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Crónica escrita nos transportes públicos
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Crónica escrita nos transportes públicos
Caro senhor primeiro-ministro, estou neste momento a escrever esta crónica no meu telemóvel enquanto espero o metro na estação do Saldanha.
São 12h55 e faltam 3 minutos e 30 segundos para chegar a composição que me levará ao Rato, que é a sede do PS. Aí chegado vou apanhar um autocarro até à Estrela, perto da sua residência oficial. Se quisesse ir daqui até Belém poderia apanhar o 727, que é um autocarro que liga a Avenida de Roma ao Restelo.
Não sei se conhece o percurso deste último transporte público (entrei agora no metro para o Rato), mas é uma ligação directa entre o local onde o senhor costumava deslocar-se para as reuniões na Assembleia Municipal e o Palácio onde funciona a Presidência da República.
Se quiser fazer este percurso ao fim-de-semana, esqueça: o 727 só anda entre o Saldanha e Restelo. Houve uma altura em que se podia apanhar o comboio que termina na estação de Alcântara e que passa também pela estação Roma- Areeiro (agora uma pausa, pois vou sair no Rato), mas esse também foi suprimido ao fim-de-semana. (Cheguei agora à paragem do 727, em frente à sede do PS. São 13h07 e a placa indicadora da hora do próximo autocarro diz que deverá chegar aqui dentro de 10 minutos.
De acordo com o horário oficial, está apenas atrasado 4 minutos). Eu há muito que sigo os seus conselhos: deixei de fumar e, mesmo que quisesse, já ninguém me dá crédito. Não tenho viatura própria e desloco-me diariamente de transportes públicos. Sou o homem português ideal para si, com a excepção de não votar socialista. (Dei agora uma corrida para apanhar o 738. Aproveito e saio a meio da Infante Santo, perto da Travessa do Possolo, onde mora o Cavaco).
Devo dizer-lhe, senhor primeiro-ministro, que sou até mais radical do que a esquerda que o apoia. Para mim, um maço de tabaco deveria custar acima dos 10 euros, dinheiro esse que deveria ir para o ministério da Saúde e Cultura – por causa da malta de esquerda que se identifica facilmente pelos Gauloises. Já o dinheiro da gasolina deveria ser usado para subsidiar a Ciência na busca de energias alternativas.
E tenho ainda ideias para restringir o uso de carros dentro das cidades. E olhe que não passam por remodelações na Segunda Circular.
São coisas muito simples e que qualquer presidente de Câmara de Lisboa poderia colocar em prática (cheguei agora à Infante Santo. São 13h20. Como tenho um saco com compras, vou-me sentar no banquinho da paragem para acabar esta crónica).
Dizia eu que tenho algumas ideias para restringir o uso de viaturas particulares e fomentar os transportes públicos. Primeiro: acabar com os buracos na cidade. O último presidente não conseguiu fazer isso e, apesar de não ter sido eleito para chefe de Governo, é agora o primeiro-ministro (que coincidência! É o mesmo cargo que o senhor também ocupa de momento!).
Ora, depois de acabar com os buracos, deveria criar-se espaços de estacionamento na entrada de Lisboa e fazer uma ligação com os transportes públicos, com preços atrativos. Ainda há dias me falaram de um projecto de aproveitar perto de 4 mil lugares de estacionamento nos estádios de Alvalade e Luz. Seriam uma hipótese, embora se possa pensar noutras alternativas. Depois, que tal mandar arranjar as escadas rolantes no metro?
É sempre uma lotaria adivinhar quando é que estão ou não a funcionar. Já viu quantas vezes o elevador em frente à sede do PS está parado para reparações?
Proponho ainda que haja autocarros mais pequenos, mas em intervalos mais curtos. E que haja informação permanente e actual da hora de chegada. E que as linhas cheguem a todos pontos da cidade, mesmo aqueles onde hoje dizem que não há um volume de clientes que justifiquem a sua existência (é uma autêntica pescadinha de rabo na boca, pois se hoje não há clientes para ali, tal também se deve ao facto de, como acontece durante a semana na estação de comboios de Alcântara, só haver transportes de meia em meia-hora).
Por isso, caro senhor primeiro-ministro, se não fuma e não compra a crédito, experimente ir também da Estrela a Belém de transportes públicos para as reuniões semanais com o Presidente Marcelo!
Frederico Duarte Carvalho,
Jornalista e escritor
Publicado em: 11/02/2016 - 14:46:54
OJE.pt
São 12h55 e faltam 3 minutos e 30 segundos para chegar a composição que me levará ao Rato, que é a sede do PS. Aí chegado vou apanhar um autocarro até à Estrela, perto da sua residência oficial. Se quisesse ir daqui até Belém poderia apanhar o 727, que é um autocarro que liga a Avenida de Roma ao Restelo.
Não sei se conhece o percurso deste último transporte público (entrei agora no metro para o Rato), mas é uma ligação directa entre o local onde o senhor costumava deslocar-se para as reuniões na Assembleia Municipal e o Palácio onde funciona a Presidência da República.
Se quiser fazer este percurso ao fim-de-semana, esqueça: o 727 só anda entre o Saldanha e Restelo. Houve uma altura em que se podia apanhar o comboio que termina na estação de Alcântara e que passa também pela estação Roma- Areeiro (agora uma pausa, pois vou sair no Rato), mas esse também foi suprimido ao fim-de-semana. (Cheguei agora à paragem do 727, em frente à sede do PS. São 13h07 e a placa indicadora da hora do próximo autocarro diz que deverá chegar aqui dentro de 10 minutos.
De acordo com o horário oficial, está apenas atrasado 4 minutos). Eu há muito que sigo os seus conselhos: deixei de fumar e, mesmo que quisesse, já ninguém me dá crédito. Não tenho viatura própria e desloco-me diariamente de transportes públicos. Sou o homem português ideal para si, com a excepção de não votar socialista. (Dei agora uma corrida para apanhar o 738. Aproveito e saio a meio da Infante Santo, perto da Travessa do Possolo, onde mora o Cavaco).
Devo dizer-lhe, senhor primeiro-ministro, que sou até mais radical do que a esquerda que o apoia. Para mim, um maço de tabaco deveria custar acima dos 10 euros, dinheiro esse que deveria ir para o ministério da Saúde e Cultura – por causa da malta de esquerda que se identifica facilmente pelos Gauloises. Já o dinheiro da gasolina deveria ser usado para subsidiar a Ciência na busca de energias alternativas.
E tenho ainda ideias para restringir o uso de carros dentro das cidades. E olhe que não passam por remodelações na Segunda Circular.
São coisas muito simples e que qualquer presidente de Câmara de Lisboa poderia colocar em prática (cheguei agora à Infante Santo. São 13h20. Como tenho um saco com compras, vou-me sentar no banquinho da paragem para acabar esta crónica).
Dizia eu que tenho algumas ideias para restringir o uso de viaturas particulares e fomentar os transportes públicos. Primeiro: acabar com os buracos na cidade. O último presidente não conseguiu fazer isso e, apesar de não ter sido eleito para chefe de Governo, é agora o primeiro-ministro (que coincidência! É o mesmo cargo que o senhor também ocupa de momento!).
Ora, depois de acabar com os buracos, deveria criar-se espaços de estacionamento na entrada de Lisboa e fazer uma ligação com os transportes públicos, com preços atrativos. Ainda há dias me falaram de um projecto de aproveitar perto de 4 mil lugares de estacionamento nos estádios de Alvalade e Luz. Seriam uma hipótese, embora se possa pensar noutras alternativas. Depois, que tal mandar arranjar as escadas rolantes no metro?
É sempre uma lotaria adivinhar quando é que estão ou não a funcionar. Já viu quantas vezes o elevador em frente à sede do PS está parado para reparações?
Proponho ainda que haja autocarros mais pequenos, mas em intervalos mais curtos. E que haja informação permanente e actual da hora de chegada. E que as linhas cheguem a todos pontos da cidade, mesmo aqueles onde hoje dizem que não há um volume de clientes que justifiquem a sua existência (é uma autêntica pescadinha de rabo na boca, pois se hoje não há clientes para ali, tal também se deve ao facto de, como acontece durante a semana na estação de comboios de Alcântara, só haver transportes de meia em meia-hora).
Por isso, caro senhor primeiro-ministro, se não fuma e não compra a crédito, experimente ir também da Estrela a Belém de transportes públicos para as reuniões semanais com o Presidente Marcelo!
Frederico Duarte Carvalho,
Jornalista e escritor
Publicado em: 11/02/2016 - 14:46:54
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