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O risco do risco
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O risco do risco
A criação de uma lei específica para eliminar um risco ao CaixaBank foi um acto de prepotência. Resta saber quanto é que isso irá custar a Portugal, porque vencedor foi só um: o banco espanhol.
“Na cama que farás, nela te deitarás”, diz e bem o sábio ditado popular sobre as consequências de cada uma das decisões que tomamos, contudo há quem faça camas de trapos e quando as coisas correm mal se queira deitar em berços de ouro.
O risco é parte integral da vida, diz Warren Buffett, para mim o melhor investidor do mundo. “O risco advém de não sabermos o que estamos a fazer”: o célebre “oráculo de Omaha” refere-se ao risco do risco, porque o risco em si é tão omnipresente que não é causa de preocupação, agora a incompetência na sua gestão pode ser avassaladora. É isso que comprovam sem qualquer margem para dúvidas os falhanços na gestão do risco e de supervisão dos casos BPN, BPP, BES/GES, Banif, PT e Swaps, que muito caro saíram aos contribuintes e aos pequenos investidores.
Mas há outro que está por estes dias em primeiro plano: o BPI e as relações com Angola. É sabido que a PT/Oi reclama há vários anos cerca de 250 milhões de euros em dividendos da Unitel, que o BPI não recebe os dividendos do BFA de 2013 e 2014, e que o Novo Banco ainda tem por receber mais de 300 milhões do acordo firmado já depois do BES ter assumido cerca de três mil milhões de perdas com o BESA.
Acusam Isabel dos Santos de ser prepotente quando, na realidade, a empresária angolana é a única que nunca se desviou daquilo tinha ao seu alcance poder fazer. Quando uma PT ou um BPI se lança para Angola conhece, ou tem obrigação de conhecer, toda a envolvência de risco do país, a sua situação económica e a concentração do poder num núcleo restrito de personalidades, algo que sempre esteve bem à vista até do cidadão menos informado.
É óbvio que a haver conflitos entre accionistas portugueses e angolanos sobre património em Angola, o poder negocial estará quase todo do lado angolano, contudo a ganância bacoca do aparente lucro fácil fez com que tratassem o negócio em Angola como outro qualquer, sem ponderar as suas implicações específicas ao nível do risco e alavancando-o, mas sem nunca existir qualquer garantia de retorno do capital investido.
Soube muito bem aos accionistas do BPI, CaixaBank em particular, receber quase todo o seu lucro devido ao negócio em Angola, porém agora não querem assumir a realidade de um risco que esteve sempre em cima da mesa. Ao contrário do que é acusada, Isabel dos Santos não é prepotente em Portugal, tudo o que fez ocorreu porque lhe foi permitido. Nomeadamente a compra da posição da Efacec financiada por quatro empréstimos de bancos nacionais, onde a CGD está incluída. Mas não só, a empresária tem hoje várias posições de controlo directas ou indirectas, nomeadamente na NOS, BCP, BIC e Galp.
A grande questão a colocar é com que capital tem a empresária “investido” em Portugal, porque, na realidade, grande parte do intitulado investimento é financiado com capitais existentes em Portugal e isso ocorre porque lhe é permitido fazer e porque ela, ao contrário dos seus acusadores, sabe muito bem gerir o seu risco, reduzindo os capitais próprios aos mínimos possíveis e redistribuindo o risco por outros financiadores.
Bem pior fizeram alguns accionistas do BCP, sendo Berardo o mais conhecido, que há quase uma década recorreram a um financiamento superior a 500 milhões da CGD para a aquisição de acções do banco. Com os enormes prejuízos para a CGD que se conhecem, quem fez a gestão desse risco dentro do banco? E quem o autorizou superiormente?
Em suma, Isabel dos Santos faz o que um bom gestor faria. O erro está em quem, cego pela ganância ou simplesmente negligente, se lança a si e à empresa que preside de cabeça num poço de risco sem fundo porque, no final do dia, de nada vale um negócio de milhões quando nem sequer podemos recolher tostões.
Aliás é essa e não outra a razão pela qual os grandes grupos económicos mundiais se abstêm de investir em alguns países, pelo risco, porque simplesmente não compensa. Não é pelo brilhantismo da PT, BES ou do BPI que estas investiram em Angola sem concorrência, foi por serem os únicos displicentes o suficiente para o fazerem da forma como o fizeram e foi principalmente por terem beneficiado da autorização de um sistema que hoje acusam de ser autoritário.
Autoritária foi a criação de uma lei específica para eliminar um risco ao CaixaBank. Esse, sim, foi um acto de prepotência, resta saber quanto é que isso irá custar a Portugal, porque vencedor foi só um, o banco espanhol, que durante vários anos comprou títulos a preços mais baratos devido à blindagem dos votos e que, num acto de magia, fica a um pequeno passo de controlar o banco com um custo muito inferior ao justo.
00:05 h
Marco Silva, Analista Financeiro
Económico
“Na cama que farás, nela te deitarás”, diz e bem o sábio ditado popular sobre as consequências de cada uma das decisões que tomamos, contudo há quem faça camas de trapos e quando as coisas correm mal se queira deitar em berços de ouro.
O risco é parte integral da vida, diz Warren Buffett, para mim o melhor investidor do mundo. “O risco advém de não sabermos o que estamos a fazer”: o célebre “oráculo de Omaha” refere-se ao risco do risco, porque o risco em si é tão omnipresente que não é causa de preocupação, agora a incompetência na sua gestão pode ser avassaladora. É isso que comprovam sem qualquer margem para dúvidas os falhanços na gestão do risco e de supervisão dos casos BPN, BPP, BES/GES, Banif, PT e Swaps, que muito caro saíram aos contribuintes e aos pequenos investidores.
Mas há outro que está por estes dias em primeiro plano: o BPI e as relações com Angola. É sabido que a PT/Oi reclama há vários anos cerca de 250 milhões de euros em dividendos da Unitel, que o BPI não recebe os dividendos do BFA de 2013 e 2014, e que o Novo Banco ainda tem por receber mais de 300 milhões do acordo firmado já depois do BES ter assumido cerca de três mil milhões de perdas com o BESA.
Acusam Isabel dos Santos de ser prepotente quando, na realidade, a empresária angolana é a única que nunca se desviou daquilo tinha ao seu alcance poder fazer. Quando uma PT ou um BPI se lança para Angola conhece, ou tem obrigação de conhecer, toda a envolvência de risco do país, a sua situação económica e a concentração do poder num núcleo restrito de personalidades, algo que sempre esteve bem à vista até do cidadão menos informado.
É óbvio que a haver conflitos entre accionistas portugueses e angolanos sobre património em Angola, o poder negocial estará quase todo do lado angolano, contudo a ganância bacoca do aparente lucro fácil fez com que tratassem o negócio em Angola como outro qualquer, sem ponderar as suas implicações específicas ao nível do risco e alavancando-o, mas sem nunca existir qualquer garantia de retorno do capital investido.
Soube muito bem aos accionistas do BPI, CaixaBank em particular, receber quase todo o seu lucro devido ao negócio em Angola, porém agora não querem assumir a realidade de um risco que esteve sempre em cima da mesa. Ao contrário do que é acusada, Isabel dos Santos não é prepotente em Portugal, tudo o que fez ocorreu porque lhe foi permitido. Nomeadamente a compra da posição da Efacec financiada por quatro empréstimos de bancos nacionais, onde a CGD está incluída. Mas não só, a empresária tem hoje várias posições de controlo directas ou indirectas, nomeadamente na NOS, BCP, BIC e Galp.
A grande questão a colocar é com que capital tem a empresária “investido” em Portugal, porque, na realidade, grande parte do intitulado investimento é financiado com capitais existentes em Portugal e isso ocorre porque lhe é permitido fazer e porque ela, ao contrário dos seus acusadores, sabe muito bem gerir o seu risco, reduzindo os capitais próprios aos mínimos possíveis e redistribuindo o risco por outros financiadores.
Bem pior fizeram alguns accionistas do BCP, sendo Berardo o mais conhecido, que há quase uma década recorreram a um financiamento superior a 500 milhões da CGD para a aquisição de acções do banco. Com os enormes prejuízos para a CGD que se conhecem, quem fez a gestão desse risco dentro do banco? E quem o autorizou superiormente?
Em suma, Isabel dos Santos faz o que um bom gestor faria. O erro está em quem, cego pela ganância ou simplesmente negligente, se lança a si e à empresa que preside de cabeça num poço de risco sem fundo porque, no final do dia, de nada vale um negócio de milhões quando nem sequer podemos recolher tostões.
Aliás é essa e não outra a razão pela qual os grandes grupos económicos mundiais se abstêm de investir em alguns países, pelo risco, porque simplesmente não compensa. Não é pelo brilhantismo da PT, BES ou do BPI que estas investiram em Angola sem concorrência, foi por serem os únicos displicentes o suficiente para o fazerem da forma como o fizeram e foi principalmente por terem beneficiado da autorização de um sistema que hoje acusam de ser autoritário.
Autoritária foi a criação de uma lei específica para eliminar um risco ao CaixaBank. Esse, sim, foi um acto de prepotência, resta saber quanto é que isso irá custar a Portugal, porque vencedor foi só um, o banco espanhol, que durante vários anos comprou títulos a preços mais baratos devido à blindagem dos votos e que, num acto de magia, fica a um pequeno passo de controlar o banco com um custo muito inferior ao justo.
00:05 h
Marco Silva, Analista Financeiro
Económico
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