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A perda de quadros e os amanhãs que cantam
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A perda de quadros e os amanhãs que cantam
O secretário de Estado da Inovação explicou que pode ser positivo os portugueses mais qualificados emigrem. Dita a enormidade, em Paris, explicou-se ao Expresso: "A exposição dessas pessoas no estrangeiro é positiva para Portugal e, depois, elas podem regressar ainda mais qualificadas e experientes, é bom que elas saiam do país, embora o devam fazer por livre vontade e não por necessidade". E deu como exemplo Carlos Tavares, que dirige a Peugeot-Citroen. Um dia destes dedicar-me-ei ao curioso facto de, para o grupo de gestores que dirige este governo, Portugal se resumir aos seus pares e, vá lá, para o povo, a futebolistas. Mas adiante.
Vou tentar explicar isto muito devagarinho. Não foi Pedro Passos Coelho que inventou a globalização. Os nossos quadros já partiam e regressavam. Já estudavam e trabalhavam cá dentro e lá fora. Começavam logo nas licenciaturas, com o Erasmus. Continuam nas suas carreiras, desde que há liberdade de movimentos na Europa. Uns regressavam, outros não e outros regressam e voltam a partir. Em alguns casos, até trabalham cá dentro e lá fora ao mesmo tempo.
Portugal não era um país cercado por um muro antes destes senhores chegarem ao governo. Era, pelo menos para os cidadãos mais qualificados, um país moderno, aberto ao exterior e com relações permanentes e intensas com o resto da Europa.
Obviamente, não é essa partida e chegada, esse intercâmbio, que preocupa os portugueses. É a perda de quadros. Vou repetir: a perda. E essa perda resulta não apenas do facto desta emigração resultar da necessidade, mas de ser altamente improvável, com a aposta que este governo está a fazer em salários baixos e com o desinvestimento na educação e na investigação, que tenham para onde voltar. E isso faz com que o investimento que fizemos na sua formação não seja aproveitado por nós.
Responder ao drama que é a fuga em massa de trabalhadores qualificados com as vantagens de ir trabalhar para fora e regressar com melhores redes profissionais e ainda mais qualificado faz tanto sentido como chamar à atenção das vantagens do turismo para falar do drama dos refugiados.
Com o apelo à emigração e a que os portugueses saíssem da sua "zona de conforto", é a terceira vez que um governante se mostra baralhado em relação às funções que desempenha. Não são gestores de carreiras. Não são conselheiros profissionais. São ministros e secretários de Estado. Não tenho dúvida que, no estado em que o País está, o melhor que alguém qualificado tem a fazer é pirar-se daqui. E voltar ou não voltar, dependendo do que por cá aconteça. E não tenho dúvidas que a sua partida é má para Portugal, no seu conjunto. E é com isso que o governo se deve preocupar. Claro que tem, como se vê, uma vantagem para o governo: quantos mais forem embora menores serão os números do desemprego. E, como sabem, nos tempos que correm já só se governa para a estatística.
Sejamos justos. Pedro Gonçalves explica que o seu ponto de vista se baseia num enorme otimismo: "eu acredito que o recuperar da economia portuguesa vai trazer também oportunidades e teremos uma parte das pessoas que saíram a voltarem mais qualificadas". Depois dos comunistas, temos os liberais a governarem sempre e só com os olhos postos nos amanhãs que cantam. Se tudo parece mau é porque é bom. Porque, já se sabe, o que não mata engorda.
Daniel Oliveira
Quinta feira, 23 de janeiro de 2014
http://expresso.sapo.pt/
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