Políticos e altos quadros públicos ganham melhor

Segundo o último relatório trimestral da Síntese Estatística do Emprego Público, do Ministério das Finanças, as únicas classes que melhoraram a sua situação económica nos últimos anos de grande austeridade foram os políticos (dados ali como os mais privilegiados), seguidos dos cargos de topo da carreira pública (que, embora de forma muito mais modesta do que os políticos, também melhoraram os salários).

A austeridade não veio para todos, nem atinge todos

Portanto, sempre é verdade: a austeridade não veio para todos, nem atinge todos. Isso explica que partidos do chamado arco governativo, em vários países, se sucedam, mantendo a tal austeridade que não os atinge (nem sequer lhes custa pessoalmente nada). E ainda haja alguma economia a mexer. Mas será possível convencer os massacrados, que sentem o mal na pele e bem podem esperar sentados pelas melhorias, de que as coisas estão melhor, mesmo com um desemprego estratosférico, um SNS em desaparecimento e uma dívida pública que não pára de aumentar – apesar da diminuição do défice? É mais fácil aspirar pelo socialismo democrático dos nórdicos do pós-guerra, o tal que trouxe décadas de crescimento à Europa (e inúmeros serviços sociais, mais sectores essenciais públicos), quando a Europa não tinha um tostão para ir ao Circo. É preciso acreditar em, alternativas, e não querer simplesmente asfixiá-las, para se dizer que não as há.

 Pedro d´Anunciação | 02/03/2015 11:15:31

SOL