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A pobreza mental do nosso Estado
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A pobreza mental do nosso Estado
A pobreza em Portugal toma proporções muito semelhantes a um cataclismo.
Ajudar é um dever que cabe à política humana do Estado, não é só um dever cívico do cidadão comum.
A pobreza, a precariedade e a falta de recursos são um problema que, de um dia para o outro, nos bate à porta. Passamos então a contar todos os dízimos com que, ao longo dos anos, contribuímos para nos ajudar a superar eventuais fases más.
Devíamos ser uns para os outros, o Estado e as suas medidas, incentivos e apoios deviam ser para todos nós, portugueses.
Tenho este desejo antigo, de que Portugal seja a pátria ideal para todos os seus cidadãos sejam eles ativos ou inativos.
Na Constituição da República Portuguesa, o Artigo 1.º dos princípios fundamentais constata que “Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária”.
Tão belas palavras empregues no crer que, com o poder democrático, tudo seria diferente. Porém, ano após ano, com o aumento da desigualdade, a falta de empenho dos sucessivos governantes para alterar o rumo, tem feito os portugueses acreditar em tudo, menos nas bases de um país que deveria ter como maior parceiro, o povo; começando por escutar as suas necessidades, para que fossem postas em marcha algumas das suas vontades.
Em vez disso, temos um governo que se esquece do povo, que não atenua as disparidades dos salários, o que, no dia-a-dia, se reflete no poder de compra da classe baixa, a mais afetada. Cria-se, assim, um fosso abismal no que toca à dignidade do cidadão e à sua sobrevivência. O que a grande maioria dos portugueses faz, não é viver, é limitar-se a existir e a sonhar que, um dia, possam ter um lugar para viver e, pelo menos, duas refeições diárias garantidas.
Existem dois escalões de portugueses, o rico (a primeira opção do governo e a sua principal preocupação) e o pobre, que sem opção nem defesa, se dilui de uma sociedade e de um país que é seu por direito.
Portugal é o 12.º País da EU com a maior taxa de pobreza com 2,7 Milhões de pessoas em risco elevado de pobreza.
A cada dia que passa, as nossas famílias usam a tática imperfeita para ”tapar o buraco” em que se encontram, recorrendo ao método de abrir um “buraco” para tapar o outro, sobrevivendo, assim, com uma elasticidade económica instável, temporária e deflectível do seu processo normal. Deste modo, os portugueses tornam-se reféns de uma economia flutuante, que é mantida pelos destroços da economia vigente.
A pobreza em Portugal toma proporções muito semelhantes a um cataclismo, que, naturalmente, acontecerá pelo rumo contínuo desta história.
Pior que a pobreza material que nos assola, só mesmo a pobreza mental dos nossos governantes, que diariamente nos atinge.
Quantas são as vezes que vêm a público dizer que, o que ganham, mal dá para viverem! Pudessem eles ter a noção de quão descabido é (tentarem) vestir a pele do pobre, pois a barriga deles está cheia, e a vida corre-lhes por entre os dedos, enquanto se demoram a contar o dinheiro que lhes enche os bolsos.
Os números reais da pobreza em Portugal são camuflados, ocultados pelos verdadeiros heróis: o povo.
Se não fosse o nosso forte cariz humano e solidário em ajudar o próximo, os números não seriam estes, certamente.
Por isso, temos de agradecer a todos aqueles que vestem a pele de doutores, engenheiros e economistas e agradecer a quem realmente governa este país, para que a taxa de pobreza não dispare para números ridículos, de tão reais que eles são.
É urgente que nos desfaçamos em elogios aos voluntários, aos solidários aos caridosos. Ao cidadão comum deste país que faz de ajudar o próximo, o seu lema de vida, mesmo que a sua vida não seja, ela própria, aquém de decente.
Ter responsabilidade social é isto, lutar por um país mais justo, prestar homenagem a quem a merece e criticar quem sucessivamente cria e atira os problemas para o contribuinte resolver.
Presidente da ANAMP – Associação Nacional de Amputados
PAULA LEITE
05/07/2015 - 04:56
Público
Ajudar é um dever que cabe à política humana do Estado, não é só um dever cívico do cidadão comum.
A pobreza, a precariedade e a falta de recursos são um problema que, de um dia para o outro, nos bate à porta. Passamos então a contar todos os dízimos com que, ao longo dos anos, contribuímos para nos ajudar a superar eventuais fases más.
Devíamos ser uns para os outros, o Estado e as suas medidas, incentivos e apoios deviam ser para todos nós, portugueses.
Tenho este desejo antigo, de que Portugal seja a pátria ideal para todos os seus cidadãos sejam eles ativos ou inativos.
Na Constituição da República Portuguesa, o Artigo 1.º dos princípios fundamentais constata que “Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária”.
Tão belas palavras empregues no crer que, com o poder democrático, tudo seria diferente. Porém, ano após ano, com o aumento da desigualdade, a falta de empenho dos sucessivos governantes para alterar o rumo, tem feito os portugueses acreditar em tudo, menos nas bases de um país que deveria ter como maior parceiro, o povo; começando por escutar as suas necessidades, para que fossem postas em marcha algumas das suas vontades.
Em vez disso, temos um governo que se esquece do povo, que não atenua as disparidades dos salários, o que, no dia-a-dia, se reflete no poder de compra da classe baixa, a mais afetada. Cria-se, assim, um fosso abismal no que toca à dignidade do cidadão e à sua sobrevivência. O que a grande maioria dos portugueses faz, não é viver, é limitar-se a existir e a sonhar que, um dia, possam ter um lugar para viver e, pelo menos, duas refeições diárias garantidas.
Existem dois escalões de portugueses, o rico (a primeira opção do governo e a sua principal preocupação) e o pobre, que sem opção nem defesa, se dilui de uma sociedade e de um país que é seu por direito.
Portugal é o 12.º País da EU com a maior taxa de pobreza com 2,7 Milhões de pessoas em risco elevado de pobreza.
A cada dia que passa, as nossas famílias usam a tática imperfeita para ”tapar o buraco” em que se encontram, recorrendo ao método de abrir um “buraco” para tapar o outro, sobrevivendo, assim, com uma elasticidade económica instável, temporária e deflectível do seu processo normal. Deste modo, os portugueses tornam-se reféns de uma economia flutuante, que é mantida pelos destroços da economia vigente.
A pobreza em Portugal toma proporções muito semelhantes a um cataclismo, que, naturalmente, acontecerá pelo rumo contínuo desta história.
Pior que a pobreza material que nos assola, só mesmo a pobreza mental dos nossos governantes, que diariamente nos atinge.
Quantas são as vezes que vêm a público dizer que, o que ganham, mal dá para viverem! Pudessem eles ter a noção de quão descabido é (tentarem) vestir a pele do pobre, pois a barriga deles está cheia, e a vida corre-lhes por entre os dedos, enquanto se demoram a contar o dinheiro que lhes enche os bolsos.
Os números reais da pobreza em Portugal são camuflados, ocultados pelos verdadeiros heróis: o povo.
Se não fosse o nosso forte cariz humano e solidário em ajudar o próximo, os números não seriam estes, certamente.
Por isso, temos de agradecer a todos aqueles que vestem a pele de doutores, engenheiros e economistas e agradecer a quem realmente governa este país, para que a taxa de pobreza não dispare para números ridículos, de tão reais que eles são.
É urgente que nos desfaçamos em elogios aos voluntários, aos solidários aos caridosos. Ao cidadão comum deste país que faz de ajudar o próximo, o seu lema de vida, mesmo que a sua vida não seja, ela própria, aquém de decente.
Ter responsabilidade social é isto, lutar por um país mais justo, prestar homenagem a quem a merece e criticar quem sucessivamente cria e atira os problemas para o contribuinte resolver.
Presidente da ANAMP – Associação Nacional de Amputados
PAULA LEITE
05/07/2015 - 04:56
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