Agenda económica marcada pela divulgação dos números do PIB na zona euro

A divulgação dos números do PIB do 3º trimestre na Zona Euro, nos diferentes Estados-membros, na próxima sexta-feira, constitui o principal destaque da agenda económica dos próximos dias.

Segundo a evolução traçada pelos diferentes indicadores de actividade, prevê-se que o PIB tenha crescido 0,4% entre Julho e Setembro, no conjunto dos Dezanove, o que corresponde, em termos homólogos, a uma taxa de crescimento de 1,7%. Embora não seja divulgada, para já, a evolução das diferentes componentes do lado da Despesa, estima-se que o principal driver de crescimento tenha sido o consumo privado, suportado pela fraca evolução dos preços, melhoria do mercado do trabalho, aumento da confiança das famílias, políticas orçamentais menos restritivas e alívio da restritividade do crédito. Já a nível externo, devemos assistir a um arrefecimento das exportações, alimentado pelo abrandamento dos mercados emergentes.

Para a economia alemã, é esperada uma ligeira perda de ritmo, com a taxa de crescimento a descer de 0,4% para 0,3%, em linha com o desempenho mais fraco evidenciado pelos indicadores de actividade mais recentes. A pressionar a actividade da maior economia da região tem estado diversos factores, como a turbulência nos mercados emergentes e o caso Volkswagen.

Em Portugal, prevemos que o PIB tenha acelerado ligeiramente no 3º trimestre, com a taxa de crescimento a subir de 0,4% para um ritmo entre 0,5% e 0,7%. Para este resultado muito terá contribuído a procura externa líquida, suportada pelo abrandamento previsto das importações. O consumo deverá manter-se em níveis francamente robustos, suportado pela melhoria do mercado do trabalho e pela fraca evolução dos preços, admitindo-se, no entanto, uma ligeira moderação. A confirmar-se, a economia terá crescido quase 2%, em termos homólogos, o que compara com os 1,5% alcançados no trimestre anterior.

A nível político, o principal destaque será a discussão e votação do Programa do Governo no Parlamento, que decorrerão entre hoje e amanhã. Perante a turbulência que se tem sentido desde as eleições de 4 de Outubro, das quais surgiu a nomeação de um Governo minoritário, será muito importante acompanhar a evolução dos trabalhos do Parlamento, procurando-se clarificar quais as perspectivas políticas para o país. Procurar-se-á, acima de tudo, encontrar sinais de estabilidade, que permitam uma acalmia do clima de instabilidade e o alívio da apreensão por parte das instituições internacionais, inerente ao atraso da apresentação do Orçamento do Estado 2016 em Bruxelas. Na sexta-feira, está prevista a possibilidade de a agência de notação financeira DBRS se pronunciar sobre o rating atribuído à dívida soberana (actualmente em BBB low, o último nível de investment grade).

No Reino Unido, o foco de atenção será a divulgação das estatísticas sobre o mercado de trabalho para o trimestre terminado em Setembro, na quarta-feira, com a publicação dos números das remunerações médias e da taxa de desemprego. Estes dados ganham uma importância acrescida, depois de a publicação do novo Inflation Report ter revelado uma deterioração das perspectivas para a economia britânica, em função do arrefecimento dos emergentes. Mais importante ainda, o Presidente do Banco de Inglaterra (BoE), Mark Carney, afirmou que a instituição acredita que a inflação deverá regressar ao target de 2% apenas daqui a dois anos, o que foi lido como um sinal de que o BoE poderá adiar o início do processo de normalização dos juros de referência para 2017. Embora se mantenha válido o cenário de o BoE anunciar uma subida da taxa de juro de referência em meados do próximo ano, será importante acompanhar a evolução dos indicadores de actividade.

Por último, na China, continuamos a acompanhar a divulgação dos diferentes indicadores económicos, de modo a monitorizar o ritmo de abrandamento da actividade. Esta semana serão conhecidas as estatísticas de Outubro da produção industrial e das vendas a retalho, agendadas para quarta-feira.


Novo Banco Research Económico

CATARINA SILVA 
09/11/2015 - 08:30
Público