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O Baixo Alentejo existe?
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O Baixo Alentejo existe?
Tenho a honra de ser amigo do Florival Baiôa Monteiro e de continuar, sempre, a ser seu aluno. E, estou convicto que, se Beja tivesse mais dúzia e meia de pessoas como ele, poderia aspirar a ser uma cidade! Numa terra tão prozac, o Baiôa é uma espécie de viagra e recorda-nos que podemos, em qualquer idade, ter a energia, o vigor e a perseverança que apenas se tem na juventude.
Por tudo, foi-me doloroso declinar o convite para estar presente no lançamento do Manifesto Baixo Alentejo Existe. Até porque, ao seu lado, sentaram-se pessoas que admiro há muitos anos (José Pedro Fernandes, Jorge Serafim, Paulo Barriga, entre outros) e outras de quem gosto genuinamente. E sei bem como é difícil lutar por convicções, numa cidade que é apaixonada pela mediocridade e que tem orgasmos com a maledicência, que se encanta com pão (vinho) e circo (mesmo quando o circo, cada vez tem pior qualidade). E, também por isso, respeito a sua coragem!
Porque quem não desiste de lutar, nunca perde. Mas, e recorro a Saramago, “não dou alvíssaras, já paguei demasiado caras as minhas ilusões”.
Porque, se mens agit molem, nem toda a resiliência é passível de abanar as consciências dos amorfos e dos obcecados com o seu pequeno umbigo… Com efeito, traduzimos erroneamente o aforismo de Kennedy, e não perguntamos o que podemos fazer pela nossa cidade, mas o que a nossa cidade pode fazer por nós.
Permita-me o leitor um momento Henrique Raposo, porque a provocação é das mais eficazes ferramentas de retórica e todo o Sócrates precisa de um Aristófanes: ainda faz sentido agarrarmo-nos ao conceito de Baixo Alentejo ou corremos o risco de, tal como o filósofo que embevecido a contemplar o céu, não percebemos que caímos num buraco?
Olho para a minha geração, a geração com quem aprendi e os que me seguiram e constato, com tristeza, que saíram quase todos os melhores, ficando quase apenas os menos capazes, os mais resignados e, um ou outro talento a quem a cidade ainda cortou a capacidade de perceber que o sonho comanda a vida.
Porque, quando tudo muda, não podemos insistir em acreditar que é possível tomar banho duas vezes no mesmo rio.
Por ingratas que sejam, as perguntas exigem--se: num mundo cada vez mais global, ainda faz sentido ficarmos agarrados ao nosso bairro? Podemos continuar a pensar o desenvolvimento regional, numa base municipal (sobrepondo iniciativas, mimetizando-nos uns aos outros)? Ainda se justifica lutar por um politécnico de província?
Espartilhar o Alentejo em Baixo, Alto e Litoral? Ou, pelo contrário, será este o tempo de esquecer aquilo que nos afasta para nos concentrarmos naquilo que nos une? Reconhecer que cada vez somos menos, que cada vez somos piores, pelo que, é urgente começarmos a gritar a uma só voz, juntando sinergias, trilhando um caminho que apenas será frutuoso se debulhado em conjunto? Porque, se queremos ser grandes, devemos ser inteiros, nada nosso exagera ou exclui.
Não sou ingénuo e sei bem que (as palavras) não são inócuas, e que estas podem magoar pessoas de quem tanto gosto; mas, de que adianta uma pessoa ganhar o mundo inteiro e perder a alma.
19/03/2016
09:34
Hugo Lança
Doutor em Direito
Diário do Alentejo
Por tudo, foi-me doloroso declinar o convite para estar presente no lançamento do Manifesto Baixo Alentejo Existe. Até porque, ao seu lado, sentaram-se pessoas que admiro há muitos anos (José Pedro Fernandes, Jorge Serafim, Paulo Barriga, entre outros) e outras de quem gosto genuinamente. E sei bem como é difícil lutar por convicções, numa cidade que é apaixonada pela mediocridade e que tem orgasmos com a maledicência, que se encanta com pão (vinho) e circo (mesmo quando o circo, cada vez tem pior qualidade). E, também por isso, respeito a sua coragem!
Porque quem não desiste de lutar, nunca perde. Mas, e recorro a Saramago, “não dou alvíssaras, já paguei demasiado caras as minhas ilusões”.
Porque, se mens agit molem, nem toda a resiliência é passível de abanar as consciências dos amorfos e dos obcecados com o seu pequeno umbigo… Com efeito, traduzimos erroneamente o aforismo de Kennedy, e não perguntamos o que podemos fazer pela nossa cidade, mas o que a nossa cidade pode fazer por nós.
Permita-me o leitor um momento Henrique Raposo, porque a provocação é das mais eficazes ferramentas de retórica e todo o Sócrates precisa de um Aristófanes: ainda faz sentido agarrarmo-nos ao conceito de Baixo Alentejo ou corremos o risco de, tal como o filósofo que embevecido a contemplar o céu, não percebemos que caímos num buraco?
Olho para a minha geração, a geração com quem aprendi e os que me seguiram e constato, com tristeza, que saíram quase todos os melhores, ficando quase apenas os menos capazes, os mais resignados e, um ou outro talento a quem a cidade ainda cortou a capacidade de perceber que o sonho comanda a vida.
Porque, quando tudo muda, não podemos insistir em acreditar que é possível tomar banho duas vezes no mesmo rio.
Por ingratas que sejam, as perguntas exigem--se: num mundo cada vez mais global, ainda faz sentido ficarmos agarrados ao nosso bairro? Podemos continuar a pensar o desenvolvimento regional, numa base municipal (sobrepondo iniciativas, mimetizando-nos uns aos outros)? Ainda se justifica lutar por um politécnico de província?
Espartilhar o Alentejo em Baixo, Alto e Litoral? Ou, pelo contrário, será este o tempo de esquecer aquilo que nos afasta para nos concentrarmos naquilo que nos une? Reconhecer que cada vez somos menos, que cada vez somos piores, pelo que, é urgente começarmos a gritar a uma só voz, juntando sinergias, trilhando um caminho que apenas será frutuoso se debulhado em conjunto? Porque, se queremos ser grandes, devemos ser inteiros, nada nosso exagera ou exclui.
Não sou ingénuo e sei bem que (as palavras) não são inócuas, e que estas podem magoar pessoas de quem tanto gosto; mas, de que adianta uma pessoa ganhar o mundo inteiro e perder a alma.
19/03/2016
09:34
Hugo Lança
Doutor em Direito
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