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Mensagem por Admin Qua Fev 03, 2016 12:03 pm

Vivem-se tempos de elevada incerteza em Portugal. A curto prazo, como vai ser o OE para 2016? Como se vai resolver a questão do défice estrutural? O governo do PS vai aguentar a pressão interna e externa? As dificuldades abundarão durante o ano.

Se nos lembrarmos das palavras da diretora-geral do FMI no final de 2015, relativamente à economia global, “as perspetivas de crescimento da economia mundial a médio prazo têm enfraquecido porque o crescimento potencial está a ser travado pela baixa produtividade, pelo envelhecimento da população e pelos legados da crise financeira global”. Se a isto adicionarmos os cerca de 900 mil milhões de euros de crédito malparado na zona euro, temos muitas razões para ficar apreensivos.  

O espaço económico e político onde nos situamos, a Europa, necessita de reformas profundas. Infelizmente, a sociedade portuguesa não está sozinha também neste caso. Mas, apesar das dificuldades, a inovação e o desenvolvimento tecnológico ao nível global não pararam. Martin Wolf, num artigo recente no Financial Times, sistematizava alguns dos seus principais efeitos:

a) A inovação nas tecnologias de comunicação tem sido muito rápida, com impactos económicos (crescimento do comércio eletrónico, transformação de setores de atividade, aparecimento da “economia da partilha”) e alterações na forma como os seres humanos interagem;

b) A internet e as comunicações móveis, contudo, não têm provocado um crescimento sustentando da produtividade, como os dados sobre a evolução da produtividade total dos fatores nos EUA evidenciam;

c) As novas tecnologias (as comunicações globais, o ‘big data’, a ‘cloud’, os media interativos) têm vindo a reforçar algumas tendências para maior desigualdade, ‘digital divide’, transformação nos mercados de trabalho, preocupações acrescidas com a privacidade, a segurança individual e dos países.

Como Martin Wolf também refere, as tecnologias são instrumentais. Proporcionam oportunidades e ameaças. O que se faz com elas depende das pessoas. Mas, aparentemente, está a iniciar-se uma nova fase de avanço tecnológico, a “Indústria 4.0”, também conhecida pela “quarta revolução industrial”, onde se vão diluindo as fronteiras entre o mundo real e o virtual. O desenvolvimento de novas tecnologias como os robôs autónomos, a simulação, a ‘internet of things’ industrial, a ciber-segurança, a ‘cloud’ e a produção aditiva, tornam possível a existência de “fábricas inteligentes” com sistemas ciber-físicos de produção. 

Esta evolução na indústria terá impactos em toda a cadeia de valor, desde a conceção do produto até ao serviço pós-venda. E, de acordo com um estudo prospetivo a dez anos da BCG sobre a indústria alemã, terá impactos positivos na produtividade (15% a 25%), no crescimento da economia (1%/ano), no emprego (6%/ano) e no investimento das empresas.

Na União Europeia, os desafios começam a ser claros e passam por um melhor funcionamento do mercado de capitais, por uma menor dependência do crédito bancário para as empresas e por uma ênfase na re-industrialização.

Para Portugal, estes também são grandes desafios a vencer para conseguir desenvolver o país. O OE/2016 e o défice estrutural são aspetos muito importantes a curto prazo. Resolvam-nos rapidamente e consiga-se estabilidade política! 

O país não pode passar ao lado da quarta revolução industrial. Esta é uma questão fundamental para o nosso futuro coletivo.

00:05 h
Vítor da Conceição Gonçalves
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