou caíram em situações de debilidade e a quem o Estado estafado lhes faltou. O custo para todos, porém, teria sido superior se o país não tivesse conseguido aplicar o PAEF. Portugal não falhou e recuperou a sua soberania. Apesar das dificuldades, o país já não é hoje a sombra que um dia foi. Fechou--se o ciclo da emergência e está a abrir--se um novo ciclo de crescimento (avanço das exportações e de 0,6 no PIB no segundo trimestre, o triplo da média europeia), de emprego (o desemprego caiu para mínimos de 29 meses) e de confiança (os agentes económicos voltam a acreditar no país). A reestruturação económica não se faz de um dia para o outro mas a realidade é esta: Portugal está a dar a volta. A situação ainda é frágil e exige acções decididas e coragem política para que não voltemos ciclicamente à casa de partida. Custa compreender como é que o PS se põe sistematicamente à margem das soluções abrangentes. Vendo bem, não é nada de novo: durante três anos, enquanto o país trabalhava, o PS entreteve-se a absolver o passado ou a maldizer cada número positivo que se ia conhecendo. Para os socialistas a culpa será sempre de quem aplicou a cura (o Governo) e não de quem infectou o país com a doença (os governos Sócrates). Os eleitores gostam pouco que os façam de tolos e mostraram-no ao PS nas urnas. Vendo o poder a escapar-se, o PS partiu-se em dois. Esperava-se então que Costa dissesse alguma coisa diferente de Seguro. Mas não disse: os dois mantêm a mesma narrativa de negação e acrescentam-lhe dois elementos criativos. O primeiro elemento é a presunção do poder: não há dia em que os socialistas portugueses não ameacem mudar as regras europeias. O máximo que têm conseguido é o menosprezo dos seus pares na Europa. O outro elemento é a história da carochinha do crescimento: o governo é mau porque prefere a austeridade ao crescimento, e sem crescimento o país não pode criar riqueza; já a oposição é boa porque detesta a austeridade e com ela o país só pode mesmo rumar à prosperidade prometida. O absurdo do maniqueísmo socialista só tem rival no absurdo ainda maior que é fazer desta fábula um plano de acção política. Isto é o programa de governo do PS: o crescimento económico por decreto. Como o passado comprova, sempre que o PS é poder, Portugal produz com pujança alemã, a protecção social envergonha o modelo sueco e (contrariando Mário Soares) até as galinhas voam. Com o PS, os dois PS, é só facilidade. Foi isto que eles ofereceram ao país como contributo para a reforma da segurança social proposta pelo primeiro-ministro. Não é o governo que precisa desta reforma: é o país. Do lado do PSD o trabalho já começou a ser feito com um estudo sobre a natalidade que é a base para qualquer mudança estrutural, tanto na segurança social como nos vários sistemas da sociedade portuguesa, incluindo o económico.
A facilidade dos irresponsáveis é a resposta do PS ao desafio urgente de reformar a previdência. É só mais um sintoma de que ontem como hoje, o PS se demitiu de governar Portugal e apenas está preocupado com o poder interno no partido.
Presidente da Câmara de Cascais
Escreve à quarta-feira
Por Carlos Carreiras
publicado em 20 Ago 2014 - 05:00
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