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A arte de saber calar
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A arte de saber calar
Num mundo dominado pelos eufemismos, sobretudo na política, a incontinência verbal paga-se cara. Mas a promessa de um par de bofetadas é demasiado directa para ficar aberta a muitas interpretações.
Achei interessante o contraste dos últimos dias entre a imensa opacidade dos paraísos fiscais e a incontrolável transparência das redes sociais, que amplificaram os excessos verbais do ex-ministro da cultura e precipitaram a sua demissão.
Num mundo dominado pelos eufemismos, sobretudo na política, a incontinência verbal paga-se cara. Estamos habituados a que as palavras pronunciadas pelos políticos adoptem significados diferentes em função do momento, do contexto e, sobretudo, do interesse. Mas a promessa de um par de bofetadas é demasiado direta para ficar aberta a muitas interpretações.
As imposturas não se toleram facilmente numa sociedade cada vez mais estetizada, provavelmente como consequência da procura de um contrapeso, no mínimo formal, à insubstancialidade dominante. A política é hoje mais um bem de consumo e, quando se observam anomalias ou desvios no funcionamento previsto, nomeadamente durante o período de garantia, o elemento defeituoso tem que ser rapidamente trocado para evitar contágios e danos reputacionais. Na política, como nas matemáticas, o que não está totalmente correto está mal, nas palavras de Edward Kennedy.
A institucionalidade exigida aos políticos no exercício das suas funções não condiz com arrebatos emocionais que, noutros ambientes, poderiam ser inócuos. O exercício do poder exige um controlo emocional que transmita à cidadania uma disciplina de ânimo que capacite os políticos para superar os supostos desafios exigidos pelo seu cargo. E, como este caso demonstra, esse poder é como um explosivo que, quando mal gerido, acaba por explodir nas próprias mãos.
Nas empresas e na política, é importante saber andar com a cabeça fria, o coração quente e a mão estendida, para procurar consensos e desvalorizar as provocações muitas vezes mefistofélicas, cuidadosamente desenhadas para explorar as fragilidades humanas. Temos que saber calar, falar menos e conversar mais.
A explosão dos smartphones e das redes sociais coíbem o diálogo e fomentam um discurso banal, sem contrapontos, muitas vezes poluído pela emoção do momento e sem capacidade de modulação com a reação de um interlocutor que é anónimo e distante. Mais que a ausência de ruído, o silêncio denota a disciplina do ego de quem o sabe promover e controlar. Mas vivemos dominados por um narcisismo generalizado e fútil que, quando posto em causa, parece que só merece um par de bofetadas.
O autor escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.
00:05 h
Xavier Rodríguez Martín, Gestor
Económico
Achei interessante o contraste dos últimos dias entre a imensa opacidade dos paraísos fiscais e a incontrolável transparência das redes sociais, que amplificaram os excessos verbais do ex-ministro da cultura e precipitaram a sua demissão.
Num mundo dominado pelos eufemismos, sobretudo na política, a incontinência verbal paga-se cara. Estamos habituados a que as palavras pronunciadas pelos políticos adoptem significados diferentes em função do momento, do contexto e, sobretudo, do interesse. Mas a promessa de um par de bofetadas é demasiado direta para ficar aberta a muitas interpretações.
As imposturas não se toleram facilmente numa sociedade cada vez mais estetizada, provavelmente como consequência da procura de um contrapeso, no mínimo formal, à insubstancialidade dominante. A política é hoje mais um bem de consumo e, quando se observam anomalias ou desvios no funcionamento previsto, nomeadamente durante o período de garantia, o elemento defeituoso tem que ser rapidamente trocado para evitar contágios e danos reputacionais. Na política, como nas matemáticas, o que não está totalmente correto está mal, nas palavras de Edward Kennedy.
A institucionalidade exigida aos políticos no exercício das suas funções não condiz com arrebatos emocionais que, noutros ambientes, poderiam ser inócuos. O exercício do poder exige um controlo emocional que transmita à cidadania uma disciplina de ânimo que capacite os políticos para superar os supostos desafios exigidos pelo seu cargo. E, como este caso demonstra, esse poder é como um explosivo que, quando mal gerido, acaba por explodir nas próprias mãos.
Nas empresas e na política, é importante saber andar com a cabeça fria, o coração quente e a mão estendida, para procurar consensos e desvalorizar as provocações muitas vezes mefistofélicas, cuidadosamente desenhadas para explorar as fragilidades humanas. Temos que saber calar, falar menos e conversar mais.
A explosão dos smartphones e das redes sociais coíbem o diálogo e fomentam um discurso banal, sem contrapontos, muitas vezes poluído pela emoção do momento e sem capacidade de modulação com a reação de um interlocutor que é anónimo e distante. Mais que a ausência de ruído, o silêncio denota a disciplina do ego de quem o sabe promover e controlar. Mas vivemos dominados por um narcisismo generalizado e fútil que, quando posto em causa, parece que só merece um par de bofetadas.
O autor escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.
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