Isto nunca mais acaba

O vício do Estado é gastar.

Isto nunca mais acaba. O desabafo do ministro em conferência de imprensa tem várias leituras, mas qualquer contribuinte pode olhar para os gastos do Estado, fazer contas à subida real de 1020 milhões de euros na carga fiscal e dizer o mesmo e até, em legítima defesa, poder concluir com um enfático calão. 

É de mais elementar prudência, quando algum político anuncia descida de impostos, duvidar da promessa. É verdade que até há um alívio, especialmente por via da abolição da sobretaxa no IRS de pessoas com rendimentos mais modestos. Mas este alívio acaba no limiar dos 20 mil euros brutos de rendimento anual, cerca de 1700 euros de ordenado bruto mensal. 

Para o Estado, o automóvel é um vício, tal como o tabaco ou as bebidas alcoólicas. E por isso a gasolina, gasóleo, cigarros, cerveja e aguardente pagam mais impostos. O próprio selo do carro é fortemente penalizado. No caso dos combustíveis, há um aproveitamento cíclico da histórica baixa do petróleo. O drama é que quando o crude voltar a subir, o imposto fica.

O vício do Estado é gastar. A despesa pública sobe o triplo da receita fiscal e, mais tarde ou mais cedo, este défice será pago. Já se paga na pesada dívida pública, apesar da bomba do BCE manter os juros baixos. Com este ritmo de despesas, estamos condenados no futuro a mais aumentos de impostos. Isto nunca mais acaba…

Leia o Dossiê Orçamento no Seu Bolso, que deu origem a esta Nota Editorial: Receita fiscal dispara 1020 milhões despesa do estado sobe 5,1%.

06.02.2016 01:45
ARMANDO ESTEVES PEREIRA 
Diretor-adjunto
Correio da Manhã