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A memória perdida das esquerdas
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A memória perdida das esquerdas
Quem queira ficar com uma ideia mais aproximada da manta de retalhos em que se transformou a esquerda radical portuguesa precisa de ler um texto publicado na revista Visão da semana passada, intitulado Esquerdas há muitas!, onde a coisa vem descrita com invulgar minúcia.
Com genuína crueza, a jornalista Sónia Sapage confessa que ficou um pouco mais esclarecida, reconhecendo ser «fácil concluir que os apoiantes se repetem numas e noutras plataformas. O que muda é o nome… dos movimentos». E tem toda a razão.
De facto, a infantilização de uma certa esquerda - por entre amuos, intrigas e despiques estéreis -, é um dos mais repetidos espectáculos da 'política à portuguesa'.
E o pior é que querem ser tomados a sério. Enchem os pulmões de uma unidade asséptica, desfeita no dia seguinte.
Aparentemente, e excluindo os próprios, só António Costa ainda não percebeu isso, alçando-os a interlocutores. Acenou-lhes, provavelmente, com sinecuras, de Governo ou outras, e perante a 'cenoura' nenhum deles parece rogado.
Se lá chegar, não faltará quem ponha o avental para se sentar à mesa do Orçamento.
Neste diálogo com o umbigo, destacam-se os especialistas em 'barrigas de aluguer'. Dois exemplos: Rui Tavares e Marinho Pinto. Ambos se fizeram à estrada, na rota de Estrasburgo, o primeiro em nome do Bloco, o segundo pelo Partido da Terra.
Volvido algum tempo, porém, ambos renunciaram aos partidos de 'acolhimento', batendo com a porta. Saíram, mas levaram as chaves no bolso, sem renunciarem às benesses tão criticadas. Confuso? Nem tanto.
Tavares esfalfou-se depois para inventar um partido que o devolvesse aos aconchegos do Parlamento Europeu.
Falhou. E o insucesso tê-lo-á persuadido a procurar o regaço de António Costa, de quem espera - supõe-se -, a justa recompensa para um libertário de cepa ribatejana.
Marinho Pinto, depois de ancorado no Parlamento Europeu, saiu do Partido da Terra, em exaltado litígio - afadigando-se em arranjar alternativa, de forma a garantir-lhe tempo de antena e, como espera, assento em S. Bento.
Juntos, Tavares e Pinto ilustram essa 'nova esquerda' que temos, arregimentando, de passagem, os desiludidos habituais do Bloco ou do PCP.
Mais dado à epistolografia, muito na moda, Tavares achou que era «tempo de avançar» e assinou uma carta esdrúxula dirigida aos «caros concidadãos gregos» na qual explicou - amparado por Ana Drago e Daniel Oliveira -, enquanto «portugueses e europeus» como se alegraram «com a eleição do primeiro governo antiausteridade da União Europeia».
Mais adiante, num rasgo, e sem se rirem, os mesmos subscritores proclamaram-se envergonhados e revoltados com «as notícias de que o Governo de Portugal tem sido um obstáculo a esse objectivo».
E concluiram o exórdio deste modo marcial: «Caros concidadãos gregos: Aguentem firmes! Os reforços vêm a caminho!».
Entre o ridículo e o patético, a escolha é livre. E a asneira ainda não paga imposto.
Bem se sabe que o historiador Rui Tavares, nas suas credenciais curriculares, apenas se reconhece especialista no século XVIII. Convenhamos que já é muito.
Mas seria, ao menos, sensato efectuar uma breve incursão pela História recente, antes de rubricar o panfleto.
Se o tivesse feito - antecipando-se ao trabalho do jornal digital Observador - encontraria a primeira página de uma edição do vespertino Diário de Lisboa, de 28 de Março de 1985, então dirigido por dois homens de esquerda (A. Ruella Ramos e Fernando Piteira Santos), onde se lia em título Gregos mantêm veto contra alargamento.
Por essa altura, Portugal e Espanha negociavam arduamente em Bruxelas a adesão à CEE. Mas a Grécia opunha-se à entrada dos dois paises ibéricos, salvo se recebesse mais fundos para compensar os alegados prejuízos da nova 'concorrência'.
À frente do Governo grego estava Papandreou, líder do PASOK, o partido-irmão do PS. A querela azedou. E não consta que, à época, houvesse partido ou movimento político grego indignado - ou envergonhado - com a manifesta chantagem dos seus governantes.
E teriam boas razões para se envergonharem. O socialista Papandreou exigiu contrapartidas financeiras substanciais para retirar o cartão vermelho. E conseguiu-as.
Foi um preço alto que a Comunidade teve de pagar para se alargar a doze. Ernâni Lopes era ministro das Finanças e Mário Soares primeiro-ministro.
Ao tempo, Maria Luís Albuquerque, ainda adolescente, não sonhava vir um dia a enfrentar a acrimónia de Judite de Sousa na TVI, apostada em saber se era discípula do alemão Schäuble, por estar ao lado dos 18 países do euro que exigiram maneiras ao Syriza…
Tavares e os seus companheiros precisam de voltar aos livros de História. E António Costa também.
Dinis de Abreu | 03/03/2015 16:36:43
SOL
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